quinta-feira, 21 de julho de 2011

Fotografia e criatividade

* Por Mariana Simom para o Fotografia DG

Há muitos fotógrafos bons, mas a quantidade de “despreparados” – vazios, travados, desnecessários, sem criatividade – é impressionante. Culpa da capacitação? Ou será que o vínculo de hobby da fotografia gera esse comodismo? Tanto faz, o importante é sair da zona de conforto.

O que difere uma fotografia boa de uma ruim não é apenas o fator criatividade, mas sem ele uma foto já nasce fraca. Ideias transformam fotografias, e todos deveriam saber disso, não é questão de “sorte”. A criatividade não é vendida na farmácia e também não é uma função das câmeras digitais, porém qualquer um está apto a desenvolver o processo criativo na fotografia, e ele nem é tão doloroso quanto parece.

Muita gente ainda relaciona o termo fotografia criativa somente às imagens publicitárias, já que o meio publicitário costuma buscar nas ideias inovação, destaque, ressurgir entre tanta poluição comunicacional. O pensamento parece lógico, mas é bem limitado, considerando que a criatividade pode existir até no fotojornalismo: espontâneo, diário, ou seja, não é uma característica das produções.

Em tempo, aqui a diferença entre ideia e criatividade é a ação. Não adianta a motivação sem a execução, então a ideia é o gerador, a vontade, o enredo, o universo. E quando essa ideia passa do estado mental para o real, evolui e é efetivada com conhecimento, de um modo que desestrutura a fórmula convencional e mesmo dentre a multiplicidade de possibilidades é capaz de surpreender.

Desconstrua

É um ótimo modo de treinar o olhar. O exercício é bem simples: escolha uma foto e tente aspirar o fator motivador. O que rende a famosa frase “isto daria uma boa foto”? Mesmo diante da interpretação pessoal essa avaliação é capaz de proporcionar ideias fabulosas.

Explore

Aproveite a disponibilidade da internet, investigue o trabalho dos seus artistas preferidos (biografia, fotos, conceitos, identidade, métodos, conduta profissional), conheça outros, visite exposições, eventos e bibliotecas, busque tutoriais, descubra técnicas novas, aprenda e não pare de fazer isso.

Inspire-se o tempo todo

Altere a sua rotina, experimente novos caminhos, ambientes, luzes, perspectivas, objetivas, regras, modelos, revire os hábitos… Arrisque. Não tenha medo de desenvolver ideias.

Estabeleça contato

Converse com outros fotógrafos, compartilhe suas ideias, imagens, faça um intercâmbio de experiências. Deixe o individualismo da fotografia para a hora de fazer a foto.

Fotografe com critério

Não fique com o dedo no disparador o tempo todo, não clique feito um louco. Pense, elabore, destine a atenção necessária a cada fotografia feita.

Desenvolva projetos

Nada melhor do que estabelecer parâmetros contínuos, projetos são interessantes se mantém uma disciplina de criação e desenvolvimento. Daqueles que costumam durar anos, mas apresentam um resultado satisfatório, estimado e, sobretudo admirável.

Faça o que ninguém fez o quanto antes, ou faça o que já foi feito, mas de uma forma totalmente distinta. O mercado para fotografias de casamento transbordou e nasceu o “Trash the dress”, e então esse também se tornou comum e abriu espaço para uma modalidade que preza o vestido de casamento e a cerimônia anos depois do acontecimento, tira o vestido empoeirado do armário e reestabelece um momento repleto de sentimentos e emoções. A tendência talvez seja fotografar divórcios, manias do casal, a rotina, enfim, sendo criativo o fotógrafo preenche alguma lacuna, resolve um problema, cria um problema… Inova e ainda torna tudo isso lucrativo, seja no quesito diversão ou valorização do trabalho.