quarta-feira, 9 de abril de 2014

Audiolivros

Por Universidade Falada

O que prende mais a sua atenção: ler um livro ou escutá-lo? Os mais tradicionais diriam ler um livro. Mas um audiolivro também pode entreter muito, desde que seu conteúdo seja interessante e a narração, boa. Ela (a narração) está para o audiolivro assim como a edição ou a tradução estão para uma obra-prima da literatura. O mercado brasileiro que se forma em torno dessa nova mídia quer aliar títulos famosos a vozes conhecidas. Entre os audiolivros mais vendidos, das poucas editoras especializadas que atuam no país, estão obras-primas e best-sellers, grande parte narrada por atores, personalidades ou os próprios autores, como Antônio Fagundes, Nelson Motta, Ana Maria Braga, Glória Kalil e Marília Pêra.

Eles têm de se exercitar: não podem fazer nem uma leitura muito teatral, nem muito distante. Ela deve ser suficiente. O audiolivro é um bom presente para o Natal: custa barato (cerca de R$ 25) e parece ser a aposta do mercado editorial para os próximos anos. “O principal fator que move esse consumidor é a falta de tempo”, diz Sandra Silvério, diretora da Livro Falante. Ela vendeu uma editora de revistas em 2004 para investir tudo no novo mercado e hoje tem 20 títulos. Em sua visão, se ficar no trânsito é inevitável, dedique esse “tempo perdido” à necessidade e ao prazer de ler. “Uma boa história ou um assunto interessante pode entreter completamente um motorista que, sem uma distração, poderia ficar bastante angustiado num congestionamento”, diz Sandra. Há aqueles que adotaram o novo formato para usar em academias, no ônibus, na fila do banco, enquanto corre no parque ou na espera no aeroporto. Parece não importar muito o local: a portabilidade que o audiolivro oferece é muito maior que a de um livro. Pessoas com dificuldade de leitura, que usam óculos ou são idosas, também contam com essa alternativa. Não se trata, aqui, apenas de audiolivros sobre temas religiosos (a Bíblia falada ou espíritas) ou infantis (quem se lembra das historinhas em fitas cassete das décadas de 70 e 80?), mas de títulos procurados por leitores assíduos ou estudantes.

O fato do livro constar da lista de muitos vestibulares também aumenta sua procura. Dos 12 audiolivros publicados pela editora, seis são da Coleção Vestibular e têm liderado as vendas. Também são muito procurados os que abordam concursos, negócios, finanças e economia doméstica. Se antigamente um audiolivro era caro – em fita cassete e, depois, na época em que o CD era caro – e geralmente impootado, hoje a tecnologia é muito mais barata. “Com a compressão de arquivos de áudio (em mp3, por exemplo) e a possibilidade de venda via download na internet, o custo para a venda de audiolivros caiu muito, e o Brasil pode deslanchar nesse sentido”, diz Sandra, da Livro Falante. É no que aposta Marco Giroto, dono da Audiolivro, que vende 50 mil títulos por mês e abriu a primeira audiolivraria brasileira, em São Paulo. “Começamos com sete títulos e três anos depois temos 100. Entre vendas e faturamento, o crescimento foi de 150% ao ano”, afirma o empresário, que tem a vontade de fundar a Associação de Editoras de Audiolivros em Língua Portuguesa, em que farão parte editoras do Brasil e Portugal, para que dados de mercado sejam apurados. Hoje, nem a Câmara Brasileira do Livro nem a Agência Brasileira do ISBN (da Fundação Biblioteca Nacional) possuem dados de quantos audiolivros são comercializados no país. Nos Estados Unidos, onde esse mercado é maduro (bem como na Inglaterra e na Alemanha), o hábito de escutar livros é muito mais apurado que no Brasil. Uma pesquisa feita pela Audio Publishers Association (APA) em 2008 mostrou que 28% dos americanos haviam escutado audiolivros no ano anterior, em que o volume de vendas com o produto passou de US$ 1 bilhão. Esses leitores são consumidores assíduos de livros impressos: 92% disseram ter lido livros no mesmo período e um terço deles leu 16 ou mais títulos. “O audiolivro não vai concorrer com o livro impresso”, diz Cristina Albuquerque, diretora de operações da Plugme, novo braço da Ediouro dedicado ao audiolivro e criado em setembro de 2008. Até o fim de 2009, terá lançado 50 títulos em CD e 70 para downloads. “Os americanos têm 50 mil títulos de audiolivro à disposição na Amazon e várias lojas especializadas, algumas delas até alugam pela web”, afirma Cristina, que lança os audiolivros na internet antes de levá-los às livrarias. Os números prometem no Brasil. De acordo com o estudo “Retratos da Leitura no Brasil”, feito pelo Instituto Pró Livro no ano passado, 3% da população brasileira que lê (95, 6 milhões) aderiram ao audiolivro. Pode ser uma pequena porcentagem, mas representa 2,8 milhões de pessoas. É animador.

A produção consumirá oito meses e o lançamento está prometido para fevereiro. Segundo Paulo Lago, diretor da editora Nossa Cultura, que tem 43 títulos, 2009 foi o ano de transição. “A visibilidade do produto aumentou nas livrarias, que hoje já destinam um espaço especial para esse formato. A entrada de outros grandes grupos editoriais brasileiros nesse segmento também ajudou na divulgação do formato”, afirma. Em dezembro, a editora lancará O Tigre Branco, do escritor indiano Aravind Adiga e que foi eleito o melhor audiolivro de 2009 nos Estados Unidos pela APA. É um caminho, também, para atrair a atenção de não-leitores para o hábito de ler.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Leitura dinâmica

por Pedro Katchborian para YouPix

Quantos livros você já deixou de ler por falta de tempo? Alguns, né? Mas os seus problemas podem acabar em breve. Spritz é uma empresa americana que trabalha com uma tecnologia diferente de tudo o que você já viu por aí. Ele faz você ler livros em até 1.000 palavras por minuto.

Como ele consegue isso? Fazendo com que você não mova os seus olhos para ler — as palavras aparecem rapidamente na tela, com a letra que é o seu “ponto de fixação” em vermelho. Depois que os seus olhos veem esse “ponto de fixação”, o seu cérebro processa o significado da palavra. Só vendo mesmo como funciona pra entender. Saca só isso que maluco:

250 palavras por minuto:



350 palavras por minuto:



500 palavras por minuto:



Esse ritmo frenético ainda pode dobrar e chegar até a 1.000 palavras. Mas a tendência é que com o tempo você pode se acostumar e ler isso com tranquilidade, o que significa que você poderia ler um livro de 300 páginas em pouco mais de 1 hora. Você poderia até ler a Bíblia em 13 horas.

O aplicativo gerou bastante repercussão — e nem todo mundo curtiu essa loucura da leitura rápida. Há os que defendem o romantismo da leitura de um livro da forma convencional, que demora e é possível interpretar toda a diagramação e estrutura de parágrafos e tudo mais.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Biblioterapia

por Alex Botsaris para Uol

"A constatação que a leitura melhora alguns problemas é clinica. Ou seja, foi percebida nos pacientes, sem que houvesse uma ideia exata de como isso ocorria. O hábito de ler ajuda na atividade cerebral: lentifica as ondas cerebrais induzindo a um estado de mais relaxamento e estimula a memória; além da influência do conteúdo da leitura" Biblioterapia - "Não somente o ato de ler é benéfico, mas os conteúdos também são importantes para os resultados esperados. A prática da biblioterapia está em escolher conteúdos, tipos de texto, tamanho e ritmo de leitura, adequados, para o resultado esperado. Por exemplo, a leitura adequada para insônia é mais lenta e repetitiva. Não é adequado propor um texto excitante de um romance para isso. Por outro lado, muitas ficções romanceadas podem ajudar na elaboração de conflitos pessoais, e por isso estão indicadas em diferentes problemas psiquiátricos. Alguns psicóticos, como portadores de esquizofrenia, têm uma excelente adaptação a poesias e outros textos altamente simbólicos" Biblioterapia é um termo criado por médicos norte-americanos durante a Segunda Guerra Mundial. Nessa época psiquiatras que acompanhavam as tropas americanas notaram que os soldados feridos, que tinham acesso à leitura, e liam muito durante sua recuperação no hospital, tinham uma evolução melhor, em diferentes tipos de problemas de saúde, comparados àqueles que ficavam sem nada para fazer.

Baseados nessa observação, esses psiquiatras conseguiram um incentivo para dar acesso à leitura a todos os pacientes, ao mesmo tempo que começaram a investigar o efeito da leitura em alguns problemas psiquiátricos. Na sua investigação, soldados, que tinham um problema comum nas guerras, chamado estresse pós-traumático, também se beneficiaram da leitura de livros. Isso popularizou esse tratamento entre médicos militares.

Hoje em dia a VA (Veterans Administration) entidade que cuida da saúde dos militares norte-americanos possui um extenso manual de biblioterapia, com indicação para várias doenças psiquiátricas, além de disponibilizar biblioterapêutas para seus pacientes. No material da VA há indicação de uso da leitura específica para tratar depressão, ansiedade, distúrbio bipolar, transtorno obsessivo compulsivo, esquizofrenia, dependência química, programas de bem-estar, prevenção de várias doenças, distúrbios sexuais, e obviamente, em estresse pós-traumático.

Não só na experiência do VA, mas também em outros centros de pesquisa e universidades do mundo, o emprego da biblioterapia em psicologia e psiquiatria tem sido crescente. Entretanto, num segmento, o da a psicologia e psiquiatria infantil, essa técnica se revelou especialmente eficiente. Um dos pioneiros nessa área foi o psicólogo austríaco radicado nos Estados Unidos, Bruno Bettelheim, diretor por muitos anos do Instituto Sonia-Shankman para crianças psicóticas em Chicago. Ele descobriu o poder de histórias, mitos e jogos infantis sob o estado psicológico das crianças, e utilizava exclusivamente esses recursos no tratamento de seus pequenos pacientes, com resultados extraordinários.

Bettelheim costumava selecionar um grupo de mitos e histórias, conforme o histórico das crianças, que ia contando, até descobrir qual tinha mais impacto. Em geral os pacientes sinalizavam que gostariam de ouvir novamente a história que mais se encaixava em sua problemática – e então revisitando muitas vezes a mesma história e trabalhando seu conteúdo simbólico, Bettelheim conseguia que essas crianças elaborassem seus conflitos. Hoje em dia, quase todos terapeutas de crianças trabalham com essas técnicas em virtude do sucesso relatado por psicólogos e psiquiatras em todo mundo. Bruno Bettelheim nunca usou o termo biblioterapia, mas a sua técnica, sem dúvida está dentro desse conceito.

Por que ler traz bem-estar mental?

Os estudos recentes mostram que o tipo de simbolização (e imaginação) que as pessoas fazem quando leem um livro é muito diferente daquela gerada por um filme ou outro método audiovisual. A pessoa constrói as imagens livremente em sua imaginação de acordo com seu universo conceitual. Dessa forma, ela adapta o imaginário da leitura, às suas vivências, e pode elaborá-las de forma mais eficiente, que nas experiências com recursos que possuem imagem, como o cinema. Também a leitura permite que a pessoa releia certas partes do conteúdo diversas vezes, quando há uma motivação, o que não ocorre em outros tipos de mídia. Isso reforça a importância da leitura, e o porquê da sua não substituição total por outras formas de acesso a informação e ao conhecimento.

Biblioterapia tem sido proposta para o tratamento de vários outros problemas de saúde além das doenças psiquiátricas. Uma das áreas onde há um forte benefício para o emprego da leitura é nos distúrbios do sono. Numa época onde os meios eletrônicos se expandem cada vez mais, e há indícios que essa expansão possa ter relação com o aumento dos casos de insônia e distúrbios do sono, resgatar a importância da leitura para regularizar o ritmo do sono é um avanço.

Leitura à noite pode ajudar a combater insônia

Talvez a primeira referência do uso da leitura no tratamento de insônia seja a lenda das mil e uma noites. Nela a princesa Xerazade, estaria condenada a morrer, porque o Rei Persa Xariar mandava decapitar todas esposas na noite seguinte às núpcias temendo uma traição. Ela escapa da morte contando histórias que fazem o rei dormir. Ansiando para saber o final de cada história, e agradecido por ela ter resolvido sua dificuldade de dormir, ele poupa a vida da princesa dia após dia contabilizando mil e uma noites, até que ele desiste da execução. Hoje em dia muitos especialistas em sono têm recomendado aos portadores de insônia para evitar televisão e computador no final do dia, trocando pelas páginas de um bom livro. As evidências são que ler a noite ajuda a reduzir a atividade cerebral, o que auxilia a conciliar o sono.

Há ainda referências de que a leitura habitual auxilia a minimizar o distúrbio de memória do idoso, conhecido pela sigla ARMI (age related memory impairment). Durante a leitura há um estímulo específico no cérebro que ajuda na formação de sinapses numa estrutura cerebral chamada corpo caloso. Em geral quanto mais conexões através do corpo caloso, mais conexões de memória a pessoa tem, auxiliando esse processo. Outra forma que a leitura ajuda na memória é melhorando a qualidade do sono, já que a memória transitória se transforma em definitiva nesse período.

Para ter alguns benefícios da leitura, basta começar a ler um bom livro todos os dias. Mas quando se trata de um tratamento com biblioterapia, a estratégia é mais complexa, e exige uma participação fundamental do terapeuta. No tratamento o terapeuta escolhe os livros que o paciente vai ler – que ele conhece o conteúdo – para, em seguida, conversar sobre os conteúdos lidos. O paciente pode receber uma recomendação de reler o texto, em situações específicas. Ele pode também ser estimulado a escrever ou desenhar sobre os conteúdos lidos. As vezes o biblioterapeuta pode ler os conteúdos para o paciente.

Não somente o ato de ler é benéfico, mas os conteúdos também são importantes para os resultados esperados. A prática da biblioterapia está em escolher conteúdos, tipos de texto, tamanho e ritmo de leitura, adequados, para o resultado esperado. Por exemplo, a leitura adequada para insônia é mais lenta e repetitiva. Não é adequado propor um texto excitante de um romance para isso. Por outro lado, muitas ficções romanceadas podem ajudar na elaboração de conflitos pessoais, e por isso estão indicadas em diferentes problemas psiquiátricos. Alguns psicóticos, como portadores de esquizofrenia, têm uma excelente adaptação a poesias e outros textos altamente simbólicos.

No Brasil a biblioterapia ainda é muito incipiente. Alguns pesquisadores têm se interessado, mas a sua pratica é limitada pela falta de terapeutas treinados. Esperamos que em breve seja possível contar com mais essa ajuda para a saúde. Enquanto ela não vem, a solução é começar logo a ler um bom livro.

terça-feira, 1 de abril de 2014

O mercado de e-books no Brasil

Por Eduardo Gois



O mundo está em constante renovação, mudança de costumes e quebra de diversos paradigmas. Para muita gente, o velho e querido livro de cabeceira é item indispensável, mas também é grande o número de pessoas que não dispensam ter suas coleções favoritas disponíveis no celular, tablet e computador. O mercado de e-books é bastante otimista, além de ser um forte atrativo para o acesso da nova geração de leitores à literatura. Porém, o mercado ainda é algo relativamente novo e gera muitas dúvidas.

O vice-presidente da ANL - Associação Nacional de Livrarias e Gerente de Marketing das Editoras e Livrarias Santuário e Ideias & Letras, Augusto Mariotto Kater, define o mercado como um segmento, incerto e imerso entre luzes e sombras. Mas calma! Ele explica. "Há uma mudança comportamental na sociedade, que é transparecida na geração dos smartphones, do conhecimento rápido e prático que está fascinada por esse tipo de material. Essa mudança comportamental pode favorecer, e muito, o crescimento desse segmento. Isso são luzes", detalha. Segundo o executivo, o livro digital é uma tendência de mercado mais evidente a partir da virtualização das atividades. "Tudo hoje é virtual, até namoros, bate-papos, jogos, cinema.Livros, assim como as músicas, tendem cada vez mais a ir para o ambiente virtual e tecnológico", explica.

Kater afirma que é evidente e crescente o bom convívio entre as mídias: livro físico (tradicional), audio-livros e livros digitais. Na opinião dele, eles se complementam. Investir no livro digital parece ser um caminho natural necessário para acompanhar as evoluções comportamentais do leitor, mas na avaliação do vice-presidente da ANL, o desafio está em dosar esse investimento entendendo que há competição com empresas de tecnologia. "É importante associar e trabalhar a complementariedade das mídias, entendendo que o hábito de leitura é mais importante que a forma com que ele se manifesta. Um leitor assíduo sempre será um bom cliente para a editora e para a livraria", aponta. E quais são as sombras?

Kater revela que existem incertezas no mercado, que ainda não apontaram na direção e na velocidade esperada e são uma barreira para investimentos maiores por parte das empresas. "O risco do modismo passageiro, principalmente dos e-readers, frente as outras tecnologias disponíveis e mais completas. Esse é, sem dúvida, um dos pontos mais preocupantes para quem investe no segmento", acrescenta. Para ele, há indefinição do que é o produto: livro ou tecnologia? Google e Apple disparam a venda de e-books a partir do momento que disponibilizam aplicativos (leitores digitais) em aparelhos celulares. O mundo tecnológico é um terreno desconhecido para as editoras, o mundo editorial também é pouco conhecido pelas empresas de tecnologia. Esse entrave atrasa as ações e as parcerias demoram a acontecer no Brasil.

As expectativas

Segundo Augusto Kater, o impacto direto como substituto da venda de livros físicos ainda é incerto, mas não deve ser nem avassalador como nos EUA, nem tão inexpressivo como é na França. Mas existe um problema, segundo Kater: "O nosso povo tem um índice de leitura baixo e isso é uma incerteza grande para o segmento. Será que o brasileiro passará a ler mais diante dessa tecnologia ou não se interessará tanto por não ter o hábito de leitura em sua vida?".

Ele acrescenta que as pequenas e médias livrarias podem ser grandes aliadas para quem deseja entrar no mercado agora, graças a sua capilaridade. "Há um vasto terreno para que as pequenas e médias livrarias sejam a grande propagadora dos livros digitais, dada a facilidade com que se comunica com o leitor. Além de ser muito mais prática a operacionalização de estoques e aumento do acervo ofertado", opina.

Na opinião do diretor da Moby Dick E-books, Leandro Barros, a qualquer momento pode ocorrer uma mudança mais súbita a favor dos livros digitais.De acordo com ele, os pontos fortes dos e-books são a facilidade de compra e de leitura, a disponibilidade quase imediata do livro digital nos mais diversos dispositivos de leitura, a economia de cerca de um terço do preço do livro em papel, além da inexistência de taxas de envio e de agendamento ou espera de entrega. Como ponto ainda a ser trabalhado há a resistência de alguns leitores que julgam que o custo de impressão é o principal custo de um livro, não levando em conta o trabalho do autor, do revisor, do tradutor, do diagramador, do editor, do publisher, do capista e do ilustrador, assim como o custo da tecnologia de produção de um e-book, que é bastante elevado.

Segundo Barros, o maior desafio das editoras é mostrar que o livro digital está apenas a poucos cliques do leitor e que não provoca a perda do potencial afetivo que o livro de papel tem. Essa visão vem recrudescendo recentemente, o que já sinaliza a força crescente da oferta digital. "Há um saudável saudosismo do livro papel", brinca.

Quando questionado se os e-books serão o futuro da literatura ou vai sempre dividir espaço com o livro físico, ele afirma que não dá pra ser profeta no assunto, mas é preciso informar aos leitores sobre a existência, a partir de já, de uma experiência muito acessível e prazerosa, que é a leitura de livros digitais, de modo a permitir a ele uma decisão informada. "Isso é parte de um processo mais amplo, de bases históricas, que é o da evolução do livro: da argila para papiro, para pergaminho, para papel e, a partir de agora, para o livro digital. Penso que, em dez anos, no máximo, os livros de papel serão um mercado de nicho, como ocorre hoje com os discos de vinil. Existe também a questão ecológica, cada vez mais na agenda da humanidade, e que o livro digital também ajuda a resolver", finaliza.