Mostrando postagens com marcador Imprensa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Imprensa. Mostrar todas as postagens
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
Museu da Comunicação Hipólito José da Costa
O Museu da Comunicação Hipólito José da Costa é uma instituição cultural voltada para a conservação, a pesquisa e a divulgação da história da Comunicação Social no RS. Seu acervo, disponível para consulta, abrange diferentes áreas da Comunicação: Imprensa, Televisão e Vídeo, Rádio e Fonografia, Publicidade e Propaganda, Fotografia e Cinema.
Localizado na antiga sede do jornal A Federação - prédio construído em 1922 e tombado em 1977 pelo Patrimônio Histórico de Porto Alegre -, o Museu conta, nos seus três pavimentos, com espaços para exposições onde são realizadas mostras fotográficas, de peças publicitárias, de materiais e objetos que reconstituem os diferentes períodos históricos da Comunicação Social do Estado. O público pode freqüentar suas dependências para ler jornais e revistas, elaborar pesquisas científicas, ver fotos e, ainda, assistir cursos e conferências.
Museu da Comunicação Hipólito José da Costa
Rua dos Andradas, 959 - Porto Alegre/RS
segunda-feira, 2 de abril de 2012
[Entrevista] "A imprensa brasileira sempre foi canalha" - Millôr Fernandes
Por Folha.com
No início da década de 1980, a revista "Oitenta", inspirada na Granta inglesa, entrevistou o escritor e jornalista Millôr Fernandes por mais de sete horas. Segundo avaliação de Millôr, de 1938 --quando começou no jornalismo-- até aquela data, a técnica foi a única mudança nos meios de comunicação. Em quesitos éticos e morais, "a imprensa brasileira sempre foi canalha."
Em homenagem ao intelectual brasileiro que pensou, falou e escreveu sobre temas importantes de nosso tempo, a Livraria da Folha selecionou um trecho do livro "A Entrevista" no qual Millôr conta o seu envolvimento com o jornalismo e as suas impressões sobre a mídia brasileira.
*
Millôr - Eu quero fazer um pequeno introito a esta entrevista absolutamente sincero: não gostaria de estar dando esta entrevista. Estou porque gosto muito fraternalmente - como não posso dizer fraternalmente por causa da idade, eu costumo dizer fra-paternalmente - do Lima e do Ivan. Por osmose comecei a gostar dos outros. Eu só não digo que estou começando a ficar gaúcho porque não tenho rebolado gaúcho. Agora - nada, na minha estrutura, soi disant intelectual, com todas as aspas, me conduz a dar uma entrevista a sério, sobretudo a pessoas altamente respeitáveis como vocês. Quero que fique gravado nesta entrevista: realmente, eu não me levo a sério. Mas na proporção em que o tempo passa, a idade avança, as pessoas vão te levando insuportavelmente a sério, e você acaba assumindo um mínimo disso.
- Quando você começou no Jornalismo?
Millôr - Eu comecei a trabalhar no dia 28 de março de 1938; tinha 13 pra 14 anos de idade. E essa é uma das coisas de que me orgulho - a minha vanglória - a consciência profissional. Eu era um menino solto no mundo, uma vida que dependia só de mim mesmo. Naquela época, o Ministério do Trabalho era recém-fundado. O meu empregador já era O Cruzeiro. Pedi que me assinassem a carteira de trabalho. Quando cheguei em casa (uma pensão) e vi que a data que estava lá na carteira era a data em que eu havia pedido a assinatura da carteira e não a em que eu havia começado a trabalhar, voltei e pedi retificação. Veja você, um menino com menos de 14 anos, sem nenhuma influência ideológica de trabalhismo, de nada, apenas com aquela consciência de que tinha direito. Então a carteira diz assim: "onde se lê tal, leia-se tal data". Está lá registrado o primeiro dia de trabalho: 28 de março de 1938. Já fiz 43 anos de jornalismo, mais anos do que vocês, em conjunto, têm de vida.
- Obrigado pela generosidade. Você acha que o jornalismo brasileiro melhorou muito de lá pra cá?
Millôr - Muito, tecnicamente. Lamentavelmente, porém, do ponto de vista ético, moral e social, melhorou muito pouco. E já era quase criminosamente ruim naquela época. Conforme você sabe, eu não tenho nenhuma formação marxista, não acredito em excessivos determinismos históricos. É evidente, é liminar, que as forças de produção regem muitas coisas. É liminar que o contexto da sociedade reja fundamentalmente muitas coisas. Agora - o que não é liminar é o seguinte: há forças metafísicas, há entrerrelações no mundo que não estão previstas em qualquer ideologia; a isso eu chamo o anticorpo. O Marx é o próprio anticorpo dentro da sociedade em que vivia. Se as teorias de Marx fossem perfeitas, ele não existiria. Porque o contexto social e as relações de produção da época não o previam, não o permitiram. Você pode dizer que a imprensa é resultado do meio, a imprensa é resultado da sociedade em que funciona. Certo. Mas, às vezes, por força de um indivíduo, ou por força de um pequeno grupo de indivíduos, ela pode se antecipar ao seu meio e fazer progredir esse meio. Mas a imprensa brasileira sempre foi canalha. Eu acredito que se a imprensa brasileira fosse um pouco melhor poderia ter uma influência realmente maravilhosa sobre o país. Acho que uma das grandes culpadas das condições do país, mais do que as forças que o dominam politicamente, é nossa imprensa. Repito, apesar de toda a evolução, nossa imprensa é lamentavelmente ruim. E não quero falar da televisão, que já nasceu pusilânime.
- Há um consenso de que a imprensa brasileira, tecnicamente, teria atingido uma qualidade comparável com o que de melhor se faz no mundo.
Millôr - De acordo. A revista onde trabalho, Veja, é um exemplo, tem todas as possibilidades; praticamente iguais às da Time. A TV Globo só não tem mais possibilidades porque não quer. Ela pode mandar 30 repórteres amanhã pra Polinésia com o poder que tem, fazer a cobertura que quiser. Mas só age em função do merchandising. Nos falta até o contraste, que existe em países supercapitalistas como os Estados Unidos, onde o choque de interesses é tão violento que faz da imprensa americana a melhor imprensa do mundo. Quando o New York Times não quer dar cobertura a um setor, o Washington Post vai em cima. A França tem dois fenômenos de boa imprensa: são Le Monde e Le Canard Enchainé: prova de que a chamada imprensa burguesa, ou a imprensa dentro de países burgueses, pode ser realmente a expressão de uma absoluta liberdade, maior do que em países socialistas (nestes não há imprensa: há boletins).
É possível fazer imprensa com independência. Se o Canard Enchainé faz, se o Le Monde faz, por que não se pode fazer no Brasil? É uma coisa que pode parecer até brincadeira: quando nós fizemos o Pasquim, num certo momento eu disse pro pessoal: "Olha, eu sou o único comunista daqui". Eu acreditava que aquele negócio fosse mesmo um negócio comunitário, para o bem público. É verdade! Os que se presumiam comunistas (não só eles!) começaram a roubar da maneira mais deslavada, mais escrota possível. Mas que se pode fazer dentro de um contexto capitalista, de um contexto burguês, uma imprensa de alta eficiência social voltada para o bem público, isso se pode, sim! Dei provas: você tem o Le Monde e o Canard Enchainé, duas coisas até bem contrastantes.
- Em Nova York, há um Village Voice, e um canal 13 de televisão orientado como serviço público. Por que no Brasil não existem condições, neste momento ao menos, de se ter uma imprensa alternativa - mas não marginal - de grande penetração na sociedade? Por que não existe isso?
Millôr - Respondo voltando àquela velha anedota de Deus criando o mundo: todo mundo conhece. Alguém (havia mais "alguém" por ali?) reclamou que Deus tinha feito este país maravilhoso, sensacional. O Chile foi feito cheio de terremotos, o Paraguai tinha pântanos incríveis, outro país tinha furacões, o outro tinha desertos e o escambau e, de repente, no Brasil não tinha nada desastroso: florestas maravilhosas, mares maravilhosos, montanhas lindas. Aí Deus parou e disse: "Espera porque você vai ver a gentinha que eu vou botar lá".
- Que tipo de imprensa poderia contribuir melhor pro bem social?
Millôr - Estou pensando, além dos que já citei, no Village Voice. Hoje, um jornal rico. Já é até um jornal do sistema. Talvez hoje, curiosamente, jornais maiores, como o Washington Post e o New York Times, para falar dos dois que sempre se confrontam, ajam mais em função do bem público do que o Village Voice. Mas a imprensa alternativa (e o Village Voice foi um dos seus grandes exemplos), eu acho que ela é a grande solução para a liberdade de expressão. Os jovens precisavam se conscientizar disto. Saber que eles podem fazer um jornal que, ocasionalmente, vai ficar preso ao bairro, mas é importante que o bairro seja protegido, é importante que as misérias do bairro sejam mostradas ao poder público, até que o poder público chegue àquele negócio mínimo (que é o máximo!) que é consertar o buraco da rua. Não se vai partir para a solução do mundo partindo do macrocosmo; precisamos partir do microcosmo, não tenha dúvida nenhuma. Cristo começou com uma cruz só. Essa pretensão do homem de fazer o organograma universal acaba em Delfim Neto, acaba em tecnocracia, acaba em "herói". E chega de heróis. O homem tem que se convencer de que o mais importante de tudo é o dia a dia. O homem vive é todo dia. A maior utopia é a resistência diária. Ser herói é fácil. Herói se faz em três meses. Tem amigos nossos, feito o Gabeira, que fazem três meses de heroísmo, viram heróis de todos os tempos e passam a viver disso. E é aquele negócio, é bicha porque está na moda, elogia mulher porque está na moda, é incapaz de dizer alguma coisa contra a corrente, mesmo que a corrente seja lamentável, odiosa, reacionária.
- E você acha, por exemplo, que os jornais alternativos estão contribuindo pra alguma coisa neste sentido no Brasil?
Millôr - Neste momento estão um pouco em recesso. Mas de qualquer forma estão contribuindo. A maior contribuição que foi dada à imprensa brasileira, nos últimos tempos, foi a imprensa opcional a partir do Pasquim, não tenho dúvida nenhuma. Mas a própria abertura forçou um pouco o recesso no setor. A própria abertura trouxe junto muita vigarice, os caras estão explorando demais o sexo, estão explorando o homossexualismo, o sensacionalismo: pegando os vícios da outra imprensa. A coisa essencial é "vender". Mas continuo achando que a imprensa opcional é uma solução. Bem feita, essa imprensa opcional forçará a grande imprensa a dar cobertura a certos assuntos. Cobra! Envergonha! Força! Aquele negócio: o socialismo força o capitalismo a ceder em certas coisas. Você pega o Manifesto do Partido Comunista do Marx: das oito ou dez exigências básicas do Marx, pelo menos uns seis itens nem Uganda deixa de aplicar hoje em dia. O imposto de renda é um deles.
No início da década de 1980, a revista "Oitenta", inspirada na Granta inglesa, entrevistou o escritor e jornalista Millôr Fernandes por mais de sete horas. Segundo avaliação de Millôr, de 1938 --quando começou no jornalismo-- até aquela data, a técnica foi a única mudança nos meios de comunicação. Em quesitos éticos e morais, "a imprensa brasileira sempre foi canalha."
Em homenagem ao intelectual brasileiro que pensou, falou e escreveu sobre temas importantes de nosso tempo, a Livraria da Folha selecionou um trecho do livro "A Entrevista" no qual Millôr conta o seu envolvimento com o jornalismo e as suas impressões sobre a mídia brasileira.
*
Millôr - Eu quero fazer um pequeno introito a esta entrevista absolutamente sincero: não gostaria de estar dando esta entrevista. Estou porque gosto muito fraternalmente - como não posso dizer fraternalmente por causa da idade, eu costumo dizer fra-paternalmente - do Lima e do Ivan. Por osmose comecei a gostar dos outros. Eu só não digo que estou começando a ficar gaúcho porque não tenho rebolado gaúcho. Agora - nada, na minha estrutura, soi disant intelectual, com todas as aspas, me conduz a dar uma entrevista a sério, sobretudo a pessoas altamente respeitáveis como vocês. Quero que fique gravado nesta entrevista: realmente, eu não me levo a sério. Mas na proporção em que o tempo passa, a idade avança, as pessoas vão te levando insuportavelmente a sério, e você acaba assumindo um mínimo disso.
- Quando você começou no Jornalismo?
Millôr - Eu comecei a trabalhar no dia 28 de março de 1938; tinha 13 pra 14 anos de idade. E essa é uma das coisas de que me orgulho - a minha vanglória - a consciência profissional. Eu era um menino solto no mundo, uma vida que dependia só de mim mesmo. Naquela época, o Ministério do Trabalho era recém-fundado. O meu empregador já era O Cruzeiro. Pedi que me assinassem a carteira de trabalho. Quando cheguei em casa (uma pensão) e vi que a data que estava lá na carteira era a data em que eu havia pedido a assinatura da carteira e não a em que eu havia começado a trabalhar, voltei e pedi retificação. Veja você, um menino com menos de 14 anos, sem nenhuma influência ideológica de trabalhismo, de nada, apenas com aquela consciência de que tinha direito. Então a carteira diz assim: "onde se lê tal, leia-se tal data". Está lá registrado o primeiro dia de trabalho: 28 de março de 1938. Já fiz 43 anos de jornalismo, mais anos do que vocês, em conjunto, têm de vida.
- Obrigado pela generosidade. Você acha que o jornalismo brasileiro melhorou muito de lá pra cá?
Millôr - Muito, tecnicamente. Lamentavelmente, porém, do ponto de vista ético, moral e social, melhorou muito pouco. E já era quase criminosamente ruim naquela época. Conforme você sabe, eu não tenho nenhuma formação marxista, não acredito em excessivos determinismos históricos. É evidente, é liminar, que as forças de produção regem muitas coisas. É liminar que o contexto da sociedade reja fundamentalmente muitas coisas. Agora - o que não é liminar é o seguinte: há forças metafísicas, há entrerrelações no mundo que não estão previstas em qualquer ideologia; a isso eu chamo o anticorpo. O Marx é o próprio anticorpo dentro da sociedade em que vivia. Se as teorias de Marx fossem perfeitas, ele não existiria. Porque o contexto social e as relações de produção da época não o previam, não o permitiram. Você pode dizer que a imprensa é resultado do meio, a imprensa é resultado da sociedade em que funciona. Certo. Mas, às vezes, por força de um indivíduo, ou por força de um pequeno grupo de indivíduos, ela pode se antecipar ao seu meio e fazer progredir esse meio. Mas a imprensa brasileira sempre foi canalha. Eu acredito que se a imprensa brasileira fosse um pouco melhor poderia ter uma influência realmente maravilhosa sobre o país. Acho que uma das grandes culpadas das condições do país, mais do que as forças que o dominam politicamente, é nossa imprensa. Repito, apesar de toda a evolução, nossa imprensa é lamentavelmente ruim. E não quero falar da televisão, que já nasceu pusilânime.
- Há um consenso de que a imprensa brasileira, tecnicamente, teria atingido uma qualidade comparável com o que de melhor se faz no mundo.
Millôr - De acordo. A revista onde trabalho, Veja, é um exemplo, tem todas as possibilidades; praticamente iguais às da Time. A TV Globo só não tem mais possibilidades porque não quer. Ela pode mandar 30 repórteres amanhã pra Polinésia com o poder que tem, fazer a cobertura que quiser. Mas só age em função do merchandising. Nos falta até o contraste, que existe em países supercapitalistas como os Estados Unidos, onde o choque de interesses é tão violento que faz da imprensa americana a melhor imprensa do mundo. Quando o New York Times não quer dar cobertura a um setor, o Washington Post vai em cima. A França tem dois fenômenos de boa imprensa: são Le Monde e Le Canard Enchainé: prova de que a chamada imprensa burguesa, ou a imprensa dentro de países burgueses, pode ser realmente a expressão de uma absoluta liberdade, maior do que em países socialistas (nestes não há imprensa: há boletins).
É possível fazer imprensa com independência. Se o Canard Enchainé faz, se o Le Monde faz, por que não se pode fazer no Brasil? É uma coisa que pode parecer até brincadeira: quando nós fizemos o Pasquim, num certo momento eu disse pro pessoal: "Olha, eu sou o único comunista daqui". Eu acreditava que aquele negócio fosse mesmo um negócio comunitário, para o bem público. É verdade! Os que se presumiam comunistas (não só eles!) começaram a roubar da maneira mais deslavada, mais escrota possível. Mas que se pode fazer dentro de um contexto capitalista, de um contexto burguês, uma imprensa de alta eficiência social voltada para o bem público, isso se pode, sim! Dei provas: você tem o Le Monde e o Canard Enchainé, duas coisas até bem contrastantes.
- Em Nova York, há um Village Voice, e um canal 13 de televisão orientado como serviço público. Por que no Brasil não existem condições, neste momento ao menos, de se ter uma imprensa alternativa - mas não marginal - de grande penetração na sociedade? Por que não existe isso?
Millôr - Respondo voltando àquela velha anedota de Deus criando o mundo: todo mundo conhece. Alguém (havia mais "alguém" por ali?) reclamou que Deus tinha feito este país maravilhoso, sensacional. O Chile foi feito cheio de terremotos, o Paraguai tinha pântanos incríveis, outro país tinha furacões, o outro tinha desertos e o escambau e, de repente, no Brasil não tinha nada desastroso: florestas maravilhosas, mares maravilhosos, montanhas lindas. Aí Deus parou e disse: "Espera porque você vai ver a gentinha que eu vou botar lá".
- Que tipo de imprensa poderia contribuir melhor pro bem social?
Millôr - Estou pensando, além dos que já citei, no Village Voice. Hoje, um jornal rico. Já é até um jornal do sistema. Talvez hoje, curiosamente, jornais maiores, como o Washington Post e o New York Times, para falar dos dois que sempre se confrontam, ajam mais em função do bem público do que o Village Voice. Mas a imprensa alternativa (e o Village Voice foi um dos seus grandes exemplos), eu acho que ela é a grande solução para a liberdade de expressão. Os jovens precisavam se conscientizar disto. Saber que eles podem fazer um jornal que, ocasionalmente, vai ficar preso ao bairro, mas é importante que o bairro seja protegido, é importante que as misérias do bairro sejam mostradas ao poder público, até que o poder público chegue àquele negócio mínimo (que é o máximo!) que é consertar o buraco da rua. Não se vai partir para a solução do mundo partindo do macrocosmo; precisamos partir do microcosmo, não tenha dúvida nenhuma. Cristo começou com uma cruz só. Essa pretensão do homem de fazer o organograma universal acaba em Delfim Neto, acaba em tecnocracia, acaba em "herói". E chega de heróis. O homem tem que se convencer de que o mais importante de tudo é o dia a dia. O homem vive é todo dia. A maior utopia é a resistência diária. Ser herói é fácil. Herói se faz em três meses. Tem amigos nossos, feito o Gabeira, que fazem três meses de heroísmo, viram heróis de todos os tempos e passam a viver disso. E é aquele negócio, é bicha porque está na moda, elogia mulher porque está na moda, é incapaz de dizer alguma coisa contra a corrente, mesmo que a corrente seja lamentável, odiosa, reacionária.
- E você acha, por exemplo, que os jornais alternativos estão contribuindo pra alguma coisa neste sentido no Brasil?
Millôr - Neste momento estão um pouco em recesso. Mas de qualquer forma estão contribuindo. A maior contribuição que foi dada à imprensa brasileira, nos últimos tempos, foi a imprensa opcional a partir do Pasquim, não tenho dúvida nenhuma. Mas a própria abertura forçou um pouco o recesso no setor. A própria abertura trouxe junto muita vigarice, os caras estão explorando demais o sexo, estão explorando o homossexualismo, o sensacionalismo: pegando os vícios da outra imprensa. A coisa essencial é "vender". Mas continuo achando que a imprensa opcional é uma solução. Bem feita, essa imprensa opcional forçará a grande imprensa a dar cobertura a certos assuntos. Cobra! Envergonha! Força! Aquele negócio: o socialismo força o capitalismo a ceder em certas coisas. Você pega o Manifesto do Partido Comunista do Marx: das oito ou dez exigências básicas do Marx, pelo menos uns seis itens nem Uganda deixa de aplicar hoje em dia. O imposto de renda é um deles.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Medo midiático e a Jornada do Herói
Por Renato Kress
A vida cotidiana é vivida numa sucessão interminável de fatos, dados, datas e acontecimentos. Vivemos sobrecarregados, atordoados e minimizados por televisão, computador, facebook, twitter, jornais, revistas, imagens e representações de uma realidade que já quase não vivemos senão por projeções. Projetamos nosso presente e deixamos que ele se alastre por diversos instantes que cronologicamente pertencem ao passado e a uma expectativa de futuro, de forma que viver efetivamente o presente é quase impossível hoje em dia.
Exercita-se, diariamente, a idéia de que devemos nos informar sobre o que ocorre ao nosso redor e, na nossa cultura, a forma mais corriqueira de informar-se é ler um jornal, revista ou ver o noticiário na TV. É apenas uma idéia cultural, não é uma realidade nua e crua. Se realmente nos atermos aos interesses em jogo nesses veículos de comunicação, perceberemos outras lógicas operando no que chamamos de "jornais", lógicas que cabe sempre a cada um, individualmente, estar a par para poder conscientemente concordar ou discordar, aceitar ler ou ignorar, manter sua assinatura vitalícia do jornal ou buscar fontes alternativas cujos valores sejam mais coerentes com os teus valores enquanto indivíduo.
Mas antes de tudo é preciso conhecer os interesses que movem esses meios de comunicação e, para isso, podemos fazer da mesma maneira como fazemos com as pessoas ao nosso redor, observar suas ações ao longo do tempo para determinar a trajetória do caráter delas. Usar a nossa memória para analisar os veículos que se propõem a ser uma "memória sobressalente" sobre a nossa sociedade e cultura. Não é um exercício fácil, mas como tudo o que diz respeito à Jornada do Herói, o fácil não tem mérito, não tem esforço, não imprime uma marca densa na memória, que é o que queremos.
A vida é um processo de contínua mudança. Nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos. O processo pode ser lento o suficiente para que tenhamos a impressão de uma consciência mais ou menos rígida de quem somos e do que somos, mas em efeito essa consciência muda com o tempo e o espaço.
Representamos o que na sociologia se convencionou chamar de "papéis sociais" distintos ao longo da vida e em diferentes meios, mas o "papel social", o que Jung denomina como "persona", faz parte e é também uma representação coordenada, socializada, do self, de nosso eu mais íntimo. Então se a persona muda essa mudança reflete também o grau de espectro aceitável dentro das manifestações possíveis do self. Ou seja: eu me adapto à sociedade e essa adaptação mostra também um pouco das minha escolhas, da minha autonomia e natureza íntimas. Minha "persona" é parte do meu "self", a escolha que efetuo sobre a parte minha que irá se aventurar e se expor ao mundo fala também de mim, do meu eu que escolhe e do meu eu que se esconde.
O que importa para compreendermos como a Jornada do Herói se implica no momento histórico que vivemos, com a disseminação do medo coletivo e difuso televisionado diariamente, é compreender como a autonomia do indivíduo é roubada, como o seu caráter libertário, sua liberdade, é cerceada pelos mecanismos que buscam deter o poder da narrativa, o poder de doar o sentido ao mundo.
Quem conta a história dá o seu enfoque, dá a sua versão, enfatiza o que interessa e o que percebe. Aquilo que mais me atinge num determinado acontecimento vai ser aquilo de que mais me lembrarei quando relatar o acontecimento a alguém, sempre! O enfoque depende das minhas sensibilidades e interesses. Por isso sempre convido meus alunos a compreender os interesses dos que contam as histórias, principalmente quando eles vendem a ideia de que estão contando histórias "reais" ou por um prisma "imparcial".
O maior de todos os medos, a meu ver, é o medo que todos os sistemas que detêm algum poder têm de que esse potencial criativo do ser humano - a capacidade de ser o narrador da sua própria história - seja descoberto e ampliado. E se amanhã a "sensação de insegurança" veiculada pela mídia acordasse com uma certa "sensação de insegurança"? Se ela não fosse mais tão "óbvia". Se ao invés de ouvirmos à televisão desligássemos e ouvíssemos o som das ruas, se conversássemos com nosso vizinho ao invés de olharmos ele como "o outro", "o desconhecido", como uma ameaça em potencial? E se abandonássemos o papel de espectador e assumíssemos uma postura de protagonistas das nossas histórias? E se criássemos nossos próprios sentidos, e se fôssemos nossos próprios heróis?
Fonte: Areté e Timé
A vida cotidiana é vivida numa sucessão interminável de fatos, dados, datas e acontecimentos. Vivemos sobrecarregados, atordoados e minimizados por televisão, computador, facebook, twitter, jornais, revistas, imagens e representações de uma realidade que já quase não vivemos senão por projeções. Projetamos nosso presente e deixamos que ele se alastre por diversos instantes que cronologicamente pertencem ao passado e a uma expectativa de futuro, de forma que viver efetivamente o presente é quase impossível hoje em dia.
Exercita-se, diariamente, a idéia de que devemos nos informar sobre o que ocorre ao nosso redor e, na nossa cultura, a forma mais corriqueira de informar-se é ler um jornal, revista ou ver o noticiário na TV. É apenas uma idéia cultural, não é uma realidade nua e crua. Se realmente nos atermos aos interesses em jogo nesses veículos de comunicação, perceberemos outras lógicas operando no que chamamos de "jornais", lógicas que cabe sempre a cada um, individualmente, estar a par para poder conscientemente concordar ou discordar, aceitar ler ou ignorar, manter sua assinatura vitalícia do jornal ou buscar fontes alternativas cujos valores sejam mais coerentes com os teus valores enquanto indivíduo.
Mas antes de tudo é preciso conhecer os interesses que movem esses meios de comunicação e, para isso, podemos fazer da mesma maneira como fazemos com as pessoas ao nosso redor, observar suas ações ao longo do tempo para determinar a trajetória do caráter delas. Usar a nossa memória para analisar os veículos que se propõem a ser uma "memória sobressalente" sobre a nossa sociedade e cultura. Não é um exercício fácil, mas como tudo o que diz respeito à Jornada do Herói, o fácil não tem mérito, não tem esforço, não imprime uma marca densa na memória, que é o que queremos.
A vida é um processo de contínua mudança. Nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos. O processo pode ser lento o suficiente para que tenhamos a impressão de uma consciência mais ou menos rígida de quem somos e do que somos, mas em efeito essa consciência muda com o tempo e o espaço.
Representamos o que na sociologia se convencionou chamar de "papéis sociais" distintos ao longo da vida e em diferentes meios, mas o "papel social", o que Jung denomina como "persona", faz parte e é também uma representação coordenada, socializada, do self, de nosso eu mais íntimo. Então se a persona muda essa mudança reflete também o grau de espectro aceitável dentro das manifestações possíveis do self. Ou seja: eu me adapto à sociedade e essa adaptação mostra também um pouco das minha escolhas, da minha autonomia e natureza íntimas. Minha "persona" é parte do meu "self", a escolha que efetuo sobre a parte minha que irá se aventurar e se expor ao mundo fala também de mim, do meu eu que escolhe e do meu eu que se esconde.
O que importa para compreendermos como a Jornada do Herói se implica no momento histórico que vivemos, com a disseminação do medo coletivo e difuso televisionado diariamente, é compreender como a autonomia do indivíduo é roubada, como o seu caráter libertário, sua liberdade, é cerceada pelos mecanismos que buscam deter o poder da narrativa, o poder de doar o sentido ao mundo.
Quem conta a história dá o seu enfoque, dá a sua versão, enfatiza o que interessa e o que percebe. Aquilo que mais me atinge num determinado acontecimento vai ser aquilo de que mais me lembrarei quando relatar o acontecimento a alguém, sempre! O enfoque depende das minhas sensibilidades e interesses. Por isso sempre convido meus alunos a compreender os interesses dos que contam as histórias, principalmente quando eles vendem a ideia de que estão contando histórias "reais" ou por um prisma "imparcial".
O maior de todos os medos, a meu ver, é o medo que todos os sistemas que detêm algum poder têm de que esse potencial criativo do ser humano - a capacidade de ser o narrador da sua própria história - seja descoberto e ampliado. E se amanhã a "sensação de insegurança" veiculada pela mídia acordasse com uma certa "sensação de insegurança"? Se ela não fosse mais tão "óbvia". Se ao invés de ouvirmos à televisão desligássemos e ouvíssemos o som das ruas, se conversássemos com nosso vizinho ao invés de olharmos ele como "o outro", "o desconhecido", como uma ameaça em potencial? E se abandonássemos o papel de espectador e assumíssemos uma postura de protagonistas das nossas histórias? E se criássemos nossos próprios sentidos, e se fôssemos nossos próprios heróis?
Fonte: Areté e Timé
terça-feira, 31 de maio de 2011
Correspondente Internacional
Por Thamyres Dias
Muitos estudantes de jornalismo e até profissionais já formados sonham com uma carreira no exterior, como correspondentes internacionais. Mas como vivem esses profissionais que vão em busca da notícia em outros cantos do mundo? Para Bruno Garcez, um dos palestrantes do 5º Congresso de Jornalismo Investigativo da Abraji, a rotina de um correspondente exige dedicação, jogo de cintura e "poucas horas de sono". Ex-repórter da Folha de São Paulo, Bruno passou a integrar a equipe da BBC Brasil em 2001. Cinco anos depois, tornou-se correspondente da empresa em Washington e, dali, viajou para vários países, como o Haiti e Honduras - logo após a deposição do presidente Manuel Zelaya.
Além de apurar e entrevistar, o correspondente de hoje precisa saber produzir conteúdos multimídia e estar afinado com as novas ferramentas da internet. Para desempenhar bem a tarefa, cursos de especialização e experiência acadêmica no exterior ajudam muito. Entretanto, o que pode diferenciar um profissional, segundo Bruno, é algo bem mais simples: organização.
De volta ao país de origem, o jornalista coordena, atualmente, o Mural Brasil, projeto multimídia que está compilando textos e vídeos produzidos por jovens da periferia de São Paulo. Esses "correspondentes comunitários" recebem uma formação básica para que sejam produtores de conteúdo sobre suas próprias vivências.
Fonte: O Globo
Muitos estudantes de jornalismo e até profissionais já formados sonham com uma carreira no exterior, como correspondentes internacionais. Mas como vivem esses profissionais que vão em busca da notícia em outros cantos do mundo? Para Bruno Garcez, um dos palestrantes do 5º Congresso de Jornalismo Investigativo da Abraji, a rotina de um correspondente exige dedicação, jogo de cintura e "poucas horas de sono". Ex-repórter da Folha de São Paulo, Bruno passou a integrar a equipe da BBC Brasil em 2001. Cinco anos depois, tornou-se correspondente da empresa em Washington e, dali, viajou para vários países, como o Haiti e Honduras - logo após a deposição do presidente Manuel Zelaya.
Além de apurar e entrevistar, o correspondente de hoje precisa saber produzir conteúdos multimídia e estar afinado com as novas ferramentas da internet. Para desempenhar bem a tarefa, cursos de especialização e experiência acadêmica no exterior ajudam muito. Entretanto, o que pode diferenciar um profissional, segundo Bruno, é algo bem mais simples: organização.
De volta ao país de origem, o jornalista coordena, atualmente, o Mural Brasil, projeto multimídia que está compilando textos e vídeos produzidos por jovens da periferia de São Paulo. Esses "correspondentes comunitários" recebem uma formação básica para que sejam produtores de conteúdo sobre suas próprias vivências.
Fonte: O Globo
segunda-feira, 30 de maio de 2011
O humor na imprensa
É verdade que a vida não anda nada fácil. Sorte que os problemas sempre inspiraram parte da imprensa, que resolveu tratar dos entraves políticos, econômicos e sociais com muito humor.
Quem nunca ouviu falar do Pasquim, por exemplo, perdeu a chance de enxergar o mundo com mais coragem. O riso pode até não eliminar o medo, como disse Umberto Eco, mas a capacidade de provocar o riso desperta no amedrontado um jeito todo especial para lidar com aqueles que o amedrontam.
Com o humor em alta surgiram vários programas de TV que mesclam notícias com bom humor. Essa estratégia é muito eficaz para chamar a atenção o telespectador, principalmente, os mais jovens, para questões políticas, como é o caso do Programa CQC, da Band.
Formado em sua maioria por pessoas ligadas ao humor, o CQC consolidou seu sucesso e influência nas redes sociais. Temas polêmicos abordados às segundas costumam ser discutidos durante toda a semana pelos internautas. Como grande parte do seu público-alvo está na internet, foi criado ainda o CQC 3.0 onde ao final de cada programa, os apresentadores interagem com os internautas discutindo os temas abordados no programa.
Uma ideia que surgiu na internet e devido ao seu grande sucesso, foi parar também na TV foi o do jornal Sensacionalista. Com um formato jornalístico notícias absurdas eram publicadas no site, e houve até quem acreditasse nelas a princípio. O canal de TV a cabo, Multishow apostou na ideia e deu um espaço para o jornal ter sua versão para TV. Assista abaixo o segundo episódio do Jornal Sensacionalista: o seu jornal isento de verdade.
A MTV também ganhou muito investindo no formato telejornal humorístico, o Furo MTV conquistou uma das maiores audiências da MTV Brasil em 2010.
O casal de apresentadores Dani Calabresa e Bento Ribeiro fazem o que o Casseta Planeta nos seus bons tempos chamaria de “jornalismo mentira, humorismo verdade”, mostrando que piadas inteligentes e ágeis podem revelar as vezes mais sobre a política e o cotidiano do que algumas notícias. E que você pode rir muito e ao mesmo tempo se informar um pouco.
Numa grande homenagem aos humoristas brasileiros, a Ediouro lançou Entre sem Bater! O Humor na Imprensa Brasileira, do jornalista e escritor Luís Pimentel, que trabalhou nas revistas Mad, Bundas, O Pasquim e há anos faz parte de uma turma da pesada que dá à imprensa brasileira uma imprescindível dose de humor.
Saiba mais:
- Declaração de Jair Bolsonaro sobre racismo no CQC causa polêmica no Twitter.
- Mais Monet: programa O Sensacionalista garante jornalismo debochado.
- O humor verdade do Furo MTV.
Quem nunca ouviu falar do Pasquim, por exemplo, perdeu a chance de enxergar o mundo com mais coragem. O riso pode até não eliminar o medo, como disse Umberto Eco, mas a capacidade de provocar o riso desperta no amedrontado um jeito todo especial para lidar com aqueles que o amedrontam.
Com o humor em alta surgiram vários programas de TV que mesclam notícias com bom humor. Essa estratégia é muito eficaz para chamar a atenção o telespectador, principalmente, os mais jovens, para questões políticas, como é o caso do Programa CQC, da Band.
Formado em sua maioria por pessoas ligadas ao humor, o CQC consolidou seu sucesso e influência nas redes sociais. Temas polêmicos abordados às segundas costumam ser discutidos durante toda a semana pelos internautas. Como grande parte do seu público-alvo está na internet, foi criado ainda o CQC 3.0 onde ao final de cada programa, os apresentadores interagem com os internautas discutindo os temas abordados no programa.
Uma ideia que surgiu na internet e devido ao seu grande sucesso, foi parar também na TV foi o do jornal Sensacionalista. Com um formato jornalístico notícias absurdas eram publicadas no site, e houve até quem acreditasse nelas a princípio. O canal de TV a cabo, Multishow apostou na ideia e deu um espaço para o jornal ter sua versão para TV. Assista abaixo o segundo episódio do Jornal Sensacionalista: o seu jornal isento de verdade.
A MTV também ganhou muito investindo no formato telejornal humorístico, o Furo MTV conquistou uma das maiores audiências da MTV Brasil em 2010.
O casal de apresentadores Dani Calabresa e Bento Ribeiro fazem o que o Casseta Planeta nos seus bons tempos chamaria de “jornalismo mentira, humorismo verdade”, mostrando que piadas inteligentes e ágeis podem revelar as vezes mais sobre a política e o cotidiano do que algumas notícias. E que você pode rir muito e ao mesmo tempo se informar um pouco.
Numa grande homenagem aos humoristas brasileiros, a Ediouro lançou Entre sem Bater! O Humor na Imprensa Brasileira, do jornalista e escritor Luís Pimentel, que trabalhou nas revistas Mad, Bundas, O Pasquim e há anos faz parte de uma turma da pesada que dá à imprensa brasileira uma imprescindível dose de humor.
Saiba mais:
- Declaração de Jair Bolsonaro sobre racismo no CQC causa polêmica no Twitter.
- Mais Monet: programa O Sensacionalista garante jornalismo debochado.
- O humor verdade do Furo MTV.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Uma sala de imprensa 2.0
o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) acaba de entrar nas redes sociais e resolveram inovar: criaram uma Sala de Imprensa no Facebook. Com um design bonito e aproveitando todos os recursos disponíveis na rede social, a sala de imprensa traz desde releases a fotos e vídeos institucionais.
Os releases são disponibilizados, como em toda Fan Page, através das atualizações de status, mas tudo de uma forma dinâmica e funcional, típica das redes sociais. O banco divulgou um release sobre a iniciativa, onde a gerente executiva de imprensa do BNB, Angélica Paiva, falou sobre a estratégia: “Resolvemos criar uma fan page no Facebook para integrar as demais mídias sociais, ou seja, essa página será o principal ponto de convergência dos canais de presença web, mas também vamos interagir a partir dos perfis no Twitter, YouTube, Flickr e Slideshare”.
Fonte: Retirado do Blog da Flaviane Paiva.
Os releases são disponibilizados, como em toda Fan Page, através das atualizações de status, mas tudo de uma forma dinâmica e funcional, típica das redes sociais. O banco divulgou um release sobre a iniciativa, onde a gerente executiva de imprensa do BNB, Angélica Paiva, falou sobre a estratégia: “Resolvemos criar uma fan page no Facebook para integrar as demais mídias sociais, ou seja, essa página será o principal ponto de convergência dos canais de presença web, mas também vamos interagir a partir dos perfis no Twitter, YouTube, Flickr e Slideshare”.
Fonte: Retirado do Blog da Flaviane Paiva.
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Como é produzido um jornal?
O setor de produção faz o trabalho pesado. Nestes departamentos há especialistas que operam e fazem a manutenção das prensas, fotocompositoras, digitalizadores de imagens e máquinas de impressão fotográfica. Alguns funcionários trabalham no turno diurno, enquanto outros no noturno.
Com início em torno de 1970, os setores de produção de jornal iniciaram um movimento histórico longe da tecnologia de trabalho intenso das máquinas fotocompositoras Linotype e outras "de última geração" usadas em impressão em relevo. Esta foi a mesma técnica usada por Johannes Gutenberg no século XIV: imprimir uma página de papel diretamente em um bloco. A invenção da fotocomposição, baseada em processos fotográficos, acelerou a produção e reduziu os altos custos de despesas gerais da impressão em relevo. Além disso, a fotocomposição funcionava melhor com as novas prensas em offset que estavam começando a ser usadas.
A maioria dos jornais diários mudaram para alguma forma de impressão em offset. Este processo grava a imagem de uma página de jornal em chapas finas de alumínio (páginas com fotos ou letras coloridas precisam de mais chapas). Estas chapas, agora com a imagem positiva revelada a partir do negativo de uma página, vão para outros especialistas para colocação na prensa. Este processo é denominado offset porque as chapas de metal não encostam no papel que entra na máquina. Em vez disso, as chapas transferem a imagem feita com tinta para um rolo de borracha que imprime a página.
Embora as máquinas para impressão de jornais sejam grandes e barulhentas, são delicadas com o papel de imprensa, o papel de que é feito o jornal. Estas máquinas precisam ser delicadas pois o papel de imprensa é caro e deve passar por esses rolos enormes sem serem rasgados. Estas complexas máquinas de três andares, que podem custar mais de US$ 40 milhões, são chamadas de prensas rotativas, pois usam papel contínuo em vez de folhas individuais.
Além de colocar tinta no papel, a prensa também monta as páginas do jornal na seqüência correta. Tudo ocorre tão rápido que uma prensa em offset consegue produzir 70 mil cópias por hora na correia transportadora, que por sua vez manda as cópias para o setor de distribuição que já está aguardando.
Fonte: Como tudo funciona
Com início em torno de 1970, os setores de produção de jornal iniciaram um movimento histórico longe da tecnologia de trabalho intenso das máquinas fotocompositoras Linotype e outras "de última geração" usadas em impressão em relevo. Esta foi a mesma técnica usada por Johannes Gutenberg no século XIV: imprimir uma página de papel diretamente em um bloco. A invenção da fotocomposição, baseada em processos fotográficos, acelerou a produção e reduziu os altos custos de despesas gerais da impressão em relevo. Além disso, a fotocomposição funcionava melhor com as novas prensas em offset que estavam começando a ser usadas.
A maioria dos jornais diários mudaram para alguma forma de impressão em offset. Este processo grava a imagem de uma página de jornal em chapas finas de alumínio (páginas com fotos ou letras coloridas precisam de mais chapas). Estas chapas, agora com a imagem positiva revelada a partir do negativo de uma página, vão para outros especialistas para colocação na prensa. Este processo é denominado offset porque as chapas de metal não encostam no papel que entra na máquina. Em vez disso, as chapas transferem a imagem feita com tinta para um rolo de borracha que imprime a página.
Embora as máquinas para impressão de jornais sejam grandes e barulhentas, são delicadas com o papel de imprensa, o papel de que é feito o jornal. Estas máquinas precisam ser delicadas pois o papel de imprensa é caro e deve passar por esses rolos enormes sem serem rasgados. Estas complexas máquinas de três andares, que podem custar mais de US$ 40 milhões, são chamadas de prensas rotativas, pois usam papel contínuo em vez de folhas individuais.
Além de colocar tinta no papel, a prensa também monta as páginas do jornal na seqüência correta. Tudo ocorre tão rápido que uma prensa em offset consegue produzir 70 mil cópias por hora na correia transportadora, que por sua vez manda as cópias para o setor de distribuição que já está aguardando.
Fonte: Como tudo funciona
terça-feira, 17 de maio de 2011
[Entrevista] Gay Talese: O jornalismo está se tornando preguiçoso
Truman Capote, Tom Wolfe e Norman Mailer foram alguns dos expoentes do Novo Jornalismo — no qual se investiga com os instrumentos de repórter e relata com os recursos da ficção –, mas nenhum deles brilhou tanto nesse movimento surgido nos anos 60 quanto Gay Talese. Repórter do New York Times entre 1955 e 1965, cuja história contou no clássico O Reino e o Poder (1969), Talese escreveu algumas obras-primas da reportagem entre elas Frank Sinatra Está Resfriado, que se tornou o perfil mais famoso da imprensa norte-americana.
De escrita elegante, proveniente de um exaustivo processo de apuração, Talese contabiliza hoje, aos 79 anos, 11 livros publicados, todos traduzidos em diversos países e dissecados nos cursos de jornalismo pelo mundo. E nessa extensa produção está Honra Teu Pai, lançado recentemente pela Companhia das Letras e considerado pelo autor como um de seus favoritos.Publicado em 1971, Honra Teu Pai conta a história de Joseph Bonanno, chefe de uma das mais poderosas famílias de mafiosos de Nova York, e de seu filho Salvatore “Bill” Bonanno. Para escrever esse livro, o então repórter do New York Times Gay Talese precisou se tornar amigo de Bill Bonanno e esperar cerca de cinco anos para convencer o mafioso a lhe contar sua história. E ainda assim teve de esperar mais algum tempo até que Bill o autorizasse a escrever. Contudo, o jornalista realizou um livro-reportagem fundamental para entender os meandros da máfia.
Gay Talese concedeu uma entrevista exclusiva ao repórter Fernando de Oliveira, do jornal gaúcho, de Santa Cruz do Sul, Diário Regional.
O senhor sempre defendeu que lugar de jornalista é na rua. O que o senhor pensa sobre o jornalismo que é praticado hoje, com a internet e as facilidades que esta tecnologia proporciona?
Talese – É muito limitante, muito restritivo. Em primeiro lugar, o problema é que os jornalistas de hoje ficam dentro de um lugar fechado, dentro de uma redação. E, quando saem para fora, quando caminham pelas ruas, eles estão sempre olhando para a tela de um telefone celular, ou para algum outro objeto. Eles não conseguem ver o que acontece ao redor e enxergam a vida a partir de uma tela pequena. Tudo é muito rápido e fácil, e um bom trabalho não é rápido nem fácil. Ele demora um longo tempo, mas também dura um longo tempo. Muito do jornalismo de hoje é feito a partir de um laptop, e é feito de jornalistas falando de outros jornalistas. Eles procuram informações a partir da internet. Eles não falam com muitas pessoas. Isso é muito restritivo.
Os jornalistas, hoje, não estão descobrindo nada por tentativa, ou por acidente. O que estão fazendo é muito imediatista. O jornalismo tem se tornado muito previsível. Nada é profundo, pensado ou divagado. Então o jornalismo está se tornando preguiçoso, porque os jornalistas não querem se mexer. A primeira coisa que fazem quando acordam é abrir um pequeno laptop e começar a apertar botões. Então eles leem jornais, olham fotografias, jogam games ou qualquer outra coisa e, talvez, até façam entrevistas com outras pessoas, mas são pessoas que são educadas, que sabem como usar um laptop, um smartphone ou o que quer que estejam usando. E estão perdendo todo o contexto da vida. É tudo baseado em cumprir o objetivo. Eles querem ir do ponto a para o ponto b, e querem fazer isso rápido, de maneira eficiente sem perder nenhum tempo. Bom, perder tempo é muito bom. O tempo é maravilhoso quando você o perde. Quando você perde tempo você pode pensar que é um desperdício, mas não é. Às vezes você aprende com o silêncio, ou com os momentos de indecisão. Você aprende coisas que você jamais pensou que saberia, e aprende coisas sobre as quais você nunca pensou, e que nunca iria perguntar sobre. São coisas muito valiosas para a mente intelectual, e para a curiosidade intelectual que algumas pessoas têm. A internet joga contra esta curiosidade. Ela proporciona todas as respostas de maneira fácil. Você coloca o nome de alguém no google e descobre muito sobre ela. Se é verdade ou não, você não vai saber a diferença.
Então eu acredito que a tecnologia pode poupar tempo, poupar viagens, mas faz você ficar em casa, entre quatro
paredes, perdendo o grande contexto da vida. A tela do laptop está substituindo a grande visão do mundo que você só pode conhecer explorando o mundo, viajando pelo mundo, saindo por aí, indo de um lugar para o outro, estando lá, e isso é importante. Não receber algo de segunda mão, não olhar pelas coisas a partir de terceiros. A internet é um instrumento de terceirização. Você coloca uma pergunta na internet e recebe uma resposta, mas não é a sua resposta. Você não experimentou nada.
Na nossa profissão isso se torna ainda mais perigoso…
Talese – Na verdade, não começou com a internet, começou com o gravador. O que aconteceu com o gravador é que os jornalistas começaram a utilizá-lo e, então, se preocuparam mais com o que as pessoas disseram na gravação do que com as pessoas que eles entrevistaram. Então as pessoas respondiam perguntas e, algumas vezes, com suas habilidades, eles mudavam as histórias, contavam não o que eles realmente acreditam, e sim o que elas gostariam de ouvir ou o que o jornalista gostaria de ouvir. Então o gravador é uma forma de mentir, mesmo que todas as palavras sejam verdadeiras. São palavras que não significam muito. São apenas sons transformados em bites. Muito do que é reportagem, hoje, são apenas sons transformados em bites. São mentiras, meias-verdades, e o repórter tem que investigar pessoalmente. O povo americano entrou em guerra contra o Iraque porque a informação estava errada. A informação nunca foi investigada pelos repórteres do New York Times. Disseram que existiam armas de destruição em massa no Iraque, o que era uma mentira. Então nós entramos em guerra, e muitas pessoas foram mortas, e o Iraque continua não sendo um bom lugar.
Faz muitos anos desde a invasão, em 2003, e nós olhamos o Iraque hoje, e todas as histórias foram mentiras contadas para os jornalistas, então os jornalistas também mentiram. Os jornalistas jamais deveriam ter acreditado nesta mentira acerca das armas de destruição em massa. Algumas vezes o jornalismo, quando mal feito, pode fazer com que as pessoas entrem em guerra, e eu acho que é isso que aconteceu no Iraque. E talvez esteja acontecendo na Líbia, porque eu acho que os jornalistas não sabem realmente quem são os rebeldes, ou quem é Kadhaffi. Os jornalistas têm que estar dentro da história e o que acontece é que eles estão sendo pautados pelos governos, seja da França, dos EUA, da Inglaterra, e de tantos outros.
Toda a história começa com a tecnologia, e toda uma revolução começou a partir da tecnologia. A internet dá às pessoas esta troca de informações, mas na maioria das vezes esta informação nem mesmo é verdadeira. E nunca nada é checado, é tudo muito rápido, então parece que fomos tomados por esta tecnologia de maneira muito rápida, e eu não sei o que é a verdade. Será que as pessoas da Líbia querem mesmo uma revolução? Eles querem mesmo eliminar o Kadhaffi? Tem muita gente que gosta dele, e muita gente que não gosta, assim como muita gente gostava e muita gente não gostava de George Bush, quando ele era presidente.
Na sua opinião, por que os jornais precisam existir?
Talese – Porque, quando você lê um bom jornal, como eu faço, você chega a gastar duas horas lendo apenas um jornal. Quando eu leio um jornal eu leio tudo o que está na primeira página, tudo o que está na segunda página e assim por diante. Eu leio todas as 50 páginas do jornal, e eu leio sobre coisas que eu não sabia que estava interessado, e acho-as interessantes. Então eu leio sobre política, sobre o Afeganistão, a Líbia, sobre os shows da Brodway e sobre muitos outros assuntos. Quando eu leio, tenho uma noção desta grande variedade que existe na vida. Quando você lê um jornal pela internet, você lê apenas o que você está interessado. E você encontra o que quer, mas o que acontece é que a tecnologia foi desenvolvida para lhe dar o que você quer, sem gastar muito do seu tempo. Então, se você quiser saber alguma coisa sobre São Paulo, você coloca uma pergunta no Google e descobre tudo o que você quer saber. Mas não é como descobrir São Paulo, a partir de suas próprias experiências, e não há o que substitua isso. A tecnologia pode te dizer, em dois segundos, qual é a população de São Paulo, mas o que você sabe sobre a população de São Paulo com esta resposta? Nada. Você tem que realmente ir lá, tem que estar lá. O jornalismo que eu pratico é o de estar nos lugares. Você não pode apenas puxar um botão para estar lá, porque você não vê nada.
Fonte: Sul 21
De escrita elegante, proveniente de um exaustivo processo de apuração, Talese contabiliza hoje, aos 79 anos, 11 livros publicados, todos traduzidos em diversos países e dissecados nos cursos de jornalismo pelo mundo. E nessa extensa produção está Honra Teu Pai, lançado recentemente pela Companhia das Letras e considerado pelo autor como um de seus favoritos.Publicado em 1971, Honra Teu Pai conta a história de Joseph Bonanno, chefe de uma das mais poderosas famílias de mafiosos de Nova York, e de seu filho Salvatore “Bill” Bonanno. Para escrever esse livro, o então repórter do New York Times Gay Talese precisou se tornar amigo de Bill Bonanno e esperar cerca de cinco anos para convencer o mafioso a lhe contar sua história. E ainda assim teve de esperar mais algum tempo até que Bill o autorizasse a escrever. Contudo, o jornalista realizou um livro-reportagem fundamental para entender os meandros da máfia.
Gay Talese concedeu uma entrevista exclusiva ao repórter Fernando de Oliveira, do jornal gaúcho, de Santa Cruz do Sul, Diário Regional.
O senhor sempre defendeu que lugar de jornalista é na rua. O que o senhor pensa sobre o jornalismo que é praticado hoje, com a internet e as facilidades que esta tecnologia proporciona?
Talese – É muito limitante, muito restritivo. Em primeiro lugar, o problema é que os jornalistas de hoje ficam dentro de um lugar fechado, dentro de uma redação. E, quando saem para fora, quando caminham pelas ruas, eles estão sempre olhando para a tela de um telefone celular, ou para algum outro objeto. Eles não conseguem ver o que acontece ao redor e enxergam a vida a partir de uma tela pequena. Tudo é muito rápido e fácil, e um bom trabalho não é rápido nem fácil. Ele demora um longo tempo, mas também dura um longo tempo. Muito do jornalismo de hoje é feito a partir de um laptop, e é feito de jornalistas falando de outros jornalistas. Eles procuram informações a partir da internet. Eles não falam com muitas pessoas. Isso é muito restritivo.
Os jornalistas, hoje, não estão descobrindo nada por tentativa, ou por acidente. O que estão fazendo é muito imediatista. O jornalismo tem se tornado muito previsível. Nada é profundo, pensado ou divagado. Então o jornalismo está se tornando preguiçoso, porque os jornalistas não querem se mexer. A primeira coisa que fazem quando acordam é abrir um pequeno laptop e começar a apertar botões. Então eles leem jornais, olham fotografias, jogam games ou qualquer outra coisa e, talvez, até façam entrevistas com outras pessoas, mas são pessoas que são educadas, que sabem como usar um laptop, um smartphone ou o que quer que estejam usando. E estão perdendo todo o contexto da vida. É tudo baseado em cumprir o objetivo. Eles querem ir do ponto a para o ponto b, e querem fazer isso rápido, de maneira eficiente sem perder nenhum tempo. Bom, perder tempo é muito bom. O tempo é maravilhoso quando você o perde. Quando você perde tempo você pode pensar que é um desperdício, mas não é. Às vezes você aprende com o silêncio, ou com os momentos de indecisão. Você aprende coisas que você jamais pensou que saberia, e aprende coisas sobre as quais você nunca pensou, e que nunca iria perguntar sobre. São coisas muito valiosas para a mente intelectual, e para a curiosidade intelectual que algumas pessoas têm. A internet joga contra esta curiosidade. Ela proporciona todas as respostas de maneira fácil. Você coloca o nome de alguém no google e descobre muito sobre ela. Se é verdade ou não, você não vai saber a diferença.
Então eu acredito que a tecnologia pode poupar tempo, poupar viagens, mas faz você ficar em casa, entre quatro
paredes, perdendo o grande contexto da vida. A tela do laptop está substituindo a grande visão do mundo que você só pode conhecer explorando o mundo, viajando pelo mundo, saindo por aí, indo de um lugar para o outro, estando lá, e isso é importante. Não receber algo de segunda mão, não olhar pelas coisas a partir de terceiros. A internet é um instrumento de terceirização. Você coloca uma pergunta na internet e recebe uma resposta, mas não é a sua resposta. Você não experimentou nada.
Na nossa profissão isso se torna ainda mais perigoso…
Talese – Na verdade, não começou com a internet, começou com o gravador. O que aconteceu com o gravador é que os jornalistas começaram a utilizá-lo e, então, se preocuparam mais com o que as pessoas disseram na gravação do que com as pessoas que eles entrevistaram. Então as pessoas respondiam perguntas e, algumas vezes, com suas habilidades, eles mudavam as histórias, contavam não o que eles realmente acreditam, e sim o que elas gostariam de ouvir ou o que o jornalista gostaria de ouvir. Então o gravador é uma forma de mentir, mesmo que todas as palavras sejam verdadeiras. São palavras que não significam muito. São apenas sons transformados em bites. Muito do que é reportagem, hoje, são apenas sons transformados em bites. São mentiras, meias-verdades, e o repórter tem que investigar pessoalmente. O povo americano entrou em guerra contra o Iraque porque a informação estava errada. A informação nunca foi investigada pelos repórteres do New York Times. Disseram que existiam armas de destruição em massa no Iraque, o que era uma mentira. Então nós entramos em guerra, e muitas pessoas foram mortas, e o Iraque continua não sendo um bom lugar.
Faz muitos anos desde a invasão, em 2003, e nós olhamos o Iraque hoje, e todas as histórias foram mentiras contadas para os jornalistas, então os jornalistas também mentiram. Os jornalistas jamais deveriam ter acreditado nesta mentira acerca das armas de destruição em massa. Algumas vezes o jornalismo, quando mal feito, pode fazer com que as pessoas entrem em guerra, e eu acho que é isso que aconteceu no Iraque. E talvez esteja acontecendo na Líbia, porque eu acho que os jornalistas não sabem realmente quem são os rebeldes, ou quem é Kadhaffi. Os jornalistas têm que estar dentro da história e o que acontece é que eles estão sendo pautados pelos governos, seja da França, dos EUA, da Inglaterra, e de tantos outros.
Toda a história começa com a tecnologia, e toda uma revolução começou a partir da tecnologia. A internet dá às pessoas esta troca de informações, mas na maioria das vezes esta informação nem mesmo é verdadeira. E nunca nada é checado, é tudo muito rápido, então parece que fomos tomados por esta tecnologia de maneira muito rápida, e eu não sei o que é a verdade. Será que as pessoas da Líbia querem mesmo uma revolução? Eles querem mesmo eliminar o Kadhaffi? Tem muita gente que gosta dele, e muita gente que não gosta, assim como muita gente gostava e muita gente não gostava de George Bush, quando ele era presidente.
Na sua opinião, por que os jornais precisam existir?
Talese – Porque, quando você lê um bom jornal, como eu faço, você chega a gastar duas horas lendo apenas um jornal. Quando eu leio um jornal eu leio tudo o que está na primeira página, tudo o que está na segunda página e assim por diante. Eu leio todas as 50 páginas do jornal, e eu leio sobre coisas que eu não sabia que estava interessado, e acho-as interessantes. Então eu leio sobre política, sobre o Afeganistão, a Líbia, sobre os shows da Brodway e sobre muitos outros assuntos. Quando eu leio, tenho uma noção desta grande variedade que existe na vida. Quando você lê um jornal pela internet, você lê apenas o que você está interessado. E você encontra o que quer, mas o que acontece é que a tecnologia foi desenvolvida para lhe dar o que você quer, sem gastar muito do seu tempo. Então, se você quiser saber alguma coisa sobre São Paulo, você coloca uma pergunta no Google e descobre tudo o que você quer saber. Mas não é como descobrir São Paulo, a partir de suas próprias experiências, e não há o que substitua isso. A tecnologia pode te dizer, em dois segundos, qual é a população de São Paulo, mas o que você sabe sobre a população de São Paulo com esta resposta? Nada. Você tem que realmente ir lá, tem que estar lá. O jornalismo que eu pratico é o de estar nos lugares. Você não pode apenas puxar um botão para estar lá, porque você não vê nada.
Fonte: Sul 21
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Novas formas de mostrar a notícia
Mostrar a mesma notícia sob pontos de vista diferentes tem se revelado uma fórmula de sucesso. Especialmente em programas jornalísticos com um formato mais dinâmico, como é o caso do "A Liga", da Band e "Profissão Repórter", da Globo.
Se você ainda não conhece essa nova forma de mostrar a notícia, confira abaixo os programas que abordaram o tema de jovens e álcool.
A Liga!
"Quanto mais olhos vêem, mais podem enxergar"
Para contar uma história sob a perspectiva de quem a vive só há um jeito, ir ao encontro dela. Comum seria não interferir e normal, nada sentir, não vivenciar. Mas não é isso que querem os apresentadores do programa. Eles tocam na realidade, olham de perto. Ao Participarem de um mundo do qual nunca fizeram parte, a indiferença vai embora. A cada passo, o envolvimento do repórter - assim como a do telespectador - aumenta. Entram em cena a surpresa, a indignação, a reflexão e a opinião.
Profissão Repórter
"Os bastidores da notícia"
Caco Barcellos e sua equipe de jovens repórteres vão às ruas, juntos, para mostrar diferentes ângulos do mesmo fato, da mesma notícia. Cada repórter tem sempre uma missão, um desafio a cumprir. Será que eles vão conseguir? No Profissão Repórter, você acompanha tudo. Os desafios da reportagem. Os bastidores da notícia.
Fontes:
A Liga
Profissão Repórter
Para saber mais:
Programa novo, formato velho? por Observatório da Imprensa
A Liga é o melhor programa jornalístico por Garcia Plugado
Experimentando o telejornalismo por Intercom
Se você ainda não conhece essa nova forma de mostrar a notícia, confira abaixo os programas que abordaram o tema de jovens e álcool.
A Liga!
"Quanto mais olhos vêem, mais podem enxergar"
Para contar uma história sob a perspectiva de quem a vive só há um jeito, ir ao encontro dela. Comum seria não interferir e normal, nada sentir, não vivenciar. Mas não é isso que querem os apresentadores do programa. Eles tocam na realidade, olham de perto. Ao Participarem de um mundo do qual nunca fizeram parte, a indiferença vai embora. A cada passo, o envolvimento do repórter - assim como a do telespectador - aumenta. Entram em cena a surpresa, a indignação, a reflexão e a opinião.
Profissão Repórter
"Os bastidores da notícia"
Caco Barcellos e sua equipe de jovens repórteres vão às ruas, juntos, para mostrar diferentes ângulos do mesmo fato, da mesma notícia. Cada repórter tem sempre uma missão, um desafio a cumprir. Será que eles vão conseguir? No Profissão Repórter, você acompanha tudo. Os desafios da reportagem. Os bastidores da notícia.
Fontes:
A Liga
Profissão Repórter
Para saber mais:
Programa novo, formato velho? por Observatório da Imprensa
A Liga é o melhor programa jornalístico por Garcia Plugado
Experimentando o telejornalismo por Intercom
segunda-feira, 9 de maio de 2011
[Entrevista] Nilson Lage: A sala de aula do mundo
Via Observatório da Imprensa
Nilson Lage é jornalista e professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Começou em jornal 45 anos atrás, tem larga experiência de sala de aula e levou para a universidade o compromisso com o rigor factual (e conceitual) típico das melhores redações. É testemunha ocular das transformações da imprensa e jamais foi adepto, na academia ou fora dela, da abstenção ao bom debate. Participa amiúde de encontros, palestras, comissões, seminários, colóquios, conferências e ainda acompanha alunos em graduação e pós-graduação. De certo modo, pode-se dizer que Lage sempre deu a cara a tapa e tem exercido como poucos, e com arguta radicalidade, o exercício da crítica, da polêmica e da reflexão sobre a prática e os rumos do jornalismo no Brasil.
Os cursos de Jornalismo no Brasil sabem preparar os novos profissionais da mídia informativa? Outras perguntas, na mesma: os cursos de Jornalismo são mesmo necessários para formar um jornalista? Por quê?
Nilson Lage – Invertendo as questões: o jornalismo não era profissão de nível superior quando comecei a trabalhar, na década de 50. Havia três categorias de jornalistas: os competentes, que ou escreviam bem ou entendiam de produção gráfica, raramente as duas coisas; os que traziam anúncios ou tinham contatos políticos (entre esses os jovens da elite que não se adaptavam às profissões destinadas à sua classe); e, finalmente, os que faziam o trabalho mais pesado ou menos nobre, como saber o que se passava nas delegacias de polícia ou dar plantão nos hospitais. Os salários, para os jornalistas considerados necessários, costumavam ser complementados por empregos públicos, patrocinados pelas empresas e a que não se tinha de comparecer; os demais eram às vezes remunerados pelas fontes ou podiam arrumar outras receitas – participando, por exemplo, do rateio do dinheiro tomado pela polícia das prostitutas ou dos bicheiros.
É claro que a formação superior elevou o padrão ético, trouxe dignidade ao ofício e permitiu, senão maior brilho nos grandes momentos, pelo menos padrão mínimo de qualidade na produção rotineira. Está certamente relacionada à consciência de classe da categoria, que lutou por ela meio século.
Resta saber se qualquer formação superior serviria, como regra. Não creio. Primeiro, porque é jogar fora tempo e dinheiro. Um médico, entre a faculdade e a residência médica obrigatória, consome sete a oito anos de sua vida; se decidisse ser jornalista, gastaria mais um ou dois, no mínimo, até adquirir, da experiência e por autodidatismo, novos esquemas de pensamento e alguma proficiência – assim mesmo restrita aos impressos, ou ao rádio, ou à televisão, ou à internet. Sua formação básica (como médico) poderia ser útil apenas para uma porcentagem pequena de matérias e lhe traria, por outro lado, impedimentos éticos específicos: por exemplo, ao denunciar a desonestidade de um charlatão diplomado dirigindo-se não aos conselhos regionais de medicina, mas ao público em geral. Mesmo considerando que tal pessoa fosse empregada exclusivamente para cobrir o setor de saúde, e que habilmente se livrasse dos conflitos deontológicos, a maior exatidão técnica de seu texto teria que ser compensada por uma visão social e política que não é enfatizada nos cursos médicos.
Em minha opinião, apesar desse desperdício, deveria ser dada oportunidade de formação de jornalistas em cursos de pós-graduação, desde que contemplados os conteúdos técnicos e treinamento laboratorial. No entanto, nos países onde existe, esse canal de ingresso na profissão é mais procurado por executivos da área de comunicação do que por pessoas que ambicionam o salário de repórter, redator, repórter fotográfico etc.
Gostou? Leia a entrevista na íntegra
Nilson Lage é jornalista e professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Começou em jornal 45 anos atrás, tem larga experiência de sala de aula e levou para a universidade o compromisso com o rigor factual (e conceitual) típico das melhores redações. É testemunha ocular das transformações da imprensa e jamais foi adepto, na academia ou fora dela, da abstenção ao bom debate. Participa amiúde de encontros, palestras, comissões, seminários, colóquios, conferências e ainda acompanha alunos em graduação e pós-graduação. De certo modo, pode-se dizer que Lage sempre deu a cara a tapa e tem exercido como poucos, e com arguta radicalidade, o exercício da crítica, da polêmica e da reflexão sobre a prática e os rumos do jornalismo no Brasil.
Os cursos de Jornalismo no Brasil sabem preparar os novos profissionais da mídia informativa? Outras perguntas, na mesma: os cursos de Jornalismo são mesmo necessários para formar um jornalista? Por quê?
Nilson Lage – Invertendo as questões: o jornalismo não era profissão de nível superior quando comecei a trabalhar, na década de 50. Havia três categorias de jornalistas: os competentes, que ou escreviam bem ou entendiam de produção gráfica, raramente as duas coisas; os que traziam anúncios ou tinham contatos políticos (entre esses os jovens da elite que não se adaptavam às profissões destinadas à sua classe); e, finalmente, os que faziam o trabalho mais pesado ou menos nobre, como saber o que se passava nas delegacias de polícia ou dar plantão nos hospitais. Os salários, para os jornalistas considerados necessários, costumavam ser complementados por empregos públicos, patrocinados pelas empresas e a que não se tinha de comparecer; os demais eram às vezes remunerados pelas fontes ou podiam arrumar outras receitas – participando, por exemplo, do rateio do dinheiro tomado pela polícia das prostitutas ou dos bicheiros.
É claro que a formação superior elevou o padrão ético, trouxe dignidade ao ofício e permitiu, senão maior brilho nos grandes momentos, pelo menos padrão mínimo de qualidade na produção rotineira. Está certamente relacionada à consciência de classe da categoria, que lutou por ela meio século.
Resta saber se qualquer formação superior serviria, como regra. Não creio. Primeiro, porque é jogar fora tempo e dinheiro. Um médico, entre a faculdade e a residência médica obrigatória, consome sete a oito anos de sua vida; se decidisse ser jornalista, gastaria mais um ou dois, no mínimo, até adquirir, da experiência e por autodidatismo, novos esquemas de pensamento e alguma proficiência – assim mesmo restrita aos impressos, ou ao rádio, ou à televisão, ou à internet. Sua formação básica (como médico) poderia ser útil apenas para uma porcentagem pequena de matérias e lhe traria, por outro lado, impedimentos éticos específicos: por exemplo, ao denunciar a desonestidade de um charlatão diplomado dirigindo-se não aos conselhos regionais de medicina, mas ao público em geral. Mesmo considerando que tal pessoa fosse empregada exclusivamente para cobrir o setor de saúde, e que habilmente se livrasse dos conflitos deontológicos, a maior exatidão técnica de seu texto teria que ser compensada por uma visão social e política que não é enfatizada nos cursos médicos.
Em minha opinião, apesar desse desperdício, deveria ser dada oportunidade de formação de jornalistas em cursos de pós-graduação, desde que contemplados os conteúdos técnicos e treinamento laboratorial. No entanto, nos países onde existe, esse canal de ingresso na profissão é mais procurado por executivos da área de comunicação do que por pessoas que ambicionam o salário de repórter, redator, repórter fotográfico etc.
Gostou? Leia a entrevista na íntegra
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Técnicas de reportagem
"O extraordinário progresso experimentado pelas técnicas de comunicação de 1970 para cá, representa para a humanidade uma conquista e um desafio. Conquista, na medida em que propicia possibilidades de difusão de conhecimentos e de informações numa escala antes inimaginável. Desafio, na medida em que o avanço tecnológico impõe uma séria revisão e reestruturação dos pressupostos teóricos de tudo que se entende por comunicação."
O livro Técnica de reportagem: notas sobre a narrativa jornalística de Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari expõe regras básicas de reportagem. O enfoque é, sobretudo, descritivo, utilizando textos extraídos de jornais e revistas de nosso país. E está disponível para empréstimos e consultas na Biblioteca ESPM Rio.
O vídeo abaixo apresenta de forma divertida um formato padrão de reportagem televisiva. Não que essa seja a receita de bolo para uma boa reportagem, trata-se apenas de uma sátira bem humorada sobre o assunto.
Navegando pelos blogs da rede, encontrei o do jornalista Luka Ribeiro onde ele esclarece algumas dúvidas sobre técnicas utilizadas em reportagens:
Repórter
É quem faz a matéria junto com uma equipe de externa (repórter cinematográfico e auxiliar) Não existe telejornal sem a equipe. A função do repórter é produzir a matéria. Deve preocupar-se com texto e imagem, deve casar as entrevistas com as informações disponíveis no texto, deve também preocupar-se com postura, voz e aparência, deve dividir todas as informações com a equipe para que todos saibam o objetivo da matéria.
Matéria: O mesmo que reportagem. É o que é publicado no veículo de comunicação.
Matéria bruta: fita não editada.
Retranca: Identificação da matéria. É o nome que a reportagem tem. É usado apenas internamente e destaca apenas duas palavras do VT (Ex: INFLAÇÃO/COMÉRCIO).
Cabeça da matéria ou cabeça do vt: É o lide da matéria. Quem lê é sempre o apresentador que introduz o assunto da matéria feita pelo repórter.
Stand-up: Quando o repórter faz uma gravação no local do acontecimento para transmitir informações do fato. É usado quando a notícia que o repórter tem que dar é tão importante que, mesmo sem imagem, vale a pena.
O relatório de reportagem deve ter:
Cabeça: Sempre rascunhe uma cabeça para a matéria. A primeira frase quase sempre é uma manchete, uma frase afirmativa. A segunda explica a afirmação e introduz o assunto.
Off: Texto feito pelo repórter com base nas imagens oferecidas pela equipe de reportagem.
Passagem: É o momento que o repórter aparece na matéria. É ela que dá credibilidade ao que está sendo veiculado. A passagem pode ser usada para descrever algo que não temos imagem, destacar uma informação dentre outras, unirem duas situações, destacar um entrevistado ou criar uma passagem participativa.
Atenção!
Coloque o microfone a um palmo da boca. O repórter pode gesticular com mãos na passagem, mas entre um gesto e outro deve intercalar com posições neutras.
Sonoras: São as entrevistas gravadas e para fazê-las é preciso, antes de tudo, tirar todas as dúvidas com o entrevistado. Fique alerta, pois neste momento o repórter cinematográfico irá gravar as imagens da entrevista e logo após o contra-plano (imagem do repórter fazendo perguntas para o entrevistado).
Grave na fita o nome do entrevistado e o cargo que ocupa. O repórter de televisão deve, sempre que possível, obter do entrevistado respostas curtas. Nos telejornais uma sonora com mais de trinta segundos é considerada longa.
Passagem: Gravação feita pelo repórter no local do acontecimento, com informações a serem usadas no meio da matéria. É o momento em que o repórter aparece na matéria para destacar um aspecto da matéria.
Som ambiente: Diversos sons colhidos no momento da gravação da matéria. São buzinas, chuva, execução de sentença, torcedores gritando o nome do time, informações de áudio que vão ajudar no fechamento da matéria.
Teaser: Depois de concluída a gravação da matéria faça o teaser. Este formato de notícia é uma manchete gravada pelo próprio repórter que será inserida na escalada.
O livro Técnica de reportagem: notas sobre a narrativa jornalística de Muniz Sodré e Maria Helena Ferrari expõe regras básicas de reportagem. O enfoque é, sobretudo, descritivo, utilizando textos extraídos de jornais e revistas de nosso país. E está disponível para empréstimos e consultas na Biblioteca ESPM Rio.
O vídeo abaixo apresenta de forma divertida um formato padrão de reportagem televisiva. Não que essa seja a receita de bolo para uma boa reportagem, trata-se apenas de uma sátira bem humorada sobre o assunto.
Navegando pelos blogs da rede, encontrei o do jornalista Luka Ribeiro onde ele esclarece algumas dúvidas sobre técnicas utilizadas em reportagens:
Repórter
É quem faz a matéria junto com uma equipe de externa (repórter cinematográfico e auxiliar) Não existe telejornal sem a equipe. A função do repórter é produzir a matéria. Deve preocupar-se com texto e imagem, deve casar as entrevistas com as informações disponíveis no texto, deve também preocupar-se com postura, voz e aparência, deve dividir todas as informações com a equipe para que todos saibam o objetivo da matéria.
Matéria: O mesmo que reportagem. É o que é publicado no veículo de comunicação.
Matéria bruta: fita não editada.
Retranca: Identificação da matéria. É o nome que a reportagem tem. É usado apenas internamente e destaca apenas duas palavras do VT (Ex: INFLAÇÃO/COMÉRCIO).
Cabeça da matéria ou cabeça do vt: É o lide da matéria. Quem lê é sempre o apresentador que introduz o assunto da matéria feita pelo repórter.
Stand-up: Quando o repórter faz uma gravação no local do acontecimento para transmitir informações do fato. É usado quando a notícia que o repórter tem que dar é tão importante que, mesmo sem imagem, vale a pena.
O relatório de reportagem deve ter:
Cabeça: Sempre rascunhe uma cabeça para a matéria. A primeira frase quase sempre é uma manchete, uma frase afirmativa. A segunda explica a afirmação e introduz o assunto.
Off: Texto feito pelo repórter com base nas imagens oferecidas pela equipe de reportagem.
Passagem: É o momento que o repórter aparece na matéria. É ela que dá credibilidade ao que está sendo veiculado. A passagem pode ser usada para descrever algo que não temos imagem, destacar uma informação dentre outras, unirem duas situações, destacar um entrevistado ou criar uma passagem participativa.
Atenção!
Coloque o microfone a um palmo da boca. O repórter pode gesticular com mãos na passagem, mas entre um gesto e outro deve intercalar com posições neutras.
Sonoras: São as entrevistas gravadas e para fazê-las é preciso, antes de tudo, tirar todas as dúvidas com o entrevistado. Fique alerta, pois neste momento o repórter cinematográfico irá gravar as imagens da entrevista e logo após o contra-plano (imagem do repórter fazendo perguntas para o entrevistado).
Grave na fita o nome do entrevistado e o cargo que ocupa. O repórter de televisão deve, sempre que possível, obter do entrevistado respostas curtas. Nos telejornais uma sonora com mais de trinta segundos é considerada longa.
Passagem: Gravação feita pelo repórter no local do acontecimento, com informações a serem usadas no meio da matéria. É o momento em que o repórter aparece na matéria para destacar um aspecto da matéria.
Som ambiente: Diversos sons colhidos no momento da gravação da matéria. São buzinas, chuva, execução de sentença, torcedores gritando o nome do time, informações de áudio que vão ajudar no fechamento da matéria.
Teaser: Depois de concluída a gravação da matéria faça o teaser. Este formato de notícia é uma manchete gravada pelo próprio repórter que será inserida na escalada.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Assessoria de imprensa: gerando informação para sua empresa
O assessor de imprensa é o profissional responsável por fazer a ponte entre a empresa e um veículo de comunicação. Ele não vende matérias a um jornal, tampouco coordena campanhas de marketing ou publicidade, embora as delimitações entre as profissões têm diminuído e algumas funções possam se mesclar.
Para que o trabalho tenha sucesso, é preciso que a assessoria tenha conhecimento total do cliente que está atendendo, seja uma pessoa, um evento, um produto, um serviço ou uma organização inteira. Também é fundamental conhecer os objetivos de cada um e que público pretendem atingir. Os profissionais da assessoria transformam a informação em notícia. Para isso precisam saber identificar o que é notícia no dia-a-dia de seu cliente e fazer com que ela chegue ao grande público. A assessoria de imprensa não paga pelo espaço conseguido nos meios de comunicação. Existe uma relação de trabalho e confiança entre os profissionais da assessoria e os colegas da imprensa, que avaliam se a sugestão de pauta ou nota é interessante para o veículo e seu público.
Glossário:
Press release - é como algumas pessoas chamam o material que chega à imprensa produzido por jornalistas de assessorias. Geralmente contém informações básicas sobre o que deve ser noticiado: o quê, quando, onde, por quê. Atualmente o termo caiu um pouco em desuso, já que muitas empresas de assessoria enviam matérias completas para os veículos. Usa-se também o termo sugestão de pauta.
Press kit - é o nome dado ao material distribuído aos jornalistas em uma ocasião especial, como uma coletiva com a imprensa, lançamento de um produto ou serviço ou em um evento. É também o material produzido para os clientes como divulgação de seu negócio. Geralmente contém o perfil institucional do cliente, gráficos, fotografias e outros materiais que possam servir como subsídio para matérias.
Clipagem ou Clipping - É a catalogação de tudo o que foi publicado na imprensa sobre o cliente. Pode ser feita com o material publicado nos veículos impressos ou eletrônicos. No primeiro caso, a assessoria faz diariamente a leitura dos jornais, revistas e sites de interesse e entrega uma reprodução periódica ao cliente. Algumas empresas contam com serviços de clipagem de rádio e televisão, gravando várias emissoras e selecionando depois as notícias de interesse.
Veja como é o perfil do assessor de imprensa para Carina Almeida, sócia-diretora da Textual:
Assessoria de imprensa, o que é e como funciona?
Fontes:
Primeira Via
Peixe Fresco
Para que o trabalho tenha sucesso, é preciso que a assessoria tenha conhecimento total do cliente que está atendendo, seja uma pessoa, um evento, um produto, um serviço ou uma organização inteira. Também é fundamental conhecer os objetivos de cada um e que público pretendem atingir. Os profissionais da assessoria transformam a informação em notícia. Para isso precisam saber identificar o que é notícia no dia-a-dia de seu cliente e fazer com que ela chegue ao grande público. A assessoria de imprensa não paga pelo espaço conseguido nos meios de comunicação. Existe uma relação de trabalho e confiança entre os profissionais da assessoria e os colegas da imprensa, que avaliam se a sugestão de pauta ou nota é interessante para o veículo e seu público.
Glossário:
Press release - é como algumas pessoas chamam o material que chega à imprensa produzido por jornalistas de assessorias. Geralmente contém informações básicas sobre o que deve ser noticiado: o quê, quando, onde, por quê. Atualmente o termo caiu um pouco em desuso, já que muitas empresas de assessoria enviam matérias completas para os veículos. Usa-se também o termo sugestão de pauta.
Press kit - é o nome dado ao material distribuído aos jornalistas em uma ocasião especial, como uma coletiva com a imprensa, lançamento de um produto ou serviço ou em um evento. É também o material produzido para os clientes como divulgação de seu negócio. Geralmente contém o perfil institucional do cliente, gráficos, fotografias e outros materiais que possam servir como subsídio para matérias.
Clipagem ou Clipping - É a catalogação de tudo o que foi publicado na imprensa sobre o cliente. Pode ser feita com o material publicado nos veículos impressos ou eletrônicos. No primeiro caso, a assessoria faz diariamente a leitura dos jornais, revistas e sites de interesse e entrega uma reprodução periódica ao cliente. Algumas empresas contam com serviços de clipagem de rádio e televisão, gravando várias emissoras e selecionando depois as notícias de interesse.
Veja como é o perfil do assessor de imprensa para Carina Almeida, sócia-diretora da Textual:
Assessoria de imprensa, o que é e como funciona?
Assessoria de imprensa - O que é e como funciona
View more presentations from Happy Hour Comunicação
Fontes:
Primeira Via
Peixe Fresco
terça-feira, 3 de maio de 2011
Jornalismo investigativo
Dá-se o nome de Jornalismo Investigativo, à prática de reportagem especializada em desvendar mistérios e fatos ocultos do conhecimento público, especialmente crimes e casos de corrupção que podem eventualmente virar notícia. O jargão jornalístico para notícias publicadas em primeira mão é “furo”(quando uma equipe de repórteres e editores consegue apurar uma notícia, um fato ou um dado qualquer e publica esta informação sem que os veículos concorrentes tenham acesso a ela), que é muitas vezes fruto do trabalho do jornalismo investigativo.
O Jornalismo Investigativo distingue-se por divulgar informações sobre más condutas que afetam o interesse público, reconstruir acontecimentos importantes, expor injustiças, desmascarar fraudes, divulgar o que os poderes públicos querem ocultar e mostrar como funcionam esses órgãos públicos. Essas denúncias resultam do trabalho dos repórteres, e não de informações vazadas para as redações. E não se pode esquecer que o jornalismo investigativo normalmente é realizado por um repórter que trabalha sozinho. O profissional deixa a sua rotina diária para trabalhar em apenas uma matéria. É como se fosse uma “profissão perigo” temporária, claro, é necessário que ele próprio seja o editor, para evitar cortes de trechos importantes de sua matéria.
Outro fator muito importante para o jornalismo investigativo são as fontes. Não necessariamente precisa ser uma pessoa, mas também podem ser as informações públicas, os relatórios públicos, etc. Essas fontes podem também ser oficiais, regulares, ocasionais ou acidentais, documentação originais e secundárias, arquivos oficiais e privados. O repórter jamais pode desprezar qualquer tipo de fonte, principalmente no jornalismo investigativo. E não somente desprezar como também conservar essas fontes.
Assista abaixo depoimentos de especialistas no vídeo "Jornalismo Investigativo: a saga de uma reportagem", onde eles explicam melhor como se dá esse processo de jornalismo investigativo.
Conheça os limites legais para se fazer jornalismo investigativo:
Fontes:
O que é jornalismo investigativo? por Jornalismo Comparativo
O Jornalismo Investigativo distingue-se por divulgar informações sobre más condutas que afetam o interesse público, reconstruir acontecimentos importantes, expor injustiças, desmascarar fraudes, divulgar o que os poderes públicos querem ocultar e mostrar como funcionam esses órgãos públicos. Essas denúncias resultam do trabalho dos repórteres, e não de informações vazadas para as redações. E não se pode esquecer que o jornalismo investigativo normalmente é realizado por um repórter que trabalha sozinho. O profissional deixa a sua rotina diária para trabalhar em apenas uma matéria. É como se fosse uma “profissão perigo” temporária, claro, é necessário que ele próprio seja o editor, para evitar cortes de trechos importantes de sua matéria.
Outro fator muito importante para o jornalismo investigativo são as fontes. Não necessariamente precisa ser uma pessoa, mas também podem ser as informações públicas, os relatórios públicos, etc. Essas fontes podem também ser oficiais, regulares, ocasionais ou acidentais, documentação originais e secundárias, arquivos oficiais e privados. O repórter jamais pode desprezar qualquer tipo de fonte, principalmente no jornalismo investigativo. E não somente desprezar como também conservar essas fontes.
Assista abaixo depoimentos de especialistas no vídeo "Jornalismo Investigativo: a saga de uma reportagem", onde eles explicam melhor como se dá esse processo de jornalismo investigativo.
Conheça os limites legais para se fazer jornalismo investigativo:
Fontes:
O que é jornalismo investigativo? por Jornalismo Comparativo
Assinar:
Postagens (Atom)