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terça-feira, 29 de julho de 2014
Revelando o subconsciente do consumidor
Por Tiago Bosco para Wide
Um dos principais fatos descobertos pelos neurologistas explica que a maior parte de todas as decisões de compra são tomadas em nível subconsciente e que, sendo assim, é importante impactar o inconsciente do consumidor com memórias, emoções e experiências positivas. Com isso, o Neuromarketing surge como uma importante ferramenta capaz de ampliar o resultado da estratégia de marketing e alavancar as vendas.
Para compreender melhor este campo e de que maneira ele pode ser a chave para uma campanha de sucesso, a Wide conversou com Fátima Bana, especialista em Neuromarketing e Mestre em Comportamento do Consumidor pela Universidade da Califórnia. Confira.
WIDE Você poderia explicar aos nossos leitores de maneira resumida em que consiste o neuromarketing?
FÁTIMA BANA Neuromarketing é uma nova abordagem de pesquisa de marketing que faz uso da avançada tecnologia investigativa da neurociência comportamental. As ferramentas neurocientíficas possibilitam, de forma objetiva e com rigor científico, uma nova dimensão de compreensão das motivações implícitas do comportamento do consumidor. De acordo com a atividade cerebral conseguimos ver se uma determinada comunicação vai gerar repulsa, desejo ou ainda compra por impulso.
WIDE E de que maneira ele pode ser a chave para uma campanha de sucesso?
FÁTIMA BANA Versatilidade proporcionada pelo casamento entre as tradicionais pesquisas de mercado e as descobertas da neurociência se mostra um prato cheio para os publicitários e para as pesquisas de marketing. Descobrindo, por exemplo, o que causa a repulsa, por determinado produto, foto ou frase, podemos chegar ao que leva ao consumo e aí está o que chamamos de ouro do neuromarketing. A fórmula perfeita.
WIDE Em sua opinião, como o neuromarketing altera a relação entre empresas e consumidores?
FÁTIMA BANA Medir as respostas dos consumidores revela, de forma objetiva, onde devemos acertar, e isso para eles (consumidores) também é bom, pois serão impactados por propagandas realmente relevantes ao seu conceito de certo ou errado. Produtos realmente pensados para agradar.
E com as pesquisas de neuromarketing revelamos o subconsciente do consumidor; não vamos mais errar ao explorar o nosso potencial - acabam inclusive as propagandas enganosas, desde que usado com consciência e respeitando o consumidor.
WIDE Empresas e agências publicitárias já estão engajadas na utilização deste campo? Os custos para são altos ou são viáveis para PMEs?
FÁTIMA BANA No Brasil, este é um tema novo, ainda muito caro. As universidades brasileiras estão pouco focadas neste conceito, mas as pesquisas internacionais acontecem a todo vapor e um bom gestor em PMEs pode usar estudos "prontos" e aplicar em sua empresa. Mas fazer um estudo para seu próprio negócio, ainda é muito caro e inviável até para grandes corporações em muitos casos.
WIDE Poderia citar alguns exemplos das descobertas feitas pelo neuromarketing nas últimas décadas?
FÁTIMA BANA Descobriu-se que o cérebro gosta do simples. Quando você rebusca demais as ideias em sua mensagem ao consumidor ele ignora, simplesmente. Descobriu-se também que o cérebro segue uma zona lógica e por isso gosta que contem histórias - já utilizamos isso na propaganda.
Na ultima década percebemos que o cérebro feminino, diferente do masculino, se atrai pela socialização, mostre pessoas em contato para vender para mulheres e principalmente como o seu produto chegou naquele momento da socialização. Se é um jantar, mostre a cozinheira cortando os alimentos e usando seu produto no preparo.
O cérebro ama imagens e principalmente à sua forma e semelhança; rostos sempre são bem-vindos. O cérebro também prefere imagens à esquerda e palavras ou números à direita - podem perceber que internacionalmente esse layout vem sendo seguido em constância.
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
[Entrevista] Katsuhiro Harada, o produtor de Tekken
Por Fernando Mucioli para Kotaku
Ele é Katsuhiro Harada, produtor da série Tekken que trabalha na franquia desde que ela nasceu, em 1997, no PlayStation original. Ele esteve no Brasil pela primeira vez, como convidado da BGS 2012, e reservou um tempinho para conversar com o Kotaku por email sobre esse intenso mundo das lutinhas.
Até 2008, a cena de jogos de luta estava em baixa e enfrentando uma seca, mas a série Tekken parece nunca ter sido afetada por isso. Por que você acha que a franquia conseguiu se manter forte? Você acredita que houve um “renascimento” dos jogos de luta depois do lançamento de Street Fighter IV?
O Kotaku é bem analítico, para ser sincero, então talvez o pessoal do Kotaku Brasil entenda bastante de jogos de luta. Como mencionado, especialmente na segunda metade dos anos 90, analisando as unidades vendidas de consoles entre 1997 até o lançamento de Tekken 6 em 2009, ou nos arcades, entre 2004 e 2010, [a série] Tekken bateu um novo recorde como primeiro lugar entre os jogos de luta. Tekken sempre teve muito apoio, enquanto outros jogos de luta se ausentaram, desistiram dos arcades ou não lançaram sequências para os consoles.
Uma das razões para isso é como o jogo é visto entre os próprios jogadores de Tekken. Alguns o vêm como um jogo de torneio, enquanto outros o enxergam mais como um game de ação no qual podem controlar o corpo dos personagens livremente até ver as CGs dos finais. Não importa o caso, sempre criamos o jogo depois de coletar as opiniões dos fãs em vários países do mundo. Acho que os jogos continuaram por tanto tempo por causa disso.
Quanto ao “revival” de Street Fighter, acredito que ele teve um bom impacto nos games de luta. Ele foi bem recebido não só pelos jogadores que costumavam gostar da série, mas também por jogadores mais jovens. Entretanto, gostaria de ver jogos de luta sendo feitos por uma produtora fora do Japão. Não vemos esse tipo de movimento ultimamente, apesar de existirem alguns jogos de luta 2D bem limitados. Não há jogos no gênero da luta 3D. Isso é uma pena.
O quão importante é trazer novos jogadores não só para Tekken, mas para os jogos de luta como um todo? Qual você acha que é a melhor maneira de fazer isso: simplificando as mecânicas ou explicando melhor as que já existem?
Esse é um problema difícil. Eu acredito que jogos com mecânicas simplificadas também sejam necessários. Porém, só ter as mecânicas mais simples resulta em jogos que ficam chatos com facilidade. A teoria ideal é um fluxo no qual o os novos jogos de luta vão substituindo os atuais mas, na realidade, as coisas não são tão fáceis assim.
Então começa-se a discutir se os tutoriais vão dar conta, mas há muitos tutoriais tão chatos quanto aulas no colégio. Por isso adicionamos um novo modo chamado “Fight Lab” em Tekken Tag Tournament 2. Ele é estruturado em cima de uma história única e, ao completar vários minigames, os jogadores podem ir aprendendo os controles e estratégias básicas naturalmente.
Esse modo foi bem recebido e estou pensando em expandi-lo no futuro. Entretanto, o número de novos jogadores não vai necessariamente crescer muito se pararmos aí. Acho que existe um jeito melhor.
Em termos práticos, é mais importante desenvolver uma comunidade ou eventos que combinem com cada país ou território mais do que ter lutas “sérias”, como as de um torneio profissional. Para esse tipo de jogo, no qual é divertido alcançar um nível alto de técnica, é mais importante que ele tenha um bom apoio e faça muito barulho. Não dá para resolver o problema só com uma estrutura digital.
Você e sua equipe já estão trabalhando no próximo projeto, seja lá o que vier depois de Tekken Tag Tournament 2? Por quanto tempo vocês planejam dar suporte a esse jogo, oferecendo novo conteúdo?
Por enquanto estou me esforçando para dar suporte e manter Tekken Tag Tournament 2 atualizado. Mas na minha cabeça, já vou pensando no próximo projeto enquanto olho o feedback e recepção de Tekken Tag Tournament 2. Na verdade, eu não cuido só de Tekken, então estamos pensando em um novo tipo de jogo, um pouco diferente.
Como você vê o estado atual da cena de jogos de luta? Existe algo que precise mudar? Você acha que serviços como o World Tekken Federation é um passo em direção a esse futuro?
O World Tekken Federation é um passo, mas é um passo para os jogadores “hardcore”. Na minha concepção, eu acredito que devamos evoluir os jogos de luta tradicionais na direção para onde eles estão indo atualmente, ao mesmo tempo em que criamos outro caminho para o gênero. Além de seguir o legado, acredito que é necessário dar um acesso aos jogdores da nova geração.
O Yoshinori Ono, da Capcom, mencionou várias vezes como o trabalho de produtor pode ser estressante. Como você lida com esse aspecto no trabalho?
É verdade, o Ono-san menciona bastante para a mídia “como o trabalho de produtor é difícil”. Ele foi até parar no hospital logo quando voltou pra casa depois de uma viagem de trabalho comigo.
Mas deixa eu contar um dos segredos deles. Mentalmente, ele é um ser humano forte. Forte de uma maneira em que você nem consegue imaginar usando o senso comum. Ele parece que age emocionalmente, mas não é assim; ele é uma pessoa que calcula tudo de uma maneira bem calma, mesmo que as coisas estejam meio difíceis na empresa, ou que ele esteja sendo xingado por várias pessoas na internet. O Ono-san não se comove.
Falta de educação, fofocas e intrigas de trabalho não funcionam com ele. Para te dizer a verdade, a quantidade de stress que vem do trabalho é a menor. Mesmo que ele diga que está estressado, o que ele chama de stress no trabalho não é um milésimo do stress de um humano normal. Mas quando ficam sabendo disso na empresa, dizem pra ele trabalhar mais, certo? É por isso que ele fica fingindo que está estressado! Ser resistente assim ao stress é algo muito raro na nossa indústria.
Yoshinori Ono, Hiroshi Matsuyama (CyberConnect 2) e Tomonobu Itagaki (Valhalla Games, ex-Team Ninja) – para essas três pessoas, não existe stress no trabalho! Esses caras ficam falando: “O Harada é louco! O Harada é louco!” para a mídia e os fãs, mas na verdade é o contrário. Esses três são loucos MESMO. Eles não se importam com nada além do trabalho. Eles vão falar só de trabalho até os últimos minutos antes de o mundo ser destruído por um meteorito caído do espaço. Eles são muito doidos. Mesmo se alienígenas ou o Exterminador invadir o mundo, não importa para eles. É quando eles não trabalham que eles ficam estressados. Esse é um fato que só eu sei: eles são loucos varridos!
Falar desse tipo de coisa com as pessoas é o melhor jeito de me libertar do stress. Ah, é muito divertido falar com as pessoas. Enquanto houver uma garrafa de tequila e um bom jogo de luta, eu nunca vou me estressar.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
[Entrevista] A banca e o mercado editorial
Por Luciano Martins Costa para Observatório da Imprensa
Francisco Chagas Holanda é jornaleiro, possui uma banca de jornais e revistas na Alameda Santos, esquina com a Rua Pamplona, em São Paulo, e é também jornalista. Francisco Holanda é autor, em parceria com a também jornalista Milena Shimizu, de um trabalho de pesquisa com mais de 300 páginas, sobre como as bancas de revistas e jornais influenciam as decisões do mercado editorial.
Luciano Martins Costa: - Francisco, a que conclusões vocês chegaram nesse trabalho?
Francisco Holanda: - A importância da banca para o mercado editorial é um trabalho que defende a tese de que a banca deve ser trabalhada como um espaço de divulgação e não de venda, e que o editor que colocar seu produto na banca achando que é a sobrevivência dele, ele já começa fadado ao fracasso. Esse trabalho é desenvolvido em vários capítulos, com uma pesquisa bem sólida e fundamentada, em que a gente aborda não só os editores, mas toda a distribuição. E mostra que não só as revistas, mas também os jornais têm que trabalhar o espaço da banca como um espaço de divulgação. Todos estão lá. O leitor é livre para escolher, e é dessa livre-escolha que ele tem que tirar suas conclusões.
Luciano Martins Costa: - Por isso é que há muita pressão dos departamentos de distribuição das editoras para fazer uma boa exposição das publicações?
Francisco Holanda: - Sim. Com toda razão. A gente fala que a banca é o lugar das cotoveladas, porque é lá que estão os seus pares e é lá que você tirar as conclusões mais vivas. Inclusive, a gente mostrou um trabalho da Revista Época em que ela colocou sensores de vendas em determinados pontos do Brasil inteiro, e que se aferia o horário em que a revista era vendida; a quantidade de exemplares vendidos durante a semana; quais eram os temas que chamavam mais atenção. E chegaram a algumas conclusões: Cristo, drogas, emagrecimento eram temas que sempre vendiam. Nesse sentido é que a gente mostrou também que a fragmentação de títulos, um título guarda-chuva, que cobre um monte de revistas, traz outra tendência: a revista nasce para atender um público específico e fazer análise de um determinado tema, não é mais aquela revista factual. Nem o jornal pode ir mais para o factual.
Luciano Martins Costa: - Como as características da venda, do ponto de venda, estão alterando as decisões editoriais?
Francisco Holanda: - Alteram na medida em que, ao colocar o seu produto em um ponto de venda, o editor percebe a tendência do mercado. Como a tendência é uma tendência ao mesmo tempo de análise – o leitor procura um produto que vá atender a necessidade dele, mas a necessidade com mais profundidade – e de atender uma necessidade imediata. Ou seja, não é à toa que os jornais de serviços locais vendem mais que os grandes jornais, tradicionais, de circulação nacional. O que eles trazem resolve o problema da aposentadoria, o problema do trânsito, chuva.
Luciano Martins Costa: - É a função utilitária da imprensa?
Francisco Holanda: - A função utilitária da imprensa. Ao mesmo tempo, as revistas começaram a agregar serviços, como é o caso da Veja, em que o leitor chega na banca procurando pela Vejinha, olhar na programação da Vejinha. Até esquece o tema de capa da revista. Nos outros títulos, como os de decoração, um exemplo bem prático. A Casa Cláudia lançou um monte de títulos: “Decorando só o seu quarto”; “Decorando só a cozinha”; então procura trabalhar a cozinha em todos os seus aspectos. Essa cozinha pode ser expandida para todos os outros títulos da banca.
Luciano Martins Costa: - Ou seja, a editora procura explorar cada vez mais uma marca específica, suas marcas específicas.
Francisco Holanda: - Exatamente. A marca vem da confiabilidade ou assunto tratado. A multiplicidade de títulos não quer dizer desleixo ao trabalhar os temas, pelo contrário: só se dá bem quem trabalha muito bem cada tema escolhido.
Luciano Martins Costa: - E qual é a tendência de futuro na sua opinião?
Francisco Holanda: - A tendência de futuro é exatamente essa: a banca é um ponto em que você faz a aferição dos produtos, vê qual é a tendência do mercado, corre atrás e tenta trabalhá-lo da melhor maneira possível.
segunda-feira, 24 de junho de 2013
[Entrevista] A importância da estratégia
Entrevista com MARIO PERSONA, Palestrante, autor e consultor. Palestras de comunicação, vendas, inovação, segurança no trabalho (SIPAT), meio ambiente e qualidade de vida.
É mais fácil ser palestrante, consultor ou escritor? O que proporciona mais prazer, e uma atividade é conseqüência da outra?
Mario Persona - Sem dúvida alguma, a atividade que maior satisfação traz no longo prazo é ensinar, seja isso feito no meio acadêmico, através de livros ou em palestras. Gerar conhecimento é como fazer uma semeadura; sempre encontraremos frutos, e frutos dos frutos, ao longo de nossa vida. Sinto um prazer muito grande quando recebo algum e-mail de um aluno, de um leitor ou de alguém que esteve em uma palestra agradecendo pelo que aprendeu.
Particularmente considero a consultoria a atividade mais difícil, pois o consultor sempre acaba batendo de frente com o cliente ao apontar os problemas em sua empresa e as soluções que nem sempre são de fácil implementação. Todas essas atividades acabam se relacionando em vários aspectos, pois em todas elas o produto é o conhecimento e a experiência.
Estratégia não é um conceito simples de ser assimilado, porém, quando bem elaborada, geralmente é a salvação de muitas empresas. Existe uma maneira fácil de defini-la e aplicá-la?
Mario Persona - A maneira mais simples de se enxergar estratégia é pensar que a empresa está em um ponto "A" e precisa atingir um ponto "B". Estratégia é o que deve ser feito para se chegar lá, o que nem sempre é uma linha reta. Aí entra a inteligência do estrategista em analisar as muitas variáveis envolvidas no processo e escolher aquela que melhor se aplica à situação. Quem costuma velejar sabe que para ir do ponto "A" ao "B" às vezes é preciso viajar em zigue-zague para aproveitar melhor os ventos. Porém, a idéia de pontos "A" e "B" é apenas uma ilustração simples, mas nem sempre reflete a realidade. Há situações em que a melhor estratégia é não ir ao ponto "B" ou, talvez, até mesmo sair do segmento ou do mercado. Uma boa estratégia não pode partir de premissas imutáveis e deve levar em conta as possibilidades. Infelizmente muitas empresas procuram uma estratégia para negócios do tipo "Queremos vender areia no Saara" e até acabam encontrando um consultor que faça um bonito trabalho neste sentido. Sem resultado, porém.
Existe diferença entre a estratégia utilizada pelas empresas e a estratégia utilizada por profissionais liberais ou pessoas físicas?
Mario Persona - Os princípios são os mesmos, embora os objetivos possam variar. O que está acontecendo com maior freqüência, tanto para profissionais como para empresas, é que hoje somos obrigados a dirigir com um pára-brisa convexo, como uma lente que permita enxergar em 360 graus. Um olho fica no destino, mas o outro fica atento a mudanças repentinas no mercado. Antigamente fazíamos planos para vinte anos, depois para dez, depois para cinco, para três... Hoje um terrorista qualquer assume o controle de um avião e muda o mundo em questão de minutos. A melhor estratégia hoje é a estratégia da mudança contínua, ou melhor, da prontidão para a mudança.
Bom relacionamento interpessoal é sinônimo de marketing pessoal?
Mario Persona - O relacionamento interpessoal é apenas uma das facetas do marketing pessoal. O marketing pessoal tem por objetivo criar uma marca positiva por onde quer que passemos, portanto é um trabalho de "marcar" pessoas com nossas qualidades para que elas multipliquem essa percepção. O bom marketing pessoal é como um perfume, que deixamos por onde quer que passemos, quer criemos um relacionamento mais estreito com as pessoas que encontramos, quer não.
Por que muitas empresas continuam errando na estratégia, apesar de contar com os melhores profissionais do mercado?
Mario Persona - Acho que o gesso é sempre um problema para qualquer negócio. Empresas engessadas demoram a perceber que estão no caminho errado ou que demoraram demais para adotar uma nova rota. Mesmo que uma empresa apele para um bom profissional, devemos nos lembrar de que esses profissionais também são seres humanos, sujeitos a erros, a teimosias e a uma visão equivocada do mercado. Como fazemos com a saúde, nunca é demais buscar uma segunda opinião.
Por experiência própria, noto que a maioria das empresas não se preocupa com os conceitos do planejamento estratégico, missão, visão, valores, políticas e outras coisas básicas da administração moderna? A que você atribui esse ceticismo?
Mario Persona - Creio que nem sempre é uma falta de preocupação, mas uma falta de tempo para se preocupar. As empresas hoje vivem em um ritmo tão acelerado que mal podem parar para planejar. Mas é aí que muitas acabam se dando mal, pois sem planejamento fica difícil crescer ou até mesmo sobreviver nos dias de hoje. O que às vezes é preciso é um planejamento mais enxuto, mais de guerrilha, de campo de batalha, sem muitas delongas em seguir o figurino e preencher todas as etapas.
Sob o ponto de vista do marketing, que conselhos você daria aos iniciantes no mundo dos negócios para encurtar o caminho da prosperidade?
Mario Persona - Não existe prosperidade sem trabalho, sem planejamento, sem uma visão clara e inteligente dos objetivos da empresa ou do profissional. Em marketing, entendo que essa visão clara está em ter bem definido quem é nosso cliente e sua capacidade de compra. Nem sempre um bom produto ou serviço garante que minha empresa vá prosperar. Eu posso vender Ferraris, mas se quiser fazer isso para uma comunidade pobre em um país subdesenvolvido, não vou conseguir. Deve haver inteligência em qualquer negócio para avaliar todas as possibilidades.
Apesar das dificuldades para se empreender no Brasil, da falta de seriedade com as leis e da falta de apoio para os pequenos e médios empreendedores, muitos ainda prosperam. A estratégia de marketing pode contribuir para a redução da mortalidade das empresas no país?
Mario Persona - Sim, e o primeiro passo é deixar claro para o empreendedor que marketing não é propaganda, mas todo um conjunto de ações que envolvem detectar, analisar e atender de forma lucrativa as necessidades e desejos de um mercado. O que muitas vezes acontece é um problema de comunicação. Se você perguntar, a maioria das empresas dirá que está investindo em marketing porque colocou um anúncio no jornal. Quando nada acontece, o empresário acaba concluindo que nem mesmo uma estratégia de marketing foi capaz de fazer algo por sua empresa.
Se o Mario Persona tivesse o poder de mudar a estratégia de atuação do Brasil perante a comunidade internacional, qual seria a primeira providencia a ser tomada?
Mario Persona - Investir em educação e infra-estrutura, privatizar o maior número possível de empresas e explorar muito bem as áreas e os acordos de livre mercado. Outra providência seria evitar a todo custo uma atitude paternalista de proteção de mercado e barreiras contra a livre concorrência. Estamos assistindo ao nascimento de várias nações nesta virada de século. Os países da ex-União Soviética, a China, os países da região Ásia-Pacífico, todos eles são como recém-nascidos tentando se livrar da placenta e cortar o cordão umbilical com o passado. Os que estão sendo rápidos na adoção de práticas de livre iniciativa, livre concorrência e livre mercado estão se saindo melhor. O caminho é esse.
Qual é o diferencial competitivo do Mario Persona?
Mario Persona – Creio que meu diferencial competitivo está naquilo que o mercado pensa de mim. Por isso procuro ouvir bastante para tentar detectar as arestas que devem ser eliminadas, porque todos nós as temos. Outra coisa é saber que o diferencial competitivo muda rapidamente, acompanhando os tempos e a percepção do mercado. Por isso seria temerário afirmar que meu diferencial hoje é isso ou aquilo, sabendo que amanhã pode ser outro. Gosto de me lembrar que há dez anos eu era procurado por ser entendido em Internet, nas possibilidades do comércio eletrônico, na revolução que estava por acontecer. Se eu tivesse parado nisso depois que a revolução aconteceu estaria a ver navios. A maioria de meus clientes atuais nem sequer imagina que um dia meu conhecimento de Internet foi meu diferencial.
Como estrategista e palestrante, você acredita no futuro no Brasil?
Mario Persona – Creio que sim, por causa da índole de nosso povo. O mundo inteiro sabe que o brasileiro é um povo criativo, amigo e empreendedor, por isso creio que temos tudo para vencer é nisso que está nossa força como povo. Estamos vendo um mundo que muda o tempo todo e onde a prosperidade cresce mais pelo diálogo do que pela força, e o brasileiro é bom no diálogo, no relacionamento e na facilidade de se adaptar às mudanças.
Fonte: Mario Persona
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Como administrar o tempo
Entrevista com Stefi Maerker e outras mulheres sobre administração do tempo para mulheres - como profissionais bem sucedidas conseguem acumular o papel de profissioal e mãe.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
[Entrevista] Motivação não é sinônimo de comprometimento
Por Patrícia Bispo para o RH.com.br
Os líderes são os principais personagens que se configuram como representantes das empresas junto às equipes. Ou seja, eles são os responsáveis por repassarem todas as informações necessárias e darem o suporte suficiente para que os talentos atinjam e superam as expectativas do negócio - fator que determina a sobre vivência de qualquer organização. Se por um lado a empresa espera que os colaboradores vistam a camisa e se engajem e se sintam, de fato, parte integrante da corporação é de se esperar, no mínimo, que as lideranças também sigam o mesmo caminho. Ou seja, que os líderes estejam comprometidos e deem o melhor de si.
O problema surge quando a gestão passa consideram profissionais motivados com aqueles que se mostram comprometidos. De acordo com Fátima Rossetto, diretora da área de Talent Development da LHH|DBM e responsável por projetos de cultura, desenvolvimento de lideranças, assessment e programas de sucessão para executivos, o líder motivado olha para curto prazo. Já a liderança comprometida possui uma visão estratégica para a empresa. Em entrevista ao RH.com.br, ela afirma que "A liderança comprometida está sempre focada em antecipar-se, ou seja, está constantemente buscando soluções em termos de gestão do pipeline de sucessão com foco na perenidade corporativa". Durante a entrevista, ela pontua indicadores que revelam as características de um líder verdadeiramente comprometido.
RH.com.br - Quais são principais as características de um líder comprometido?
Fátima Rossetto - O líder comprometido com a empresa e, consequentemente com suas responsabilidades conhece as necessidades do negócio e as expectativas das pessoas com quem ele atua diariamente. Ou seja, ele identifica as necessidades de cada membro do seu time, contemplando isso em uma perspectiva de curto médio e longo prazo ao fazer a gestão. A liderança comprometida está sempre focada em antecipar-se, ou seja, está constantemente buscando soluções em termos de gestão do pipeline de sucessão com foco na perenidade corporativa.
RH - É comum que as pessoas ainda confundam a liderança motivada com a liderança comprometida?
Fátima Rossetto - Sim, mas existem diferenças entre o líder motivado e aquele que é, de fato, comprometido. A liderança motivada olha para curto prazo. Já a liderança comprometida olha estrategicamente para a empresa e promove ações de forma a atender o sistema e não apenas a sua área, o seu time ou o seu próprio interesse.
RH - O primeiro passo para se mostrar comprometido, passa obrigatoriamente pela motivação?
Fátima Rossetto - O primeiro passo para o comprometimento não passa pela motivação como muitas pessoas imaginam. O primeiro passo de um líder comprometido permeia o autoconhecimento. Ou seja, para estarmos comprometidos com algo ou com alguém, precisamos saber quem somos e o que efetivamente queremos. Esse é um passo fundamental para fazermos a escolha de estarmos onde estamos.
RH - Através de treinamentos, por exemplo, é possível fazer que um líder migre da motivação para o comprometimento?
Fátima Rossetto - Um programa de desenvolvimento, por exemplo, que vise a reflexão e promova o autodesenvolvimento faz com que o indivíduo compreenda seu propósito e isso, consequentemente gera comprometimento. É importante lembrarmos que o dia a dia precisa estar voltado para o que faz com que as pessoas que atuam na organização tomem, abracem os desafios como seus. Nesse caso, o desafio será visto como uma oportunidade de crescimento profissional.
RH - Líderes comprometidos sempre são bem aceitos por equipes de baixa performance?
Fátima Rossetto - Costumo afirmar que o líder comprometido é aceito por qualquer tipo de equipe, pois ele sempre está atento às necessidades do business e das pessoas que estão próximas a ele, trabalhando para que o alinhamento seja sempre contínuo.
RH - As lideranças comprometidas podem ser consideradas uma ameaça para os líderes que não estão dispostos a superar as expectativas da empresa e de seus pares?
Fátima Rossetto - Sem dúvida alguma que podem ser considerados uma ameaça. Por quê? Porque elevam a régua do que é esperado de um líder, fazendo com que as outras equipes exijam de seus líderes comportamentos similares.
RH - Em sua opinião, quais os fatores que inibem um profissional, seja ele líder ou liderado, de se tornar comprometido com a empresa?
Fátima Rossetto - São vários os fatores como, por exemplo, possuir valores e interesses pouco compatíveis coma organização. No caso específico dos liderados, perceber que a empresa não oferece desenvolvimento e que seu líder não tem a preocupação com o seu desenvolvimento. Isso é relativo e irá variar de caso para caso. Não podemos generalizar que um fator X é responsável pela falta de comprometimento em uma determinada empresa, é preciso ter uma visão holística dos fatores que envolvem a situação.
terça-feira, 27 de novembro de 2012
[Entrevista] Cinema de tradução com Jorge Furtado
Por Guilherme Bryan
Cineasta que traduziu clássicos de Lewis Carroll para o português discute o valor do texto na criação de filmes.
Desde a adolescência a personagem Alice, de Lewis Carroll, povoa o imaginário do cineasta gaúcho Jorge Furtado, de 52 anos, conhecido por curtas como Barbosa (1988) e Ilha das Flores (1989) e pelos longas Houve uma vez Dois Verões (2002), O Homem que Copiava (2003), Meu Tio Matou um Cara (2004) e Saneamento Básico - O Filme (2007). Não é à toa, portanto, que ele dedicou os últimos anos a traduzir, com Liziane Kugland e pela editora Alfaguara, Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de 2007, e Alice Através do Espelho (E o que ela encontrou lá.
Autor do romance Trabalhos de Amor Perdidos (2005), escrito por encomenda da editora Objetiva, começou a carreira como jornalista na gaúcha TV Educativa. Foi um dos primeiros blogueiros do país. Jorge Furtado defende o cinema coletivo praticado, por exemplo, pela Casa de Cinema de Porto Alegre, da qual é sócio desde o surgimento, em 1987. Gaba-se de sempre aparecer nos créditos de seus filmes simultaneamente como diretor e roteirista e comemora o fato de, em março de 2008, ter sido homenageado pelo Harvard Film Archive, ligado à Universidade Harvard (EUA), com uma mostra dedicada aos seus filmes.
Apesar de acostumado a usar o pronome "tu" à gaúcha, mesmo quando não necessário, considera vital a leitura e o domínio da língua para a atividade de cineasta: "O cara só aprende a ser cineasta lendo. O cinema cria imagens, mas a leitura cria imaginação. Quando lê, tu filma na tua cabeça. No cinema, alguém imaginou por ti e criou as imagens".
Como surgiu a oportunidade de traduzir os dois Alice?
Desde a adolescência, eu leio a Alice em várias e várias versões. A primeira que li foi a do Tesouro da Juventude. Depois li a tradução do Monteiro Lobato e, mais tarde, a do Sebastião Uchoa Leite. Aí me interessei em ler o original. No final dos anos 90, fiz uma primeira tentativa de tradução, não integral, para uma peça de teatro que foi montada pela Luana Piovani. Nos anos 2000, resolvi enfrentar o livro todo. Mas meu inglês não dá para isso, de maneira alguma. Então convidei a Lizane Kugland, que é tradutora e foi minha professora de inglês, e fizemos juntos. Levamos uns dois anos para traduzir o primeiro. Em seguida, pensamos em fazer o segundo e, após começarmos a ler, chegamos à conclusão de que seria até mais interessante, com o mesmo espírito de fazer uma tradução bastante fiel, na íntegra, e adaptada para crianças brasileiras de hoje. Algo que elas poderiam ler sem nota de pé de página e entender as piadas.
O que você acha das traduções brasileiras?
As duas traduções que eu conheço com o mesmo espírito da nossa são a do Monteiro Lobato e a da Ana Maria Machado. São traduções do texto integral para crianças. As outras são adaptações ou traduções em que só se entende a piada lendo a nota de pé de página ou o original também. Do segundo livro, não conheço outra tradução como a nossa. O livro é feito de trocadilhos, silogismos, coisas de lógica e piadas de todos os tipos com a língua. Mas totalmente compreensível para crianças inglesas do século 19. Se tu traduzir literalmente para hoje, uma criança não entende nada. Então era preciso entender a piada naquele contexto em que foi dita, a intenção do autor, e adaptar para as crianças imaginárias de hoje.
Por exemplo?
Quando Alice cai no poço, ela brinca com o som das palavras bat (morcego) e cat (gato). Quando tu vais traduzir para o português, se traduz "gato" e "morcego" não tem graça. São palavras muito diferentes. Então a gente teve de traduzir para "gato" e "rato", e inventar outro jeito de chegar à frase. Aí a criança entende a brincadeira, pois adora trava-línguas e jogos de palavras. A gente deu um salto quando tinha de traduzir "Tweedledum and Tweedledee". As crianças não entenderiam nada da piada, pois não conheciam aquela canção britânica. Então tivemos de achar uma canção brasileira, original, em português, que as crianças entendessem. Chegamos então no "Tindolelê" e "Tindolalá", que elas conhecem e, sonoramente, são parecidas com o original.
O que uma boa tradução precisa ter?
A boa tradução é a que mantém a intenção do autor e o prazer da leitura na língua de destino. É preciso ter um respeito à intenção, mas tratar com algum desrespeito os detalhes do original, para poder fazer com que ele faça sentido numa nova língua e numa outra época. Ivo Barroso, grande tradutor, dizia que só existe uma crítica possível a uma tradução: outra tradução. O Carroll tinha uma imaginação prodigiosa. É um livro de muitas brincadeiras com lógica e linguagem, pois ele era um grande matemático e pesquisava a potencialidade da língua.
O que achou do filme do Tim Burton?
Visualmente lindo, como tudo o que ele faz, e uma porcaria inqualificável como roteiro e desrespeito ao original. Ele não poderia ter chamado o filme de Alice no País das Maravilhas porque, primeiro, mistura os dois livros todo o tempo, e, segundo, porque, no caso dele, transformou a Alice numa heroína moralista, com espada na mão, tentando matar o dragão. É o oposto do livro. Talvez a maior revolução do Lewis Carroll tenha sido fazer um livro para crianças que não é moralizante. A literatura infantil, até então, era para ensinar as crianças a serem adultas comportadas. Tim Burton seguiu a lógica hollywoodiana, de bem e mal. O personagem do Chapeleiro é constrangedor, ajudando a Alice a derrotar o dragão. O funk do Gato é para sentir vergonha alheia (risos). E o filme termina com a Alice moralizadora, saindo suja de barro de um buraco real e partindo de navio para fazer negócios na China, de acordo com o interesse da Disney de conquistar o mercado chinês. Carroll deve ter rolado na tumba.
Como você se relaciona com o uso da língua portuguesa no cinema?
Abel Gance (cineasta francês) diz que o cinema é a música da luz. E gosto de música com letra (risos). Para mim, o cinema está mais relacionado com a poesia do que com a prosa, porque é um texto com ritmo, métrica, estrofes e versos. O cinema tem uma métrica perfeita, inclusive tecnicamente, os vinte e quatro quadros por segundo. Eu me preocupo muito quando estou escrevendo com o modo como as pessoas vão ouvir. Escrevo com o ouvido. Isso é uma característica de quem trabalha com a dramaturgia do teatro e do cinema. Com quem escreve um texto que vai ser ouvido. Jorge Luis Borges diz que a leitura em voz alta de um texto é um ótimo teste da sua qualidade. Sempre leio meus textos em voz alta, é uma experiência que serve para todo mundo sentir o ritmo do texto e a sonoridade das palavras.
Por que, desde Ilha das Flores, a locução tem uma importância grande nos seus filmes?
O texto em off é uma importação da literatura. Gosto muito e funciona muitas vezes, quando é um adicional ao filme e não uma muleta para a cena. Também sempre gostei de misturar várias fontes. Ilha das Flores surgiu num momento, talvez inédito no Brasil, de utilizar o hipertexto, com uma palavra que leva para outra palavra, em camadas. Essa ideia de relacionar conteúdos rapidamente eu acho muito apropriada para a linguagem audiovisual. Curiosamente, Shakespeare foi um dos primeiros a fazer mudanças de um cenário para outro, desrespeitando regras teatrais da época. (David Wark) Griffith, em Intolerância (1916), pula de uma época a outra rapidamente. E, com a linguagem cada vez mais rápida e acesso a muita informação, tu podes utilizar o poder do audiovisual e concentrar muita coisa num tempo curto, mudando de um registro para outro. Pensar na linguagem é quase um tema do meu trabalho.
Qual o peso do roteiro na qualidade do filme?
O roteiro é peça fundamental e o ponto de partida de um filme. Ele é uma forma de expressão, mas há algumas técnicas que podem ser aprendidas. Quase todos os bons roteiros quebraram regras. É difícil quebrá-las e, para quebrar, é bom conhecê-las. Tem de trabalhar muito no roteiro antes de começar a filmar. Um filme é caro, com uma equipe grande, e é difícil na montagem refilmar coisas. No roteiro, não. Você escreve e reescreve sozinho. Mas o filme é o resultado de um trabalho coletivo. No Brasil, a qualidade do roteiro tem melhorado, pois as pessoas se deram conta de que precisam trabalhar mais na história. Porém, ao mesmo tempo, faltam roteiristas no Brasil. Há bons e novos roteiristas, mas ainda é a maior carência, pois eles são um ser de dois mundos. Tem de saber escrever e gostar de cinema. E quem não lê não sabe escrever.
Fonte: Revista Língua Portuguesa
terça-feira, 13 de novembro de 2012
[Entrevista] com Bernard Schneuwly
Por Denise Pellegrini
Você pode não conhecê-lo pelo nome, mas o trabalho do suíço Bernard Schneuwly, professor da Universidade de Genebra, já deixou de ser novidade há algum tempo, principalmente para quem leciona Língua Portuguesa. Suas ideias sobre gêneros e tipos de discurso e linguagem oral estão nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Desde a década de 1980, o psicólogo e doutor em Ciências da Educação, pesquisa como a criança aprende a escrever. Os estudos resultaram na criação de sequências didáticas para ensino de expressão escrita e oralidade. Os conceitos presentes nesse material didático se difundem aos poucos no Brasil. Schneuwly vem colaborando com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em trabalhos na área e pesquisadores da instituição estão publicando uma coleção com sequências didáticas inspiradas no modelo suíço. A seguir, os principais trechos da entrevista que ele concedeu a NOVA ESCOLA.
O que seus estudos propõem de novo no ensino da língua?
Bernard Schneuwly: Colocamos a questão da comunicação no centro do ensino da língua materna. Esta é a mudança mais significativa: dar às crianças mais possibilidades de ler, de escrever textos, de aprender gramática e ortografia em função da comunicação.
As aulas de gramática devem ser dadas em função dos textos?
Schneuwly: É essencial ensinar as crianças a ler e a produzir textos. Quando começam a estudar elas têm de realizar essas tarefas e, de maneira geral, não se dá importância suficiente à questão. Isso não significa deixar de dar também um pouco de gramática à parte. É possível fazer isso analisando sentenças complexas extraídas dos próprios textos. Há ainda uma outra maneira, mais forte na Suíça: pedir que os estudantes escrevam sentenças que depois são usadas para análise e aprendizado.
Quanto tempo da aula deve-se dedicar à gramática?
Schneuwly: Em meu país, e eu sei que aqui acontece o mesmo, cerca de 70% ou 80% do ensino da língua corresponde a gramática e ortografia e apenas 20% ou 30% a leitura e escrita. Temos trabalhado para chegar a um equilíbrio. Além disso, acho que há gramática demais nas séries iniciais e de menos nas finais. Na Suíça, depois do ensino elementar, os estudantes aprendem apenas literatura. Mas há problemas gramaticais complexos que poderiam ser estudados por jovens de 16, 17, 18 anos.
Por que há um peso maior em ortografia e gramática?
Schneuwly: Porque é mais fácil dar aulas sobre esses dois temas. Existem livros didáticos e dicionários disponíveis. No entanto, muitos educadores não sabem o que fazer no momento de trabalhar leitura e escrita. Eles precisam de material para isso.
É o trabalho que o senhor vem desenvolvendo na Suíça?
Schneuwly: Sim. Em 1990 houve uma demanda oficial do governo para que o grupo de pesquisa do qual faço parte criasse um material que ajudasse a ensinar expressão escrita e oralidade. Ao mesmo tempo os docentes diziam, em congressos, que precisavam lecionar comunicação mas não tinham métodos. O fato de os professores terem pedido mudanças foi muito importante. Era sinal de que eles estavam prontos para adaptar-se. Mais do que se tivesse havido uma imposição.
A oralidade também é trabalhada?
Schneuwly: Sim. As crianças a desenvolvem ao fazer uma entrevista, participar de um debate ou expor um tema para uma platéia, por exemplo.
Recursos como esses conseguem mudar o trabalho do docente? Ou ele precisa de mais formação?
Schneuwly: Esse é um problema importante e sua solução deve levar um longo tempo. Há dois pontos envolvidos. Um é a formação inicial. A nova geração tem uma educação melhor e consegue trabalhar da maneira que propomos com mais facilidade. Por outro lado, há a necessidade de formar aqueles que já estão na ativa, que são numerosos. Com o material em mãos, a capacitação pode se dar na teoria e na prática.
Leia a entrevista na íntegra no site da Revista Nova Escola.
terça-feira, 6 de novembro de 2012
[Entrevista] A interação por meio da linguagem
Neste vídeo, Cláudio Bazzoni, assessor da Prefeitura de São Paulo, trata das diferentes concepções de linguagem que pautaram o ensino de Língua Portuguesa no século 20 e explica como as práticas de leitura e de escrita devem ser ensinadas na escola.
Fonte: Nova Escola
terça-feira, 30 de outubro de 2012
[Entrevista] com o Ilustrador Fernando Vilella
Crescer entrevista Fernando Vilella, ilustrador e escritor de livros infantis.
terça-feira, 25 de setembro de 2012
[Entrevista] Ducas profissionais para o uso de QR Code
Com Lasse Lüders
1.Conte-nos um pouco sobre você! Quem é você, o que você faz?
Meu nome é Lasse Luders. Vivo em Hamburgo e tenho 27 anos de idade. Nossa agência une competência em Software-móvel com Design emocional e conhecimento sobre o mercado. Através do constante aperfeiçoamento nas áreas de estratégia, concepção e design de interface, evoluímos de pequenos criadores de Software para uma agência renomeada na area de Tecnologia-Mobile. Junto de nosso próprios clientes, ainda apoiamos agências de publicidade, como prestadores de serviços especiais, na programação de Apps (Aplicativos para telefones móveis) e campanhas móveis. Desde o começo do ano também desenvolvemos jogos em 2D e 3D para Smartphones e Tablet-Computers.
2. De onde surgiram os QR-Codes e por que eles devem ser usados em campanhas de Marketing? Quais são as vantagens?
Os Quick Responsive Codes ("QR-Codes") surgiram para o mercado automobilístico e são usados até hoje em diversas empresas de logística. Por detrás da matriz quadrada, composta por campos pretos e campos brancos, se escondem códigos que podem ser decifrados pelo seu Smartphone. Para o funcionamento do "Mobile-Tagging" apenas é necessaria a camera integrada do Smartphone e uma "Scan-App" que pode ser baixada em qualquer "App Store". Os QR-Codes podem ser gerados de forma rápida e descomplicada e usados em campanhas de Marketing em revistas, Flyers ou embalagens de produtos. A vantagem está no conforto para o usuário. Através de QR-Codes é possível representar uma grande quantidade de dados, de uma forma compacta. Geralmente os QR-Codes contém informações como: Endereço de uma página na internet, cartão de visita online, acesso ao Wireless local, ou textos informativos. Escaneando este código, o usuário não precisa mais digitar longos endereços ou combinações numéricas em seu Smartphone.
3.Quais são as possibilidades para o usuário de utilizar QR-Codes de forma efetiva? O que deveria ser levado em consideração ao usá-los?
Vejo o uso de QR-Codes como uma ponte que une o mundo Offline com o Mobile Marketing. Devido ao baixo custo e às vantagens mencionadas anteriormente, vejo muito sentido para usuários que querem dar seus primeiros passos nesta área tão nova do mercado. Donos de lojas-virtuais podem usar seus códigos para disponibilizar mais informações sobre um produto a seus clientes.
Por exemplo: Após escanear o código de um produto, um video seria apresentado, ou uma conexão estabelecida diretamente com a loja-virtual.
QR-Codes criam uma interação entre o interessado e o produto. Este momento deve ser aproveitado pelo dono da loja-virtual. Ao lado dos os métodos mais clássicos ainda é possível oferecer cupons ou criar pequenos sorteios através dos QR-Codes. Estas opções são muito usadas na área de publicidade. Porém o dono da loja-virtual deve estar certo de que a informação que se esconde detras do QR-Code também seja representada corretamente em um Smartphone. Caso contrário a experiência do comprador pode tornar-se rapidamente uma experiência negativa. Com a Jimdo não existe este problema, pois os sites Jimdo são otimizados para funcionarem em Smartphones.
4.Você poderia citar alguns exemplos onde QR-Codes foram usados de forma eficiente?
Atualmente temos muitas empresas e agências de publicidade experimentando o uso de QR-Codes. Muitas vezes os códigos são inseridos dentro de outras imagens (Design QR-Codes) ou inseridos em motivos ja existentes (Custom QR-Codes). Algumas empresas vão mais longe, e desenvolvem uma serie de inovações no serviço:
A rede de supermercados "Tesco" ou "Home Plus" como é chamada na Coréia do Sul, desenvolveu sua campanha de tal modo que foram colocados diversos placares, com imagens de prateleiras de supermercado, espalhados em estações de trem, para que as pessoas pudessem fazer compras sem realmente irem ao supermercado. Todo produto tinha um respectivo QR-Code. Os produtos escaneados iam diretamente para a "cesta de compras-online" e quando finalizado o pedido, os produtos eram entregues na casa do comprador. Nos EUA, a rede "Starbucks" implementou QR-Codes em seu sistema de pagamento. Basta o usuário ter a aplicação do Starbucks em seu Smartphone, e logo será criado um QR-Code, que pode ser escaneado no caixa e descontado da conta do usuário via Paypal ou através do cartão de crédito.
Nós mesmos já obtivemos sucesso ao fazer um experimento com QR-Codes. Em setembro do ano passado, foi proibido o consumo de bebidas alcoólicas dentro dos transportes público de Hamburgo. No ultimo dia antes da proibição, uma grande massa de jovens se reuniu em diversas estações de trem da cidade para comemorar a "despedida". Durante o evento, distribuímos Flyers com QR-Codes, que quando escaneados, davam acesso a um "certificado de presença" do evento. Este certificado podia ser postado automaticamente no Facebook das pessoas. Em 4 horas foram distribuídos 1000 Flyers e o certificado foi acessado mais de 300 vezes.
5. Quais costumam ser o erros, que deveriam ser evitados ao utilizar QR-Codes?
Ao utilizar QR-Codes, o proprietário da loja-virtual deve colocar-se na posição do cliente que irá escanear o código. Muitas vezes um QR-Code está mal posicionado ou não possui o tamanho ideal. Caso o ambiente não possua iluminação o suficiente, a camera do Smartphone pode ter problemas ao focar a imagem e decifrar o código.
Quando o Scan funciona, geralmente o erro está localizado nos dados ligados ao código. Infelizmente muitos QR-Codes apenas contém um link para uma página na internet. Porém se esta página não foi elaborada para funcionar em Smartphones, o visitante pode perder o interesse rapidamente, ao notar que o QR-Code não facilitou o processo. Outro fator a ser considerado é a quantidade de dados contidos no QR-Code. Como a internet-móvel ainda tende a ser mais devagar que a internet normal, arquivos com longa duração de carregamento podem desanimar o visitante.
6.Você poderia dizer aos usuários onde eles podem adquirir mais informações a respeito deste tema?
Eu costumo obter minhas informações em Blogs de tecnologia como Mashable Mobile ou Techcrunch Mobile. O Blogger alemão Florian Brandt dono do site Mobile Marketing Welt relata sobre o uso de QR-Codes no mercado alemão. Ao fazer uma comparação pode se notar que países como, EUA ou Japão, estão lidando de uma forma muito mais criativa com esta tecnologia do futuro.
7.Como será o futuro desta forma de Mobile-Marketing? Já existem tendências?
Isto não é fácil de se dizer. QR-Codes já são considerados "tendência do ano" a muito tempo, porém nunca conseguiram se destacar no mercado - ao menos na Alemanha. Com base nos exemplos citados acima é garantido que existem campos muito interessantes paras os códigos em 2D. Muitas empresas como Home Plus, Starbucks ou mesmo o sistema ferroviário da Alemanha estão implementando QR-Codes em seus sistema de pagamento, o que é apenas um exemplo de como atos do cotidiano podem ser facilitados através dessa função. Ainda existe muito potencial a ser explorado nesta área.
Fonte: Jimdo
terça-feira, 18 de setembro de 2012
[Entrevista] O marketing na era digital com Martha Gabriel
Entrevista concedida à HSM
A comunicação digital pode fazer a diferença para pequenas e médias empresas. Como usar os recursos disponíveis, sem a necessidade de contratar uma agência, e quais as novas tecnologias são os assuntos da conversa entre a consultora Martha Gabriel e a jornalista Patricia Buneker.
terça-feira, 11 de setembro de 2012
[Entrevista] Mercado de Mobile Marketing
Agências de publicidade e empresas já entenderam que é preciso destinar generosas fatias do orçamento para campanhas de marketing. No entanto, há uma área que se mostra cada vez mais promissora: o mobile marketing que, como o nome mesmo diz, dá mobilidade ao consumidor e permite que ele interaja com empresas e marcas independente do momento e do lugar.
De acordo com um levantamento feito nos Estados Unidos e no Reino Unido pela empresa mBlox, especializada em marketing móvel, 54% dos jovens acham muito importante receber conteúdo promocional via celular e 18% preferem fazer compras por meio do dispositivo móvel ao invés de usar o computador para isso
Como uma forma de entender melhor o marketing móvel, conversamos com a jornalista e professora universitária Karla Ehrenberg, graduada pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp) e especialista em Jornalismo e Segmentação Editorial pela PUC-Campinas. Em 2010, Karla se tornou Mestre em Comunicação Social, também pela Umesp, com a defesa da dissertação: “Comunicação Mercadológica em celulares: um panorama do mobile marketing brasileiro”.
1) O mobile marketing se resume à publicidade via SMS?
Na verdade, o mobile marketing é uma prática que envolve várias formas de divulgação de conteúdo empresarial. A campanha via SMS é a forma mais popular, mas não é a única. Existem os games, os sites móveis, banners, aplicativos, bluetooh marketing.
2) É possível unir ações de marketing aplicadas em outras mídias a ações voltadas para mobile?
Sim. O grande conceito vigente é o de ações convergentes, ou seja, fazer uma campanha com ações que circulem por diferentes mídias. Cada ação deverá ser adaptada para o meio em que será veiculada, mas o conceito a ser mantido é o de uma campanha única.
3) Qual o maior erro que uma empresa pode cometer em ações de mobile marketing?
Não avaliar corretamente seu público e não ter um bom planejamento de campanha para esse meio. É preciso conhecer as especificidades do meio para poder atuar nele. Em outras palavras, cada empresa precisa avaliar muito bem seus objetivos, seus públicos e sua verba para poder atuar nessa área.
4) No Brasil, as projeções para o mercado de mobile marketing são positivas?
O mercado está em tendência de crescimento, tanto pelo número de pessoas que possuem celulares (especialmente smartphones, que permitem o desenvolvimento de campanhas mais sofisticadas) como pelo desenvolvimento de ações mais coordenadas, interativas e complexas por parte das agências.
Fonte: 3 Mark Business
terça-feira, 4 de setembro de 2012
[Entrevista] Mobile marketing será dominante em 10 anos
Por Cris Simon para Exame
Para Paul Gelb, vice-presidente e fundador da área de mobile da Razorfish, smartphones e tablets serão a primeira mídia verdadeiramente de massa, capaz de gerar um alcance sem precedentes aos anunciantes.
"O mobile é uma plataforma extremamente funcional e flexível. Se você não encontrou um caminho no mobile para atingir seus objetivos, não é porque ele não existe, é apenas porque você ainda não o encontrou", diz ele.
Na entrevista abaixo, exclusiva para EXAME.com, Gelb comenta aspectos do cenário mobile mundial e explica por que dentro de 10 anos smartphones e tablets serão responsáveis pela maior fatia do bolo publicitário, ultrapassando até mesmo TV e internet.
EXAME.com - Como é o cenário de mobile marketing hoje, comparado ao de cinco anos atrás?
Gelb – É radicalmente diferente do que era há cinco anos. Os dispositivos mudaram completamente. Hoje, grandes mudanças acontecem a cada três ou seis meses. Nos últimos anos, vimos algo inédito: a tecnologia mudando rapidamente e sendo adotada quase em tempo real pelos consumidores. Antes, uma grande inovação era usada por consumidores apenas anos depois de ser criada. De repente, todas as gigantes de tecnologia como Google, Apple e Microsoft passaram a ter o futuro definido pela forma como lidam com a mobilidade. Essa indústria se divide entre antes e depois do iPhone.
EXAME.com - Como os dispositivos móveis desafiam a criatividade?
Gelb - O primeiro desafio diz respeito à riqueza de funcionalidades dos dispositivos - câmeras, interfaces sensíveis ao toque... Apesar de se poder criar uma infinidade de coisas, ainda existem questões computacionais, e mesmo dificuldades para se entender a tecnologia que entrega tudo isso. Outro desafio é que hoje podemos impactar consumidores em locais e momentos antes impensáveis. Isso nos fornece novas oportunidades e situações de marketing que vão além do ponto de contato que tínhamos pelo computador, pela televisão ou pelo rádio. Mobile é a tecnologia mais funcional da história. Não falamos apenas de entregar um vídeo ou uma imagem que represente a sua marca. Falamos em, de fato, gerar experiências aos usuários.
EXAME.com - Você diz que em até 10 anos os investimentos publicitários em mobile irão ultrapassar a Internet e a TV...
Gelb – Eu diria que isso certamente acontecerá nos Estados Unidos, e é bem provável que aconteça globalmente. Vendo as tendências e o crescimento, há um contexto de oportunidades em mobile que não temos desde os primeiros tempos de televisão e internet. Se olharmos para os primeiros 15 ou 20 anos de internet, veremos que ela cresceu mais rápido do que qualquer outro canal. Nos Estados Unidos, levou 40 anos para que a televisão ultrapassasse a publicidade impressa, e 16 anos para que a publicidade online ultrapassasse a impressa. Veremos isso acontecer com mobile em um período de tempo mais curto ainda. Falamos de soluções para métricas, trocas de anúncios e outros aspectos operacionais da indústria sendo discutidos anos antes, em comparação com a internet.
EXAME.com - Como as empresas estão reagindo à ascensão do mobile marketing?
Gelb – Há uma amplitude grande entre as empresas. Algumas estão um pouco atrás, outras tiveram uma reação mais rápida. É algo difícil de ser feito, mas extremamente válido, por ser um ambiente em que se pode criar projetos de grande impacto. Nos próximos anos, haverá situações em que a saúde das empresas estará fortemente relacionada ao que elas estão fazendo em mobile.
EXAME.com – O consumidor mobile é mais atraente do que o tradicional para os varejistas?
Gelb - Os consumidores de mobile estão tendo ótimas experiências em smartphones e tablets, pesquisando preços e produtos, inclusive enquanto estão dentro das lojas físicas. Eles compartilham opiniões de familiares e fazem compras da própria sala de estar, em casa. O usuário de dispositivos móveis tem um período de tempo maior para comprar, pois ele pode fazer isso de qualquer lugar. Nos Estados Unidos, o consumidor que compra via smartphone ou tablet se tornou mais valioso para os varejistas.
EXAME.com - Afinal, mobile é para todas as marcas?
Gelb – Há marcas em que a televisão deveria ser a parte mais importante de seus esforços de marketing. Porém temos visto também que em quase qualquer indústria vertical, qualquer parte das organizações, há marcas e pessoas encontrando uma forma de entregar mobile. É uma plataforma extremamente funcional e flexível, que pode ser usada de formas quase incontáveis. Então, em minha opinião, se você não encontrou um caminho no mobile para atingir seus objetivos não é porque ele não existe, é apenas porque você ainda não o encontrou.
Leia a entrevista na íntegra!
terça-feira, 28 de agosto de 2012
[Entrevista] A abstinência pela tecnologia e internet
Entrevista exibida no programa Isso é Coisa da Sua Cabeça da BAND NEWS FM
Por Inês de Castro
Tá num restaurante... acessa os e-mails. Tá no meio de um encontro com a família... abre lá o celular com conexão pra a internet. Você não pode ficar sem se atualizar. Às vezes nem mesmo nós nos damos conta, mas estamos a um passo daquele vício virtual. O pior retrato parece usar os jovens como personagens, eles ficam conectados 8, 10, 12, às vezes mais horas ainda por dia, entrando em sites, passeando pelas redes sociais. Tira o computador ou o celular desses jovens, eles experimentam algo semelhante a crise de abstinência que é vivida pelos dependentes de drogas e substâncias químicas e isso é a ciência que comprova. Aquilo que veio para facilitar está se tornando uma espécie de vilão nas nossas vidas, segundo pesquisas conduzidas pelo Centro de Recuperação pra Dependências da Internet nos Estados Unidos a parcela dos viciados representa, nos vários países estudados, algo em torno de dez a quinze por cento. E para falar sobre os viciados em internet eu vou conversar hoje com a médica psiquiatra, membro da Associação Brasileira em Álcool e Outras Drogas que já foi diretora do Departamento de Dependência Química da Associação de Psiquiatria do Estado do Rio de Janeiro, Dra. Magda Vaissman.
Doutora, no momento em que estou falando sobre esse panorama, das pessoas que não conseguem largar o computador, alguns dos nossos ouvintes podem estar pensando: "ah, mas que exagero isso!”, O uso excessivo da internet configura mesmo um vício?
MAGDA VAISSMAN: Olha a gente tem visto que isso configura um vício para certas pessoa,Em que a pessoa não pode viver um minuto sem consultar, ela tá em qualquer numa situação no trânsito, dirigindo, a espera de uma consulta médica, como eu vejo, às vezes, no consultório. Em qualquer circunstância a pessoa está procurando alguma coisa na internet. Consultando e sem necessidade, quer dizer, situações em que inadvertidamente ela está procurando alguma coisa na internet onde ela deveria está mais relaxada, mais ligada em outra situação.
Naquela situação que ela está vivendo. Então talvez o vício possa se configurar na incapacidade que a pessoa tem de se afastar daquele aparelho que a conecta à internet e da frequência com que ela faz isso.
MAGDA VAISSMAN: Exatamente, exatamente. É como uma paciente minha que é dependente de internet, ela diz: "eu não posso ficar desligada da internet, eu tenho que ficar sabendo toda hora o que que está acontecendo no mundo. Eu não posso ficar vendo televisão o dia inteiro, então eu fico o dia inteiro ligada na internet, no meu computador ou então no meu celular, pra saber o que está acontecendo. Eu preciso saber o que tá acontecendo”.
Doutora Magda, a senhora falou sobre o centro de recompensa no cérebro, assim como o dependente de drogas o viciado em internet ele experimenta também uma espécie de euforia na hora em que ele está conectado, está usando o computador ou está na rede social, por exemplo?
MAGDA VAISSMAN: Ele tem uma sensação de prazer quando ele começa a fazer isso. Ele se sente, vamos dizer que ele sente uma compulsão, uma necessidade imperiosa de fazer essa consulta de ficar na internet. Há casos, inclusive, do sujeito nem se levantar, e ficar... Se alimentar ali diante do computador, fazer as necessidades fisiológicas em frente do computador. Há casos às vezes muito, pode chegar até a uma psicose, nessas circunstâncias.
E é possível, que o dependente de internet ele tenha o seu desempenho afetado em tarefas intelectuais que ele é obrigado a realizar no dia-a-dia caso ele fique desconectado. Vamos supor, por uma pessoa que é obrigado a se manter distante do computador ou distante do seu aparelho celular com acesso a internet, essa pessoa...
MAGDA VAISSMAN: Vai ter os mesmos sintomas de uma síndrome de abstinência, como nervosismo, ansiedade, distúrbio do sono, ele pode ter uma euforia, ou uma depressão, ele pode ter uma sensação de mal estar quando ele não consegue realizar o que ele precisa a compulsão, tem um mal estar, uma abstinência.
A senhora concorda que os pais podem exercer um papel determinante no desenvolvimento desse vício?
MAGDA VAISSMAN: Às vezes os pais são desinformados, às vezes os pais são muito ausentes, e ai, nesse sentido, a criança o jovem, acaba procurado mais a internet do que o diálogo com os pais. Então, você não pode dizer que depende muito em que família, como é que está estruturada essa família em que o jovem está inserido, o cenário onde ele está inserido, o contexto. Mas há famílias em que não há diálogos, não há presença dos pais. Muitas vezes não há um ideário religioso ou moral, num lar onde há muitas brigas, muitas dissenções, então a internet pode ser um refúgio. E também tem as questões ligadas a modernidade, uma vez que as famílias são diferentes das famílias do passado.
Doutora, o psiquiatra Daniel Spritzer do Grupo de Estudos sobre Adições Tecnológicas do Rio Grande do Sul, diz que como a internet faz parte do dia-a-dia dos adolescentes e o isolamento comportamento típico dessa fase da vida, a família raramente detecta esse problema antes que ele tenha fugido do controle. Eu queria que a senhora desse algumas dicas pra que os pais ficassem mais alertas com relação ao comportamento dos seus filhos.
MAGDA VAISSMAN: Como eu sempre digo, os pais têm que acompanhar o comportamento dos filhos e mesmos quando os filhos não querem muito diálogo, eu acho que os pais forçar um certo diálogo. É muito natural, é muito comum que o adolescente nessa fase entre doze, dezesseis, dezessete anos ele questione os pais por que faz parte da adolescência ai essa, entre aspas, rebeldias, no sentido em que ele rebelde, pra ele se identificar, quer dizer, ele criar sua identidade. Essa identidade passa pelo isolamento do seu quarto, mas mesmo que haja isso, eu acho que os pais têm que forçar, por que o adolescente ele precisa de norte, ele precisa de regras, não por que ele brigue com você é melhor você vê do que não ver.
Doutora Magda, vamos falar então, já que tocamos no facebook, vamos falar do facebook que tem rendido muitos comentários. Pessoas que gostam de mostrar só o lado bom da vida, postar as fotos mais bacanas. E sobre essas pessoas já falou: “ah no facebook todo mundo é lindo, magro rico, feliz”, não deixa de ser verdade. A gente os quer mostrar o lado bom, mas a minha observação é a seguinte: não é assim também na vida?
MAGDA VAISSMAN: Mas na vida pessoal você é diferente, um pouco diferente do face, no face é diferente. Você, quando está diante de uma pessoa, é muito diferente do que quando você está no virtual. Mas eu penso assim, que as pessoas procuram muito relacionamento primeiro através da internet. As pessoas procuram através desses sites de relacionamento amoroso, novas amigos, comunicação, isso ai está se tornando muito comum entre os jovens. Muito, muito comum, de reencontrar pessoas...
Fonte: Leia a entrevista na íntegra no blog da Magda Vaissman
terça-feira, 21 de agosto de 2012
[Entrevista] Acesso remoto ajuda a sustentabilidade
Por Fabiano Candido, de INFO Online
Os programas de acesso remoto – aqueles que permitem comandar um PC a distância – nunca foram tão populares como agora. Além de versões para PCs, eles agora estão disponíveis para tablets e smartphones. Um dos mais populares do mercado é o TeamViewer, lançado em 2005. Holger Felgner, diretor-geral da empresa homônima que desenvolve o software, diz que este programa não serve apenas para as pessoas consertarem computadores remotamente – mas também para ajudar a natureza. “Quando se trabalha remotamente, se economiza combustível”, afirma. Nessa entrevista a INFO, o executivo conta como se destacar nesse mercado com fortes concorrentes e, também, como será o futuro desse tipo de programa – já que muitas pessoas trocam o PC por tablets e smartphones. Como se destacar num mercado com vários concorrentes e, também, com sistemas operacionais com recursos similares ao do TeamViewer? A gente tem um modelo “freeware” diferente. Nele, os usuários experimentam o software de forma imediata, sem a necessidade de registro, e podem usar funcionalidades avançadas que não estão presentes em outros programas, como a transferência de arquivos, por exemplo. E se os usuários gostam do programa, eles recomendam a seus amigos ou mesmo à empresa onde trabalham. Além disso, nossa solução é feita para ser all-in-one. Com ele no PC, o usuário não precisa de outros programas para compartilhar a sua tela/monitor, participar de reuniões, transmitir vídeo e áudio, transferir arquivos, estabelecer conexões VPN, entre outras coisas. Hoje os usuários trocam PCs por tablets e smartphones. Esses sistemas são tão estratégicos quanto os sistemas tradicionais (Windows e Mac OS) para vocês? Os dispositivos móveis estão sendo cada vez mais utilizados não só no campo privado, para navegar na internet ou escrever e-mails, por exemplo, mas também no campo profissional, como mais uma ferramenta de trabalho. Os sistemas Windows e Mac certamente irão existir e permanecer como a primeira escolha para aplicações utilizadas nos escritório e, provavelmente, não serão completamente substituídos pelos dispositivos móveis. Como nosso foco é oferecer compatibilidade entre todos os sistemas, vamos continuar apostando nesse segmento e desenvolvendo novas soluções. Qual será o futuro do acesso remoto? Onde a tecnologia pode melhorar? Estamos entrando na era da sustentabilidade e por isso o aproveitamento inteligente dos recursos será o ponto de partida. E o acesso remoto pode ajudar. Com ele, é possível diminuir o deslocamento de funcionários, otimizar o compartilhamento de informações e de conhecimento, economizar recursos e aumentar a produtividade. Por isso, o uso do acesso remoto não está mais restrito ao setor de TI ou a empresas de suporte (help-desk). A TeamViewer tem, hoje, clientes nas áreas da medicina, contabilidade, comércio, indústria etc. Essas empresas conseguem, portanto, trabalhar em equipe a distância e economizar no combustível, além de dar mais comodidades para os colaboradores. Com todos esses benefícios, o acesso remoto pode colaborar para que o número de funcionários “home-office” ou que trabalham remotamente cresça. E a gente vai buscar se desenvolver nessa área. O brasileiro tem alguma característica diferente dos demais países no uso do TeamViewer? A maior diferença no Brasil é que os dispositivos móveis são muito populares para acessar a internet, em contraste com a Europa, onde PCs e laptops são ainda os preferidos para esse acesso. Os dispositivos móveis são muito importantes no Brasil e a demanda por soluções e aplicativos a partir de nossos clientes é elevada. Nós reconhecemos essa característica dos brasileiros e, portanto, tentamos oferecer apps para todos os principais dispositivos móveis do mercado, sejam eles iOS ou Android. Quais são os planos futuros para o Brasil? A economia do Brasil está crescendo rapidamente e as pessoas têm mais e mais acesso à tecnologia. O Brasil é, sem sombra de dúvidas, um mercado que olhamos com atenção. É por isso que a TeamViewer dá suporte a todos os clientes brasileiros em português e está trabalhando para amadurecer os processos de suporte e fazer melhorias no software. Fonte: Info Online
Os programas de acesso remoto – aqueles que permitem comandar um PC a distância – nunca foram tão populares como agora. Além de versões para PCs, eles agora estão disponíveis para tablets e smartphones. Um dos mais populares do mercado é o TeamViewer, lançado em 2005. Holger Felgner, diretor-geral da empresa homônima que desenvolve o software, diz que este programa não serve apenas para as pessoas consertarem computadores remotamente – mas também para ajudar a natureza. “Quando se trabalha remotamente, se economiza combustível”, afirma. Nessa entrevista a INFO, o executivo conta como se destacar nesse mercado com fortes concorrentes e, também, como será o futuro desse tipo de programa – já que muitas pessoas trocam o PC por tablets e smartphones. Como se destacar num mercado com vários concorrentes e, também, com sistemas operacionais com recursos similares ao do TeamViewer? A gente tem um modelo “freeware” diferente. Nele, os usuários experimentam o software de forma imediata, sem a necessidade de registro, e podem usar funcionalidades avançadas que não estão presentes em outros programas, como a transferência de arquivos, por exemplo. E se os usuários gostam do programa, eles recomendam a seus amigos ou mesmo à empresa onde trabalham. Além disso, nossa solução é feita para ser all-in-one. Com ele no PC, o usuário não precisa de outros programas para compartilhar a sua tela/monitor, participar de reuniões, transmitir vídeo e áudio, transferir arquivos, estabelecer conexões VPN, entre outras coisas. Hoje os usuários trocam PCs por tablets e smartphones. Esses sistemas são tão estratégicos quanto os sistemas tradicionais (Windows e Mac OS) para vocês? Os dispositivos móveis estão sendo cada vez mais utilizados não só no campo privado, para navegar na internet ou escrever e-mails, por exemplo, mas também no campo profissional, como mais uma ferramenta de trabalho. Os sistemas Windows e Mac certamente irão existir e permanecer como a primeira escolha para aplicações utilizadas nos escritório e, provavelmente, não serão completamente substituídos pelos dispositivos móveis. Como nosso foco é oferecer compatibilidade entre todos os sistemas, vamos continuar apostando nesse segmento e desenvolvendo novas soluções. Qual será o futuro do acesso remoto? Onde a tecnologia pode melhorar? Estamos entrando na era da sustentabilidade e por isso o aproveitamento inteligente dos recursos será o ponto de partida. E o acesso remoto pode ajudar. Com ele, é possível diminuir o deslocamento de funcionários, otimizar o compartilhamento de informações e de conhecimento, economizar recursos e aumentar a produtividade. Por isso, o uso do acesso remoto não está mais restrito ao setor de TI ou a empresas de suporte (help-desk). A TeamViewer tem, hoje, clientes nas áreas da medicina, contabilidade, comércio, indústria etc. Essas empresas conseguem, portanto, trabalhar em equipe a distância e economizar no combustível, além de dar mais comodidades para os colaboradores. Com todos esses benefícios, o acesso remoto pode colaborar para que o número de funcionários “home-office” ou que trabalham remotamente cresça. E a gente vai buscar se desenvolver nessa área. O brasileiro tem alguma característica diferente dos demais países no uso do TeamViewer? A maior diferença no Brasil é que os dispositivos móveis são muito populares para acessar a internet, em contraste com a Europa, onde PCs e laptops são ainda os preferidos para esse acesso. Os dispositivos móveis são muito importantes no Brasil e a demanda por soluções e aplicativos a partir de nossos clientes é elevada. Nós reconhecemos essa característica dos brasileiros e, portanto, tentamos oferecer apps para todos os principais dispositivos móveis do mercado, sejam eles iOS ou Android. Quais são os planos futuros para o Brasil? A economia do Brasil está crescendo rapidamente e as pessoas têm mais e mais acesso à tecnologia. O Brasil é, sem sombra de dúvidas, um mercado que olhamos com atenção. É por isso que a TeamViewer dá suporte a todos os clientes brasileiros em português e está trabalhando para amadurecer os processos de suporte e fazer melhorias no software. Fonte: Info Online
terça-feira, 14 de agosto de 2012
[Entrevista] Léa Fagundes fala sobre a inclusão digital
Por Marcelo Alencar
Pioneira no uso da informática educacional no Brasil, Léa Fagundes cobra políticas públicas para o setor e defende a ajuda mútua entre professores e alunos A sala de informática do Laboratório de Estudos Cognitivos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) abriga, entre vários computadores de última geração, alguns equipamentos sucateados. Embora não sejam tão antigos, esses micros parecem pré-históricos perto dos demais. A comparação entre as máquinas ajuda a perceber a rapidez vertiginosa com que a tecnologia se renova. Nesse ambiente hi-tech, instalado no Instituto de Psicologia da UFRGS, a professora Léa da Cruz Fagundes recebeu a reportagem de ESCOLA para esta entrevista sobre inclusão digital. Precursora do uso da informática em sala de aula no Brasil, a presidenta da Fundação Pensamento Digital, de Porto Alegre, tem alcançado resultados animadores com as experiências que desenvolve em comunidades carentes do estado. Elas mostram que crianças pobres, alunas de escolas públicas em que não se depositam muitas expectativas, têm o mesmo desempenho que as mais favorecidas quando integradas no ciberespaço. Segundo a especialista, o caminho mais curto e eficaz para introduzir nossas escolas no mundo conectado passa pela curiosidade, pelo intercâmbio de ideias e pela cooperação mútua entre todos os agentes envolvidos no processo. Sem receitas preestabelecidas e os ranços da velha estrutura hierárquica que rege as relações entre professores e estudantes. Léa defende a disseminação de softwares livres, sem custo e de fácil acesso pela internet. Consultora de programas federais que visam ampliar a inclusão digital nas escolas brasileiras, a professora pede mais seriedade à classe política: "Os projetos são iniciados e interrompidos periodicamente, pois as sucessivas administrações não se preocupam em dar suporte e continuidade a eles". O que a senhora diria a um professor que nunca usou um computador e precisa incorporar essa ferramenta em sua rotina de trabalho? Que não tenha medo de errar nem vergonha de dizer "não sei" quando estiver em frente a um micro. O computador não é um simples recurso pedagógico, mas um equipamento que pode se travestir em muitos outros e ajudar a construir mundos simbólicos. O professor só vai descobrir isso quando se deixar conduzir pela curiosidade, pelo prazer de inventar e de explorar as novidades, como fazem as crianças. Como deve ser uma capacitação que ajude o professor a se adaptar a essas novas exigências? É fundamental que a capacitação ofereça ao professor experiências de aprendizagem com as mesmas características das que ele terá de proporcionar aos alunos, futuros cidadãos da sociedade conectada. Isso pede que os responsáveis pela formação se apropriem de recursos tecnológicos e reformulem espaços, tempos e organizações curriculares. Nunca devem ser organizados cursos de introdução à microinformática, com apostilas e tutoriais. Esse modelo reforça concepções que precisam ser mudadas, como a de um curso com dados formalizados para consultar e memorizar. Em uma experiência desse tipo, o professor se vê como o profissional que transmite aos estudantes o que sabe. Se ele não entende de computação, como vai ensinar? Aprender é libertar-se das rotinas e cultivar o poder de pensar! Que competências os educadores devem adquirir para utilizar com sucesso os recursos da informática? Os professores em formação necessitam desenvolver competências de formular questões, equacionar problemas, lidar com a incerteza, testar hipóteses, planejar, desenvolver e documentar seus projetos de pesquisa. A prática e a reflexão sobre a própria prática são fundamentais para que os educadores possam dispor de amplas e variadas perspectivas pedagógicas em relação aos diferentes usos da informática na escola. Onde o professor pode buscar informações sobre inclusão digital? Ele pode visitar sites e participar de grupos de discussão. Consultar revistas especializadas e cadernos especiais dos jornais também ajuda muito. Outro caminho é buscar conhecimentos mais específicos com estudantes de escolas técnicas ou de cursos de graduação em informática e ouvir os próprios alunos. É comum encontrar estudantes que têm mais familiaridade com a informática do que o professor. Como tirar proveito disso? Transformando o jovem em um parceiro do adulto. Quando isso acontece, a relação educativa deixa de ser hierárquica e autoritária e passa a ser de reciprocidade e ajuda mútua. O educador não deve temer que o estudante o desrespeite. Ao contrário, o adolescente vai se sentir prestigiado por partilhar sua experiência e reconhecer a honestidade do professor que solicita sua ajuda. Esse fato é determinante para a criação de um mundo conectado. A senhora coordena programas ligados à inclusão digital em escolas públicas. Que lições tirou dessa experiência? Na década de 1980, descobri que o computador é um recurso "para pensar com", e que os alunos aprendem mais quando ensinam à máquina. Em escolas municipais de Novo Hamburgo, crianças programaram processadores de texto quando ainda não existiam os aplicativos do Windows, produziram textos de diferentes tipos, criaram protótipos em robótica e desenvolveram projetos gráficos. Hoje, encontro esses meninos em cursos de ciência da computação, mecatrônica, engenharia e outras áreas. Na Escola Parque, que atendia meninos de rua em Brasília, a informática refletiu na formação da garotada, melhorando sua auto-estima e evidenciando o desempenho de pessoas socialmente integradas. Alguns desses garotos foram contratados como professores e outros como técnicos. Os alunos da rede pública têm o mesmo desempenho no uso da informática que os de escolas particulares e bem equipadas? Sim. A tese de doutorado que defendi em 1986 me permitiu comprovar o funcionamento dos mecanismos cognitivos durante a construção de conhecimentos. Nos anos 1990 iniciei as experiências de conexão e confirmei uma das minhas hipóteses: as crianças pobres consideradas de pouca inteligência pelas escolas, quando se conectam e se comunicam no ciberespaço, apresentam as mesmas possibilidades de desenvolvimento que os alunos bem atendidos e saudáveis. A educação brasileira pode vencer a exclusão digital? Há excelentes condições para que isso aconteça. No Brasil já temos mais de 20 anos de estudos e experiências sobre a introdução de novas tecnologias digitais na escola pública. Esses dados estão disponíveis. O Ministério da Educação vem criando projetos nacionais com apoio da maioria dos estados, como o Programa Nacional de Informática Educativa (Proninfe) e o Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo). Muitas organizações sociais e comunitárias também colaboram nesse processo. O que mais emperra o uso sistemático da informática nas escolas públicas? A falta de continuidade dos programas existentes nas sucessivas administrações. Não se pode esperar que educadores e gestores tomem a iniciativa se o estado e a administração da educação não garantem a infra-estrutura nem sustentam técnica, financeira e politicamente o processo de inovação tecnológica. Como o computador pode contribuir para a melhoria da educação? Inclusão digital não é só o amplo acesso à tecnologia, mas a apropriação dela na resolução de problemas. Veja a questão dos baixos índices de alfabetização e de letramento, por exemplo. Uma solução para melhorá-los seria levar os alunos a sentir o poder de se comunicar rapidamente em grandes distâncias, ter idéias, expressá-las como autores e publicar seus escritos no mundo virtual. Nossas escolas estão preparadas para utilizar plenamente os recursos computacionais? A escola formal tem privilegiado essa concepção: é preciso preparar a pessoa para que ela aprenda. Mas o ser humano está sempre se desenvolvendo. Assim, as instituições também estão constantemente em processo. Por isso, a escola não precisa se preparar. Ela começa a praticar a inclusão digital quando incorpora em sua prática a idéia de que se educa aprendendo, quando usa os recursos tecnológicos experimentando, praticando a comunicação cooperativa, conectando-se. Mas algumas coisas ainda são necessárias. Conseguir alguns computadores é só o começo. Depois é preciso conectá-los à internet e desencadear um movimento interno de buscas e outro, externo, de trocas. Cabe ao professor, no entanto, acreditar que se aprende fazendo e sair da passividade da espera por cursos e por iniciativas da hierarquia administrativa. Existe um padrão ideal de escola que usa a tecnologia em favor da aprendizagem? Não é conveniente buscar padrões. Como sugeria Einstein, quando se trata de construir conhecimento é mais produtivo infringir as regras. O primeiro passo é reestruturar o espaço e o tempo escolares. Devemos dar condições para que os estudantes de idades e vivências diferentes se agrupem livremente, em lugares próximos ou distantes, mas com interesses e desejos semelhantes. Eles vão escolher o que desejam estudar. Essa liberdade definirá suas responsabilidades pelas próprias escolhas. Os professores orientarão o planejamento de forma interdisciplinar. Isso tudo é possível com o registro em ambiente magnético, que é de fácil consulta. Toda a produção pode ser publicada na internet, intercambiada e avaliada simultaneamente por professores de diferentes áreas. Qual é sua avaliação sobre a proliferação de centros de educação a distância? Nestes tempos de transição vamos conviver com projetos honestos e desonestos, alguns bem orientados e outros totalmente equivocados. O pior dos males é a voracidade do mercado explorador da educação a distância. Espero que a própria mídia tecnológica dissemine informações para o público interessado ter condições de analisar esses centros. É importante discriminar os cursos consistentes dos que "vendem ensino", ou seja, que reproduzem o ensino da transmissão, fora de contexto, em que o aluno memoriza sem compreender. Fonte: Linguagem e Tecnologia Digital
Pioneira no uso da informática educacional no Brasil, Léa Fagundes cobra políticas públicas para o setor e defende a ajuda mútua entre professores e alunos A sala de informática do Laboratório de Estudos Cognitivos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) abriga, entre vários computadores de última geração, alguns equipamentos sucateados. Embora não sejam tão antigos, esses micros parecem pré-históricos perto dos demais. A comparação entre as máquinas ajuda a perceber a rapidez vertiginosa com que a tecnologia se renova. Nesse ambiente hi-tech, instalado no Instituto de Psicologia da UFRGS, a professora Léa da Cruz Fagundes recebeu a reportagem de ESCOLA para esta entrevista sobre inclusão digital. Precursora do uso da informática em sala de aula no Brasil, a presidenta da Fundação Pensamento Digital, de Porto Alegre, tem alcançado resultados animadores com as experiências que desenvolve em comunidades carentes do estado. Elas mostram que crianças pobres, alunas de escolas públicas em que não se depositam muitas expectativas, têm o mesmo desempenho que as mais favorecidas quando integradas no ciberespaço. Segundo a especialista, o caminho mais curto e eficaz para introduzir nossas escolas no mundo conectado passa pela curiosidade, pelo intercâmbio de ideias e pela cooperação mútua entre todos os agentes envolvidos no processo. Sem receitas preestabelecidas e os ranços da velha estrutura hierárquica que rege as relações entre professores e estudantes. Léa defende a disseminação de softwares livres, sem custo e de fácil acesso pela internet. Consultora de programas federais que visam ampliar a inclusão digital nas escolas brasileiras, a professora pede mais seriedade à classe política: "Os projetos são iniciados e interrompidos periodicamente, pois as sucessivas administrações não se preocupam em dar suporte e continuidade a eles". O que a senhora diria a um professor que nunca usou um computador e precisa incorporar essa ferramenta em sua rotina de trabalho? Que não tenha medo de errar nem vergonha de dizer "não sei" quando estiver em frente a um micro. O computador não é um simples recurso pedagógico, mas um equipamento que pode se travestir em muitos outros e ajudar a construir mundos simbólicos. O professor só vai descobrir isso quando se deixar conduzir pela curiosidade, pelo prazer de inventar e de explorar as novidades, como fazem as crianças. Como deve ser uma capacitação que ajude o professor a se adaptar a essas novas exigências? É fundamental que a capacitação ofereça ao professor experiências de aprendizagem com as mesmas características das que ele terá de proporcionar aos alunos, futuros cidadãos da sociedade conectada. Isso pede que os responsáveis pela formação se apropriem de recursos tecnológicos e reformulem espaços, tempos e organizações curriculares. Nunca devem ser organizados cursos de introdução à microinformática, com apostilas e tutoriais. Esse modelo reforça concepções que precisam ser mudadas, como a de um curso com dados formalizados para consultar e memorizar. Em uma experiência desse tipo, o professor se vê como o profissional que transmite aos estudantes o que sabe. Se ele não entende de computação, como vai ensinar? Aprender é libertar-se das rotinas e cultivar o poder de pensar! Que competências os educadores devem adquirir para utilizar com sucesso os recursos da informática? Os professores em formação necessitam desenvolver competências de formular questões, equacionar problemas, lidar com a incerteza, testar hipóteses, planejar, desenvolver e documentar seus projetos de pesquisa. A prática e a reflexão sobre a própria prática são fundamentais para que os educadores possam dispor de amplas e variadas perspectivas pedagógicas em relação aos diferentes usos da informática na escola. Onde o professor pode buscar informações sobre inclusão digital? Ele pode visitar sites e participar de grupos de discussão. Consultar revistas especializadas e cadernos especiais dos jornais também ajuda muito. Outro caminho é buscar conhecimentos mais específicos com estudantes de escolas técnicas ou de cursos de graduação em informática e ouvir os próprios alunos. É comum encontrar estudantes que têm mais familiaridade com a informática do que o professor. Como tirar proveito disso? Transformando o jovem em um parceiro do adulto. Quando isso acontece, a relação educativa deixa de ser hierárquica e autoritária e passa a ser de reciprocidade e ajuda mútua. O educador não deve temer que o estudante o desrespeite. Ao contrário, o adolescente vai se sentir prestigiado por partilhar sua experiência e reconhecer a honestidade do professor que solicita sua ajuda. Esse fato é determinante para a criação de um mundo conectado. A senhora coordena programas ligados à inclusão digital em escolas públicas. Que lições tirou dessa experiência? Na década de 1980, descobri que o computador é um recurso "para pensar com", e que os alunos aprendem mais quando ensinam à máquina. Em escolas municipais de Novo Hamburgo, crianças programaram processadores de texto quando ainda não existiam os aplicativos do Windows, produziram textos de diferentes tipos, criaram protótipos em robótica e desenvolveram projetos gráficos. Hoje, encontro esses meninos em cursos de ciência da computação, mecatrônica, engenharia e outras áreas. Na Escola Parque, que atendia meninos de rua em Brasília, a informática refletiu na formação da garotada, melhorando sua auto-estima e evidenciando o desempenho de pessoas socialmente integradas. Alguns desses garotos foram contratados como professores e outros como técnicos. Os alunos da rede pública têm o mesmo desempenho no uso da informática que os de escolas particulares e bem equipadas? Sim. A tese de doutorado que defendi em 1986 me permitiu comprovar o funcionamento dos mecanismos cognitivos durante a construção de conhecimentos. Nos anos 1990 iniciei as experiências de conexão e confirmei uma das minhas hipóteses: as crianças pobres consideradas de pouca inteligência pelas escolas, quando se conectam e se comunicam no ciberespaço, apresentam as mesmas possibilidades de desenvolvimento que os alunos bem atendidos e saudáveis. A educação brasileira pode vencer a exclusão digital? Há excelentes condições para que isso aconteça. No Brasil já temos mais de 20 anos de estudos e experiências sobre a introdução de novas tecnologias digitais na escola pública. Esses dados estão disponíveis. O Ministério da Educação vem criando projetos nacionais com apoio da maioria dos estados, como o Programa Nacional de Informática Educativa (Proninfe) e o Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo). Muitas organizações sociais e comunitárias também colaboram nesse processo. O que mais emperra o uso sistemático da informática nas escolas públicas? A falta de continuidade dos programas existentes nas sucessivas administrações. Não se pode esperar que educadores e gestores tomem a iniciativa se o estado e a administração da educação não garantem a infra-estrutura nem sustentam técnica, financeira e politicamente o processo de inovação tecnológica. Como o computador pode contribuir para a melhoria da educação? Inclusão digital não é só o amplo acesso à tecnologia, mas a apropriação dela na resolução de problemas. Veja a questão dos baixos índices de alfabetização e de letramento, por exemplo. Uma solução para melhorá-los seria levar os alunos a sentir o poder de se comunicar rapidamente em grandes distâncias, ter idéias, expressá-las como autores e publicar seus escritos no mundo virtual. Nossas escolas estão preparadas para utilizar plenamente os recursos computacionais? A escola formal tem privilegiado essa concepção: é preciso preparar a pessoa para que ela aprenda. Mas o ser humano está sempre se desenvolvendo. Assim, as instituições também estão constantemente em processo. Por isso, a escola não precisa se preparar. Ela começa a praticar a inclusão digital quando incorpora em sua prática a idéia de que se educa aprendendo, quando usa os recursos tecnológicos experimentando, praticando a comunicação cooperativa, conectando-se. Mas algumas coisas ainda são necessárias. Conseguir alguns computadores é só o começo. Depois é preciso conectá-los à internet e desencadear um movimento interno de buscas e outro, externo, de trocas. Cabe ao professor, no entanto, acreditar que se aprende fazendo e sair da passividade da espera por cursos e por iniciativas da hierarquia administrativa. Existe um padrão ideal de escola que usa a tecnologia em favor da aprendizagem? Não é conveniente buscar padrões. Como sugeria Einstein, quando se trata de construir conhecimento é mais produtivo infringir as regras. O primeiro passo é reestruturar o espaço e o tempo escolares. Devemos dar condições para que os estudantes de idades e vivências diferentes se agrupem livremente, em lugares próximos ou distantes, mas com interesses e desejos semelhantes. Eles vão escolher o que desejam estudar. Essa liberdade definirá suas responsabilidades pelas próprias escolhas. Os professores orientarão o planejamento de forma interdisciplinar. Isso tudo é possível com o registro em ambiente magnético, que é de fácil consulta. Toda a produção pode ser publicada na internet, intercambiada e avaliada simultaneamente por professores de diferentes áreas. Qual é sua avaliação sobre a proliferação de centros de educação a distância? Nestes tempos de transição vamos conviver com projetos honestos e desonestos, alguns bem orientados e outros totalmente equivocados. O pior dos males é a voracidade do mercado explorador da educação a distância. Espero que a própria mídia tecnológica dissemine informações para o público interessado ter condições de analisar esses centros. É importante discriminar os cursos consistentes dos que "vendem ensino", ou seja, que reproduzem o ensino da transmissão, fora de contexto, em que o aluno memoriza sem compreender. Fonte: Linguagem e Tecnologia Digital
terça-feira, 7 de agosto de 2012
[Entrevista] Uma hora com o diretor técnico da Kingston
Por Mário Nagano para Ztop
Ztop - Um dos termos da moda nos dias de hoje é a chamada Cloud Computing e que o seus promotores defendem a idéia de que tudo pode ou deveria estar na nuvem. Isso na sua opinião pode ajudar ou atrapalhar o seu negócio?
Kaneshiro - Eu acho que isso depende. Minha única experiência pessoal com a nuvem foi de “subir dados”. Na minha casa eu tenho uma conexão muito boa com a internet (modem a cabo, alta velocidade) e ganhei do meu provedor 2 GB de armazenamento. Só que na hora de testar o serviço eu levei duas hora para subir 1 GB de dados. Assim, eu gosto da idéia de ter algumas das minhas informações na nuvem, mas eu acho que dependendo da aplicação — como por exemplo fazer um backup das minhas fotos pessoais, eu não vou passar 100 horas pra subir 500 GB de imagens!
De fato, um cliente nosso contou um caso em ele também ganhou um serviço de armazenamento na rede mas o tempo de upload era tão ruim (e ele provavelmente deve ter reclamado tanto) que o provedor do serviço mandou um disco rígido externo para sua casa e disse para ele colocar tudo que ele queria subir na rede no disco, mandar de volta para eles pelo correio que eles copiariam direto no servidor. É isso que chamo de uma péssima experiência do usuário.
Eu particularmente estou mais interessado no que o mercado chama de “Personal Cloud” ou seja, eu não quero que minhas informações estejam guardadas na rede (na mão de terceiros) mas gostaria que elas estivessem acessíveis para mim na rede. Estamos de olho nesse conceito, mas ainda não posso revelar mais detalhes neste momento.
Gosto da idéia da nuvem, das possibilidades dessa tecnologia, mas existem questões no que se refere a qualidade do serviço (que podem impactar na experiência do usuário) e também na confiança que depositamos nesses serviços. Eu não nenho problemas em confiar em empresas como Amazon ou Microsoft mas, por exemplo, ainda não consegui convencer o meu pai a pagar uma conta pela internet. Ele ainda prefere fazer o cheque botar no correio.
Veja a entrevista na íntegra!
terça-feira, 31 de julho de 2012
[Entrevista] João Ubaldo Ribeiro no Roda Viva
O Roda Viva do dia 23 de julho recebeu o escritor João Ubaldo Ribeiro. O tema central do programa foi a trajetória do escritor, um dos nomes mais representativos da literatura brasileira.
O autor de clássicos como Sargento Getúlio e Viva o Povo Brasileiro é membro da Academia Brasileira de Letras, entidade que ao longo dos anos vem sofrendo críticas por suas eleições. O escritor afirma que é um clube, mas que precisa ser visto com um pouco mais de compreensão, “de uma forma mais abrangente”.
Vencedor do Prêmio Camões de 2008, considerado o maior concurso para escritores de língua portuguesa, diz que escrever é algo muito pessoal e por isso evita opiniões de outras pessoas: “Eu não gosto de pedir auxílio, porque eu considero aquele sujeito um sócio”.
Durante a entrevista, Ubaldo falou sobre o hábito de leitura, algo fundamental na vida de um escritor. Nos últimos quatro anos ele elegeu William Shakespeare. Quando perguntado se gostava das obras de Paulo Coelho, a resposta foi: “li uma vez e não gostei. Mas isso também não quer dizer nada”. Minutos depois, o escritor Paulo Coelho agradeceu, via Twitter, a elegância do colega e declarou ainda: “disse que é apenas uma questão de gosto”.
No programa, João Ubaldo relembrou a parceria que tinha com o cineasta Glauber Rocha. Os dois começaram juntos em um jornal. “Nós inventávamos notícias. Nós éramos garotos com um jornal na mão. Ele reclamava que a Bahia era uma terra atrasada e que não tinha nenhum assassinato”. Seu companheiro escrevia para o caderno policial.
Quando Glauber morreu, para o escritor ficou um vazio na vida pessoal e também na de escritor. “Eu perdi uma parte da minha vida. Eu escrevia para ele. A referência era o Glauber. Se ele não gostasse, eu me desanimava um pouco. Se ele gostasse, a opinião dos outros não importava”.
Na bancada do Roda Viva estiveram Manuel da Costa Pinto, crítico de literatura e colunista da Folha de S. Paulo e do programa Metrópolis, Marcelo Rezende, crítico de arte e literatura da Revista Cult; Humberto Werneck, jornalista, escritor e cronista de O Estado de S. Paulo; Josélia Aguiar, editora do blog Livros Etc, da Folha de S. Paulo; e Oscar Pilagallo, jornalista e escritor. O Roda Viva também contou com a participação do cartunista Paulo Caruso.
Fonte: Roda Viva
terça-feira, 24 de julho de 2012
[Entrevista] Boni fala de entretenimento, televisão e jornalismo no Roda Viva
Programa exibido em 19 de dezembro de 2011
Chegou a ser conhecido como o todo poderoso. Participou da criação das telenovelas e da famosa vinheta: ‘plim – plim’. Hoje está a frente da TV Vanguarda, retransmissora da Globo na região de São José dos Campos.
Sobre sua saída da Globo, Boni diz: “com o tempo eu fui pensando melhor e pensei que não precisava ter saído”. Ele afirma ainda que não guarda magoas da emissora e que está muito feliz na TV Vanguarda.
Ficou no conselho da TV Brasil, mas não conseguiu influenciar muita coisa. “Na primeira reunião eu percebi que estava em meio a pessoas sem nenhum conhecimento”.
Ele defende que a TV pública precisa ter cara de televisão. “Só existe uma televisão. Ou é televisão ou não é. Entendo que a TV pública deve competir com a TV comercial no sentido de que ela possa ser vista, senão, é inútil”.
Sobre a qualidade do que é veiculado na mídia: “eu vejo essa falta de qualidade de um modo geral, não apenas na televisão. A televisão é contaminada por isso ai”. Ele acredita na teoria em que a televisão transmite apenas aquilo que a sociedade de um modo geral consome. Falta liderança. “Sem liderança nada acontece”.
Boni não é adepto das redes sociais, mas acredita que o futuro da televisão está nas mãos do “pessoal todo da internet”. Mesmo assim faz críticas. “Se você entrar no facebook você vai levar um susto na baixa qualidade. Eu acho que isso se chama suicídio coletivo. Eu não uso”.
O diretor completa: “todo mundo saiu correndo com medo da internet, agora todos estão revendo isso. A TV disponibiliza o seu conteúdo de graça, não dá para fazer isso”. Boni acredita que há possibilidade de a internet ser lucrativa para a televisão.
Em meio a essa nova era e “tanta falta de qualidade”, o plano de Boni é fazer uma televisão nova.
Fonte: Roda Viva
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