sexta-feira, 27 de abril de 2012

Dicas Culturais do Feriadão - 27 de abril a 1º de maio

CINEMA



Os Vingadores - The Avengers [The Avengers, EUA, 2012], de Joss Whedon (Disney). Gênero: aventura. Elenco: Robert Downey Jr., Chris Evans, Chris Hemsworth, Jeremy Renner, Mark Ruffalo, Samuel L. Jackson. Sinopse: Com a chegada de um poderoso inimigo Nick Fury diretor da agencia internacional de pacificação, Shields, reuni os super-heróis que formam o grupo conhecido como Os Vingadores. Com exibição em 3D. Duração: 136 min. Classificação: 12 anos.




Girimunho [Brasil, 2011], de Helvécio Marins Jr. e Clarissa Campolina (Vitrine). Gênero: drama. Elenco: Maria da Conceição, Luciene Soares da Silva, Wanderson Soares da Silva. Sinopse: No sertão mineiro, duas senhoras acompanham o girar do redemoinho. Bastú perde o marido, mas sem choro busca abrigo nos sinais do dia a dia e em suas lembranças. Maria do Boi carrega no tambor a alegria de seu povo. Duração: 90 min. Classificação: 10 anos.




O homem que não dormia [Brasil, 2011], de Edgard Navarro (Pandora). Gênero: terror. Elenco: Bertrand Duarte, Evelin Buchegger, Fabio Vidal, Mariana Freire. Sinopse: Numa cidade do interior, cinco pessoas têm o mesmo pesadelo. Até que um estranho peregrino idêntico ao personagem do sonho chega à cidade. Duração: 98 min. Classificação: 18 anos.




As idades do amor [Ages of Love, Itália, 2011], de Giovanni Veronesi (California). Gênero: romance. Elenco: Robert De Niro, Monica Bellucci, Ricardo Scamarcio. Sinopse: Filme dividido em três histórias sobre o amor em várias fases da vida. Duração: 90 min. Classificação: 14 anos.




Sete dias com Marilyn [My Week With Marilyn, EUA, 2011], de Simon Curtis (Imagem). Genero: drama. Elenco: Michelle Williams, Kenneth Branagh, Eddie Redmayne, Emma Watson, Dominic Cooper. Sinopse: Colin Clark, empregado de Laurence Olivier, documenta a tensa interação entre o patrão e diretor de cinema com a atriz Marilyn Monroe, durante uma semana da produção do filme O príncipe encantado. Abertura nos EUA: US$ 2 milhões (em 23/11/2011). Dif. (segundo fim de semana): 32,6%. Acumulado nos EUA: US$ 14 milhões. Duração: 100 min. Classificação: 12 anos.




Slovenian Girl [Eslovênia/Alemanha/Servia/Croácia, 2009], de Damjan Kozole (Tucumán). Gênero: drama. Elenco: Nina Ivanisin, Peter Musevski, Primoz Pirnat, Marusa Kink. Sinopse: Alexandra é uma estudante universitária que planeja ganhar o mundo. Ela trabalha como prostituta para ter a vida que deseja, mas uma morte acidental a colocará em risco. Duração: 90 min. Classificação: 14 anos.




Sonhos em movimento [Dancing Dreams, Alemanha, 2010], de Rainer Hoffmann e Anne Linsel (Imovision). Gênero: documentário. Sinopse: Filme sobre a coreógrafa Pina Bausch e os ensaios para sua primeira apresentação do Kontakthof, no Tanztheater Wuppertal. Duração: 90 min. Classificação: livre.


Rio de Janeiro

SHOW

Kid Abelha
27 e 28 de abril



Local: Citybank Hall RJ Endereço: Av. Ayrton Senna, 3000 - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro - RJ Horário: 22h Preço: Os ingressos variam de R$30 a R$180 Classificação: Menores de 15 anos acompanhados dos pais ou responsável legal, maiores de 15 anos desacompanhados.


TEATRO

A ilusão cômica
até 27 mai 2012



À procura do filho desaparecido, um pai se depara com um mago que promete lhe revelar seu paradeiro. É nesse contexto que se desenrola “A ilusão cômica”, em cartaz desde ontem no Centro Cultural do Banco do Brasil. Vencedor do Prêmio APCA, da Associação Paulista de Críticos de Arte, nas categorias Melhor Ator (Joca Andreazza) e Melhor Atriz (Lavínia Pannunzio), e com duas indicações ao Prêmio Shell (Direção e Atriz), a montagem de Marcio Aurelio é baseada no clássico homônimo do dramaturgo francês Pierre Corneille (1606-1684).

Local: CCBB-RJ Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – Rio de Janeiro – RJ Horário: Quarta a domingo, às 19h30 Duração: 90 min. Preço: R$ 6 (inteira) | R$ 3 (meia entrada para estudantes, professores, funcionários e correntistas do Banco do Brasil e maiores de 60 anos) Classificação: 12 anos


EXPOSIÇÃO

Chaplin e sua imagem
até 29 de abril



A exposição reúne mais de 200 fotografias, muitas delas inéditas, vídeos documentais e gravuras do acervo da família de Charles Chaplin e de instituições como Cineteca del Comune di Bologna; Kunsthal, em Roterdã; Deichtorhallen, de Hamburgo; e Jeu de Paume, de Paris. A curadoria é do francês Sam Stourdzé, diretor do Musée de l’Elysée, de Lausanne, na Suíça.

Local: Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica Endereço: Rua Luís de Camões, 68 - Centro - Rio de Janeiro - RJ Horário: dom e sáb 11:00 até 17:00 | ter, qua, qui e sex 11:00 até 18:00 Preço: Gratuito Classificação: Livre

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A história da liberdade de expressão nos EUA

A HBO mostra a historia da liberdade de expressão nos EUA, como esse direito foi conquistado e a luta para mantê-lo. Completo para donwload http://fileserve.com/file/uDg85aD Titulo original: Shouting Fire: Stories from the Edge of Free Speech (2009)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Dicas Culturais do Feriadão - 20 a 23 de abril

CINEMA


American Pie: O reencontro [American Reunion, EUA, 2012], de Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg (Universal). Gênero: comédia. Elenco: Alyson Hanningan, Seann William Scott, Katrina Bowden. Sinopse: Novo filme da franquia com todo o elenco original. Abertura nos EUA: US$ 21,5 milhões (em 06/04/2012). Duração: 113 min.




Diário de um jornalista bêbado [The Rum Diary, EUA, 2011], de Bruce Robinson (Vinny Filmes). Gênero: comédia. Elenco: Johnny Depp, Aaron Eckhart, Giovanni Ribisi, Amber Heard. Sinopse: O jornalista Americano Paul Kemp aceita um serviço de freelancer em um jornal de Porto Rico durante os anos 50, mas acaba tendo que lutar para encontrar um equilíbrio entre a ilha e sua cultura e os estrangeiros que vivem nela. Duração: 110 min. Classificação: 16 anos.


Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios [Brasil, 2011], de Beto Brant e Renato Ciasca (Sony). Gênero: drama. Elenco: Camila Pitanga, Gustavo Machado, Zecarlos Machado, Gero Camilo. Sinopse: A história de amor entre um fotógrafo e uma mulher de dupla personalidade. Duração: 100 min.


Flor da Neve e o leque secreto [Snow Flower and the Secret Fan, EUA/China, 2011], de Wayne Wang. (Paris). Gênero: drama. Elenco: Hugh Jackman, Vivian Wu, Gianna Jun. Sinopse: Na China do século 19, as amigas Flor da Neve e Lírio superam a distância física por meio de uma língua secreta. Paralelamente, a trama segue Nina e Sophia, duas mulheres contemporâneas que tentam compreender a história de suas ancestrais. Duração: 113 min. Classificação: 12 anos.


A perseguição [The Grey, EUA, 2012], de Joe Carnahan (Imagem). Gênero: ação. Elenco: Liam Neeson, Dermot Mulroney, James Badge Dale. Sinopse: Uma equipe de perfuração de petróleo luta para sobreviver após um acidente de avião no Alaska. Abertura nos EUA: US$ 19,6 milhões (em 27/01/2012). Dif. (segundo fim de semana): -52,7%. Acumulado nos EUA: US$ 50,1 milhões. Duração: 99 min. Classificação: 14 anos.


Vale dos esquecidos [Brasil, 2010], de Maria Raduan (Espaço Filmes). Gênero: documentário. Sinopse: Retrato do conflito por terras que acontece no Mato Grosso, com destaque para o caso da fazenda Suiá-Missu, que nos anos 70 ficou conhecida como o maior latifúndio do Brasil. Índios, posseiros, grileiros, fazendeiros e sem-terras brigando por pedaços de terras na Amazônia. Duração: 72 min. Classificação: livre. São Paulo e Rio de Janeiro


A vida em um dia [Life in a Day, EUA, 2011], de Kevin Macdonald (Vinny Filmes). Gênero: documentário. Sinopse: Milhares de usuários do Youtube do mundo inteiro registraram momentos de suas vidas e postaram as imagens no mesmo dia, criando um registro histórico. Duração: 95 min. Classificação: 12 anos.

Rio de Janeiro

SHOW
Jorge & Mateus 22 de abril

Local: Citybank Hall RJ Endereço: Av. Ayrton Senna, 3000 - Barra da Tijuca - Rio de Janeiro - RJ Horário: 20h Preço: Os ingressos variam de R$60 a R$200 Classificação: Menores de 15 anos acompanhados dos pais ou responsável legal, maiores de 15 anos desacompanhados.

TEATRO
Em nome do jogo até 10 de junho de 2012
Numa trama com reviravoltas, Marcos Caruso é um escritor de romances policiais que propõe uma série de jogos ao amante de sua mulher, um cabeleireiro italiano, interpretado por Emílio de Mello, na peça, na Maison de France.
Local: Teatro Maison de France Endereço: Av. Presidente Antônio Carlos, 58 - Centro - Rio de Janeiro - RJ Horário: dom 18:00 | sex e sáb 21:00 Duração: 90 min. Preço: R$ 60 (sex) | R$ 80 (sáb e dom) Classificação: 14 anos

EXPOSIÇÃO
Pneumática até 4 de maio de 2012
Contemplada com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea 2010 do Ministério da Cultura, a exposição de esculturas infláveis de Paulo Paes é inspirada nos balões. Na versão da mostra, eles são seguros: não usam fogo para serem inflados e não voam.
Local: Palácio Gustavo Capanema Endereço: Rua da Imprensa, 16 - Centro- Rio de Janeiro - RJ Horário: seg, ter, qua, qui e sex 09:00 até 18:00 Preço: Gratuito

terça-feira, 17 de abril de 2012

A explosão do jornalismo

O jornalista francês Ignacio Ramonet – um dos estudiosos mais profundos, refinados e críticos da mídia convencional – lançou o livro A Explosão do Jornalismo. A grande novidade na obra é a esperança militante que o autor deposita na blogosfera, nas redes sociais e num novo jornalismo que se associe a elas.

Entrevista a Frédéric Durand, no L’Humanité | Tradução: Antonio Martins

Você afirma, em seu livro, que “o jornalismo tradicional desintegra-se completamente”

Ignacio Ramonet: Sim, inclusive porque ele está sendo atacado de todos os lados. Primeiro, há o impacto da internet. Parece claro que, ao criar um continente mediático inédito, ela produz um jornalismo novo (blogs,redes sociais, leaks), em concorrência direta com o jornalismo tradicional. Além disso, há o que poderíamos chamar de “crise habitual” do jornalismo. Ela é anterior à situação atual. Desdobra-se em perda de credibilidade, diretamente ligada à consanguinidade entre muitos jornalistas e o poder econômico e político, que suscita uma desconfiança geral do público. Por fim, há a crise econômica, que provoca uma queda muito forte da publicidade, principal fonte de financiamento das mídias privadas e desencadeia pesadas dificuldades de funcionamento para as redações.


A que se deve a perda de credibilidade?

Ignacio Ramonet: Ela acentuou-se nas duas últimas décadas, essencialmente como consequência do desenvolvimento do negócio midiático. A imprensa nunca foi perfeita, fazer bom jornalismo foi sempre um combate. Mas a partir da metade dos anos 1980, vivemos duas substituições. Primeiro, a informação contínua na TV, mais rápida, tomou o lugar da informação oferecida pela impressa escrita. Isso conduziu a uma concorrência mais viva entre mídias uma corrida de velocidade em que resta cada vez menos tempo para verificar as informações. Em seguida, a partir da metade dos anos 1990, com o desenvolvimento da internet. Particularmente há alguns anos, com a emergência dos “neojornalistas”, estas testemunhas-observadoras dos acontecimentos (sejam sociais, políticos, culturais, meteorológicos ou amenidades). Eles tornaram-se uma fonte de informações extremamente solicitada pelas próprias mídias tradicionais.


O público parece justificar sua desconfiança em relação à imprensa pela promiscuidade entre o poder e os jornalistas

Ignacio Ramonet: Para a maioria dos cidadãos, o jornalismo resume-se a alguns jornalistas: estes que se vê em toda parte. Duas dezenas de personalidades conhecidas, que vivem um pouco “fora da terra”, que passam muito tempo “integrados” com os políticos, e que, em toda o mundo, conciliam bastante com eles. Constitui-se assim uma espécie de nobreza política, líderes políticos e jornalistas célebres que vivem (e às vezes se casam) entre si mesmos, uma nova aristocracia. Mas esta não é a realidade do jornalismo. A característica principal desta profissão é, hoje, a precarização. A maior parte dos jovens jornalistas é explorada, muito mal paga. Trabalham por tarefa, muitas vezes em condições pré-industriais. Mais de 80% dos jornalistas recebem baixos salários. Toda a profissão vive sob ameaça constante de desemprego. Portanto, as duas dezenas de jornalistas célebres não são nem um pouco representativas, e mascaram a miséria social do jornalismo – na França e em mutos outros países. Isso não mudou com a internet – talvez, tenha se agravado. Nos sites de informação em tempo real criados pela maior parte da velha mídia, as condições de trabalho são ainda piores. Surgem novos tipos de jornalistas explorados e superexplorados. O que pode consolá-los é saber que, talvez, seu futuro lhes pertença.


Em seu livro, você afirma que o futuro dos jornais escritos é tornar-se imprensa de opinião. Por que?

Ignacio Ramonet: Os jornais mais ameaçados são, em minha opinião, os que reproduzem todas as informações gerais e cuja linha editorial dilui-se totalmente. Embora seja importante, para os cidadãos, que todas as opiniões se exprimam, isso não quer dizer que cada mídia deva reproduzir, em si mesma, todas estas opiniões. Neste sentido, a imprensa de opinião é necessária. Não se trata de uma imprensa ideológica, ligada ou identificada com uma organização política – mas de um jornalismo capaz de defender uma linha editorial definida por sua redação.

Na medida em que, para tentar enfrentar a crise da imprensa, os jornais decidiram abrir espaço, em suas colunas, a todas as teses políticas, da extrema esquerda à extrema direita, sob pretexto de que vale tudo, muitos leitores deixaram de comprar estas publicações. Porque uma das funções de um jornal, além de fornecer informações, é conferir uma “identidade política” a seu leitor. Porém, agora, o jornal não expressa mais o que são seus leitores. Estes, ao contrário, confundem as identidades dos jornais e se desconcertam. Eles compram, digamos, Libération, e leêm uma entrevista com Marine Le Pen. Aliás, por que não? Mas os leitores podem descobrir, por exemplo, que têm talvez algumas ideias em comum com o Front National. E ninguém lhes dá referências a respeito, o que provoca inquietação. Tal desarranjo confunde muitos leitores. Hoje, o fluxo de informações que transita na internet permite que cada um forme sua própria opinião. Em plena crise dos jornais, o sucesso do semanário alemão Die Ziet é significativo. Ele escolheu contestar as ideias e informações dominantes, com artigos de fundo – longos e às vezes árduos. As vendas crescem. No momento em que toda a imprensa faz o mesmo – artigos cada vez mais curtos, com um vocabulário de 200 palavras, Die Ziet escolheu uma linha editorial clara e distinta. Além disso, seus textos permitem lembrar de que o jornalismo é um gênero literário…


Os novos espaços midiáticos podem modificar as relações de dominação que prevalecem hoje no seio da própria sociedade?

Ignacio Ramonet: Dediquei um capítulo inteiro de meu livro ao WikiLeaks. É o terreno da transparência. Em nossas sociedades contemporâneas, democráticas e abertas será cada vez mais difícil, para o poder, manter dupla política: uma para fora e outra, mais opaca e secreta, para uso interno, onde há o direito e risco de transgredir as leis.

O Wikileaks demonstrou que as mídias tradicionais já não funcionavam nem assumiam seu papel. Foi no nicho destas carências que o Wikileaks pôde introduzir-se e se desenvolver. O site também revelou que a maior parte dos Estados tinham uma lado obscuro, oculto. Mas o grande escândalo é que, depois das revelações do Wikileaks, nada ocorreu! Por exemplo: revelou-se que, na época da guerra do Iraque, um certo grupo de dirigentes do Partido Socialista francês dirigiu-se à embaixada dos Estados Unidos para explicar que, se estivessem no poder, teriam envolvida a França na guerra. E este fato – próximo da alta traição – não provocou reações.


Fonte: Outras Palavras

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Existe jornalismo isento em uma emissora estatal?


Por serem órgãos atrelados aos governos estaduais, as rádios educativas dificilmente podem fazer um jornalismo isento quando o assunto em pauta são medidas tomadas pelo próprio governo. Para quem trabalha nessas emissoras fazer matérias contra o governo eqüivale ao mesmo problema que os órgãos comercias enfrentam em relação aos seus proprietários e patrocinadores.

A questão do comprometimento dos meios de comunicação e de sua interferência na formação de opiniões vem sendo analisada há bastante tempo por estudiosos da Teoria da Comunicação e de outras áreas interdisciplinares. Muniz Sodré trata a questão tentando mostrar que por terem uma função informativa (pelo menos em tese), os meios de comunicação muitas vezes acabam refletindo opiniões de grupos econômicos restritos (proprietários ou patrocinadores) sem que isso fique explícito.

Os meios de comunicação de massa, sob as aparências de ‘máquinas de informação', são, de fato, máquinas integradoras dessas simulações necessárias à nova ordem. Tendem a construir, assim, uma esfera autônoma – quer dizer, embora financiados por organizações econômicas ou industriais, os mass media não se apresentam como porta-vozes imediatos da ordem econômica – legitimada pela função suposta de “ligar” os indivíduos por meio da difusão de informações com um hipotético fundo comum.

Gilberto Nogueira e Kátia Aguiar, que também era redatora da Rádio, acreditam que, contudo, a qualidade do jornalismo da rádio melhorou na década de 90, principalmente, em função do avanço tecnológico. Eles apostam na formação de um público para o radiojornalismo através do resgate do imediatismo, a sua principal qualidade.

O jornalista Gilberto Nogueira compara a mobilidade conquistada com a tecnologia e os problemas enfrentados na criação do departamento de jornalismo da Rádio Cultura. As situações engraçadas ajudam a lembrar os problemas que foram enfrentados, principalmente, pelos repórteres.

Era muito difícil fazer matéria produzida. Até gravador pequeno nós não tínhamos. Precisava-se usar aqueles rádio-gravadores enormes. Na verdade, se pagava muitos ‘micos' quando acontecia uma coletiva e as pessoas tinham que colocar o rádio-gravador na frente do governador. Aí, a equipe da televisão não podia filmar com aquele trambolho na frente. Hoje em dia, quando você tem uma matéria para passar ao vivo, pode utilizar o telefone celular direto. Antigamente, tínhamos que gravar e sair correndo para um orelhão. Só depois o material era passado para a fita rolo. A fita rolo era levada para o estúdio, onde seria decupada, é só depois a notícia ia para o ar.

A jornalista Kátia Aguiar acredita que a prestação de serviços foi uma das características assumidas pelas rádios nos anos 90 que ajudaram a manter a audiência e a credibilidade.

Você já deve ter lido que com o advento da televisão anunciaram aos quatro ventos que o rádio iria terminar, o que não aconteceu. Na verdade, o rádio conseguiu se manter justamente quando conseguiu adquirir suas características próprias. Trabalho em rádio desde quando me formei, mas para mim o rádio ainda consegue superar a TV nesse aspecto do imediatismo, a não ser que o repórter não seja bom. Por isso, o rádio conquistou uma parcela da população que se tornou ouvinte cativo.

Sodré, Muniz. O Social Irradiado. São Paulo. Editora Cortez, 1992. P.44

Fonte: O Pará nas ondas do rádio

Leia mais:
Jornalismo e opinião

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Dicas Culturais do Fim de Semana - 13 a 15 de abril

CINEMA



12 horas [Gone, EUA, 2012], de Heitor Dhalia (Paris). Gênero: suspense. Elenco: Amanda Seyfried, Jennifer Carpenter, Wes Bentley, Sebastian Stan. Sinopse: Quando a irmã de Jill desaparece, ela se convence de que o seu seqüestro, ocorrido há dois anos, ainda não acabou, e resolve enfrentar mais uma vez o serial killer que ameaça sua família. Abertura nos EUA: US$ 4,7 milhões. Dif. (segundo fim de semana): -37,1%. Acumulado nos EUA: US$ 8,9 milhões. Duração: 94 min.




Área Q [Brasil/EUA, 2011], de Gerson Sanginitto (California). Gênero: suspense. Elenco: Murilo Rosa, Tânia Khalil, Isaiah Washington, Ricardo Conti. Sinopse: Na busca incessante para encontrar seu filho, Thomas se depara com um ser de outra dimensão que detém a resposta não só para o desaparecimento do menino, como também para o rumo de nosso planeta. Duração: 107 min. Classificação: 10 anos.




Como agarrar meu ex-namorado [One For The Money, EUA, 2011], de Julie Anne Robinson (PlayArte). Gênero: comédia. Elenco: Katherine Heigl. Sinopse: Divorciada e desempregada, Stephanie aceita o emprego de caçadora de recompensas na empresa de um primo. Seu primeiro alvo é o atraente Joseph, ex-policial foragido por quem ela tinha uma queda desde os tempos de escola. Abertura nos EUA: US$ 11,5 milhões (em 27/01/2012). Dif. (segundo fim de semana): -54,8%. Acumulado nos EUA: US$ 23,6 milhões. Duração: 89 min. Classificação: 12 anos.




O príncipe do deserto [Black Gold, França/Catar, 2011], de Jean-Jacques Annuad (Warner). Gênero: drama. Elenco: Antonio Bandeiras, Freida Pinto, Mark Strong, Tahar Rahim. Sinopse: Nos Emirados Árabes da década de 1930, um jovem príncipe fica dividido. Não sabe se deve seguir as idéias do pai, conservador, ou do sogro, liberal. Duração: 130 min.




Quem se importa? [Brasil, 2010], de Mara Mourão (Imovision). Gênero: documentário. Sinopse: Documentário sobre o trabalho dos Empreendedores Sociais, pessoas que estão mudando as sociedades através de ideias criativas e de impacto social suficientes para se transformarem em políticas públicas. Duração: 90 min. Classificação: livre.




Titanic 3D [EUA, 2012], de James Cameron (Fox). Gênero: drama. Elenco: Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Billy Zane. Sinopse: Relançamento em 3D do filme de 1997, em homenagem ao centenário do naufrágio. Duração: 194 min.




A toda prova [Haywire, EUA, 2011], de Steven Soderbergh (Imagem). Gênero: ação. Elenco: Gina Carano, Channing Tatum, Ewan McGregor, Michael Douglas. Sinopse: Uma soldado parte em busca de vingança depois de ser traída e deixada para trás, para morrer. Abertura nos EUA: US$ 8,4 milhões (em 20/01/2012). Dif. (segundo fim de semana): -52,5%. Acumulado nos EUA: US$ 15,2 milhões. Duração: 111 min. Classificação: 14 anos.


Rio de Janeio

SHOW

Maria Gadu - Mais uma página
14 de abril



Mais uma página apresenta em seu repertório oito músicas em que Maria aparece também como compositora. Ana Carolina, Chiara Civello, Edu Krieger, Maycon e o americano Jesse Harris são parceiros em cinco destas composições. “Nunca tinha composto em parceria”, afirma Maria. O amigo Dani Black, que já teve suas “Aurora” e “Só Sorriso” gravadas em Maria Gadú Mulishow Ao Vivo, contribui com “Axé Acapella” em parceria com Luisa Maita e “Linha Tênue”. Maycon também mostra seu lado compositor em “Extranjero”, parceria com Cassyano Correr. O álbum ainda traz três regravações: “Anjo de Guarda Noturno” (Miltinho Edilberto), gravada originalmente pela banda Bicho de Pé, “Amor de Índio”, composta por Beto Guedes e Ronaldo Bastos, e “Oração ao Tempo”, de Caetano Veloso, e que está na abertura da novela A Vida da Gente.

Local: Vivo Rio
Endereço: Avenida Infante Dom Henrique, 85 - Parque do Flamengo - Rio de Janeiro – RJ
Horário: 22h
Preço: Os ingressos variam de R$30 a R$160
Classificação: 16 anos. Menores de 16 anos somente acompanhados do responsável legal.


TEATRO

Cabaret
até 10 de junho de 2012



Berlim, 1920, pós-Primeira Guerra Mundial. Em plena ascensão nazista, um cabaré sombrio e povoado de personagens frágeis, o Kit Kat Club, é cenário para dois romances sem final feliz. Uma inglesa, Sally Bowles, apaixona-se por um escritor americano, Cliff Bradshaw; e uma ariana, Fräulein Schneider, envolve-se com um judeu alemão, Herr Schuktz. As histórias de amor desenganado ilustram o musical “Cabaret”, adaptação de Miguel Falabella que estreia no Oi Casa Grande, com Claudia Raia.

Local: Oi Casa Grande
Endereço: Av. Afrânio de Melo Franco, 290 - Leblon – Rio de Janeiro - RJ
Horário: Quinta a sábado, 21h e domingo, 19h
Duração: 150 min.
Preço: Os ingressos variam de R$40 a R$120 Comprar
Classificação: 14 anos


EXPOSIÇÃO

Invenções do Feminino
até 31 de maio de 2012


A fotógrafa francesa de origem romena Irina Ionesco tem 18 trabalhos na mostra, incluindo fotos polêmicas que ela fez da filha, dos 4 aos 12 anos, que envolvem fetiches e nudez, e foram acusadas de pedofilia.

Local: Casa do Saber
Endereço: Av. Epitácio Pessoa, 1.164 - Lagoa - Rio de Janeiro - RJ
Horário: seg, ter, qua, qui e sex 11:00 até 20:00
Preço: Gratuito

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Forum Democracia e Liberdade de Expressão com Arnaldo Jabor



3º Painel: "Restrições à Liberdade de Expressão" Exposições: Arnaldo Jabor, Carlos Alberto Di Franco e Sidnei Basile - Mediador: Luis Erlanger - Patrocínio: MisesBrasil - Apoio: FAAP - Realização: Instituto Millenium 01/03/2010 - Hotel Golden Tulip - São Paulo, SP

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Guerra de Obama contra os informantes

O ex-agente da CIA John C. Kiriakou foi acusado, no dia 6 de abril, de vazar para jornalistas informações confidenciais sobre a missão de captura de Abu Zubaydah, do grupo terrorista Al Qaeda, informou a Associated Press.

O caso de Kiriakou, que se fez conhecido ao tornar pública sua opinião sobre a controversa técnica de interrogação por afogamento simulado (waterboarding), é o sexto de vazamento de informações secretas durante o governo do presidente Barack Obama - número superior ao das administrações anteriores. O ex-agente é acusado de revelar a identidade de um funcionário da CIA a um repórter do New York Times. Em junho de 2008, o jornal publicou uma matéria que especificava o papel desse funcionário no interrogatório de Abu Zubaydah, explicou a rede ABC News.

Kiriakou enfrenta cinco processos, incluindo três por violação da Lei de Espionagem - crimes pelos quais pode pegar 45 anos de prisão, acrescentou o site Global Post.

O Projeto de Responsabilidade Governamental, uma organização pela proteção dos informantes, destacou que Kiriakou é "a única pessoa que será processada pelo programa de torturas da administração do ex-presidente Bush [...], marcada pela violação da lei, abrindo um precedente perigoso: se tortura um prisioneiro, não haverá repercussão penal, mas se estiver contra isso, corre o risco de ser processado por violar a Lei de Espionagem".

Em artigo para o New York Times, publicado em fevereiro, o colunista David Carr destacou que, apesar das promessas de Obama de melhorar as leis que protegem os informantes, o governo, em vez disso, parece estar interessado em silenciá-los e persegui-los. Ao perseguir os informantes, o governo abandonou o preceito segundo o qual "o direito manter as pessoas informadas está acima do direito do governo de ocultar seus assuntos".

Além disso, Carr argumentou que tal perseguição cria um efeito incômodo que não apenas coíbe os informantes em potencial, mas também os jornalistas com os quais eles poderiam trabalhar.

Um outro artigo do New York Times afirma que os Estados Unidos classificaram mais de 77 milhões de documentos em 2010, 40% a mais do que no ano anterior. Isso apesar de os Estados Unidos liderarem, junto com o Brasil, a Parceria para Governo Aberto, cujo objetivo é promover a transparência. Ironicamente, as reuniões do Departamento de Estado sobre a importância dessa iniciativa em favor da transparência se realizaram a portas fechadas, destacou o Politico.

O soldado Bradley Manning, seguramente um dos informantes mais conhecidos, enfrenta 22 processos por violação da Lei de Espionagem, pelo vazamento de informações confidenciais para o WikiLeaks. O caso dele levou o governo americano a tomar medidas contra o repasse de informações secretas e a investigar a possibilidade de processar criminalmente o fundador do WikiLeaks, Julian Assange.

Fonte: Jornalismo nas Américas

terça-feira, 10 de abril de 2012

Liberdade de Expressão e os Princípios da Democracia


A liberdade de expressão, sobretudo sobre política e questões públicas é o suporte vital de qualquer democracia. Os governos democráticos não controlam o conteúdo da maior parte dos discursos escritos ou verbais. Assim, geralmente as democracias têm muitas vozes exprimindo idéias e opiniões diferentes e até contrárias.

Segundo os teóricos da democracia, um debate livre e aberto resulta geralmente que seja considerada a melhor opção e tem mais probabilidades de evitar erros graves.

A democracia depende de uma sociedade civil educada e bem informada cujo acesso à informação lhe permite participar tão plenamente quanto possível na vida pública da sua sociedade e criticar funcionários do governo ou políticas insensatas e tirânicas. Os cidadãos e os seus representantes eleitos reconhecem que a democracia depende de acesso mais amplo possível a idéias, dados e opiniões não sujeitos a censura.

Para um povo livre governar a si mesmo, deve ser livre para se exprimir — aberta, pública e repetidamente; de forma oral ou escrita.

O princípio da liberdade de expressão deve ser protegido pela constituição de uma democracia, impedindo os ramos legislativo e executivo do governo de impor a censura.

A proteção da liberdade de expressão é um direito chamado negativo, exigindo simplesmente que o governo se abstenha de limitar a expressão, contrariamente à ação direta necessária para os chamados direitos afirmativos. Na sua maioria, as autoridades em uma democracia não se envolvem no conteúdo do discurso escrito ou falado na sociedade.

Os protestos servem para testar qualquer democracia — assim o direito a reunião pacífica é essencial e desempenha um papel fundamental na facilitação do uso da liberdade de expressão. Uma sociedade civil permite o debate vigoroso entre os que estão em profundo desacordo.

A liberdade de expressão é um direito fundamental, mas não é absoluto, e não pode ser usado para justificar a violência, a difamação, a calúnia, a subversão ou a obscenidade. As democracias consolidadas geralmente requerem um alto grau de ameaça para justificar a proibição da liberdade de expressão que possa incitar à violência, a caluniar a reputação de outros, a derrubar um governo constitucional ou a promover um comportamento licencioso. A maioria das democracias também proíbe a expressão que incita ao ódio racial ou étnico.

O desafio para uma democracia é o equilíbrio: defender a liberdade de expressão e de reunião e ao mesmo tempo impedir o discurso que incita à violência, à intimidação ou à subversão.

Fonte: Embaixada dos Estados Unidos

segunda-feira, 9 de abril de 2012

"Todos temos preferências" - Ricardo Kotscho

Em entrevista ao apresentar Jô Soares, o jornalista Ricardo Kotscho, um dos mais importantes do país, afirma peremptoriamente que a imprensa brasileira colaborou com o golpe militar de 64. Já o paresentador global tenta limpar a barra do PIG: "mas era uma ditadura". Kotscho rebate Jô mais uma vez e diferencia a censura da necessidade de impor limites aos meios de comunicação.







Fonte: Portal Vermelho

terça-feira, 3 de abril de 2012

Índia: Companhias de Internet se curvam a exigências de censura

Por Global Voices

A Índia deu um gigantesco passo para trás, ao exigir que 20 das maiores companhias de Internet, inclusive Google, Facebook e Twitter apresentem planos para filtrar material “anti-religioso” ou “anti-social” do conteúdo disponível para cidadãos indianos.

Lideranças políticas, inclusive Sonia Gandhi, o ministro das Telecomunicações Kapil Sibal e o Primeiro Ministro Manmohan Singh exigiram de companhias de Internet a remoção preventiva de material “duvidoso”, de acordo com o Governo. Material “duvidoso” inclui blasfêmias e insultos religiosos, mas grande parte do material também inclui conteúdo crítico e desabonador para muitos dos líderes políticos da Índia, inclusive Sonia Gandhi, de acordo com o blog do jornal Financial Times, beyondbrics.


"A Índia vai processar o Google por causa de material ofensivo. O Google se recusa a remover resultados de busca." Cartoon de Bryant Arnold, CartoonADay.com. Utilizada sob a licença Creative Commons 2.5 (BY-NC)

Após resistência inicial, as companhias de Internet finalmente se curvaram às demandas egoístas da Índia e concordaram em apresentar planos para filtrar “conteúdo ofensivo” até hoje, dia 21 de fevereiro de 2012. A próxima audiência ocorrerá no dia 1 de março. Regimes autoritários como os da China, Rússia e Egito fizeram exigências semelhantes, mas a Índia é a primeira democracia robusta, com uma mídia doméstica florescente, a fazer exigências tão extensivas.

A Índia está fazendo jus à posição de maior democracia do mundo? Não de acordo com os seus cidadãos. O blogueiro AdityaT cita um advogado do Google em um post no site igyaan:

"The issue relates to a constitutional issue of freedom of speech and expression, and suppressing it was not possible as the right to the freedom of speech in democratic India separates us from a totalitarian regime like China."

"A questão está relacionada a uma questão constitucional de liberdade de expressão e suprimi-la não é possível, já que o direito à liberdade de expressão na Índia democrática é o que nos separa de um regime totalitário como o da China."
 
What to do Baba considera:

"It is almost impossible to ban Google or Facebook in India. [..] I hope and believe, that the matter be settled both for the good of society as well as the web. Let us punish the guilty and not choose a scapegoat."

"É quase impossível banir o Google ou o Facebook na Índia. […] Eu espero e acredito que a questão será acertada entre ambas as partes para o bem da sociedade, bem como para o bem da Web. Culpemos os culpados, ao invés de encontrar um bode expiatório."

Talvez seja tarde demais para a indignação popular. O Google já começou a redirecionar usuários do domínio blogspot.com para o censurado blogspot.in, a versão indiana do site de blogs. Material censurado em sites indianos e versões das ferramentas de busca continuarão disponíveis fora da Índia. O Yahoo e o Facebook estão se recusando a censurar o próprio conteúdo, alegando que não têm nenhuma relação com os materiais duvisosos, de acordo com o blog Jaipur.co.

O Google possui um longo histórico de mover-se por zonas cinzas para aplacar governos irados. Fundado sob o ideal “não seja malvado”, o Google deixou de utilizar esse slogan em público, pois o bordão acabou indo para o lixo em favor do lucro, no lugar de prover serviços de interesse público.

Os gigantes da Internet Google, Facebook e Twitter possuem regras que requerem que as companhias “adiram  às leis domésticas”, o que significa remover conteúdo que viole as leis locais. As três empresas têm apontado este fato em auto-defesa, diante das acusações lançadas por defensores dos direitos humanos inúmeras vezes nos últimos anos, primeiro na China, depois no Egito e agora na Índia.

Porém, essas regras não foram criadas para permitir que governos sufoquem a circulação livre de informações. A realidade é que a Internet é um fórum ingovernável e a esfera digital tem poucas leis. Na Índia, o Google está longe de ser uma vítima, ele está permitindo que governos censurem material para evitar a perda de 121 milhões de usuários, caso o Governo bloqueie completamente o Google, além de potenciais 900 milhões de usuários mais, já que o número de usuários da Internet na Índia se multiplica a cada ano.

O Google não está se curvando à censura do Governo para viabilizar ao menos “alguma” forma de os cidadãos indianos acessarem informações, ele está com medo demais de perder milhões de usuários para a concorrência.

A manobra do Google entra diretamente em contradição com a sua retirada recente da China. Embora obviamente não seja o melhor passo nos negócios, uma das medidas mais significativas que o Google poderia tomar para combater a censura era sair da China. Timothy B. Lee escreve no blog Room for Debate, do New York Times:

"Google’s withdrawal from China has important symbolic value. Google has become one of the world’s most prestigious brands, and for the last four years it has lent undeserved legitimacy to the government’s censorship efforts."

"A retirada do Google da China foi um importante gesto simbólico. O Google se tornou uma das marcas mais prestigiosas do mundo e, nos últimos quatro anos, essa marca vinha emprestando uma legitimidade não merecida às tentativas de censura do Governo."
 
É desnorteador que esta enorme conquista do Google seja seguida pela submissão às exigências de censura da Índia.

Assim, adentramos a Primeira Guerra Digital. São os governos versus a Internet, e pior ainda: são as companhias de Internet umas contra as outras, na sua busca pelo domínio sobre a Web. As empresas de Internet prestam um enorme desserviço a seus usuários e à luta contra a corrupção na Índia, ao sucumbir às pré-condições do Governo, para que censurem ou saiam do mercado.

Claro, o Google pode perder uma porção significativa de usuários para um site de mídia social concorrente, assim como o mesmo pode acontecer com o Facebook, porém, ao tentar superar umas às outras para conquistar o reinado supremo do mundo digital, as empresas parecem estar destruindo lentamente as fundações sobre as quais foram erguidas: liberdade, empoderamento e a obrigação de “não ser malvado”. Kevin Kelleher expressa isso de maneira certeira no blog MediaFile, da Reuters, ao escrever que o slogan do Google “não seja malvado” se tornou “sejamos todos malvados”.

O Google parou de usar esse slogan publicamente. Está na hora de trazê-lo de volta.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

[Entrevista] "A imprensa brasileira sempre foi canalha" - Millôr Fernandes

Por Folha.com

No início da década de 1980, a revista "Oitenta", inspirada na Granta inglesa, entrevistou o escritor e jornalista Millôr Fernandes por mais de sete horas. Segundo avaliação de Millôr, de 1938 --quando começou no jornalismo-- até aquela data, a técnica foi a única mudança nos meios de comunicação. Em quesitos éticos e morais, "a imprensa brasileira sempre foi canalha."

Em homenagem ao intelectual brasileiro que pensou, falou e escreveu sobre temas importantes de nosso tempo, a Livraria da Folha selecionou um trecho do livro "A Entrevista" no qual Millôr conta o seu envolvimento com o jornalismo e as suas impressões sobre a mídia brasileira.
                                                                      
                                                                        *

Millôr - Eu quero fazer um pequeno introito a esta entrevista absolutamente sincero: não gostaria de estar dando esta entrevista. Estou porque gosto muito fraternalmente - como não posso dizer fraternalmente por causa da idade, eu costumo dizer fra-paternalmente - do Lima e do Ivan. Por osmose comecei a gostar dos outros. Eu só não digo que estou começando a ficar gaúcho porque não tenho rebolado gaúcho. Agora - nada, na minha estrutura, soi disant intelectual, com todas as aspas, me conduz a dar uma entrevista a sério, sobretudo a pessoas altamente respeitáveis como vocês. Quero que fique gravado nesta entrevista: realmente, eu não me levo a sério. Mas na proporção em que o tempo passa, a idade avança, as pessoas vão te levando insuportavelmente a sério, e você acaba assumindo um mínimo disso.

- Quando você começou no Jornalismo?

Millôr - Eu comecei a trabalhar no dia 28 de março de 1938; tinha 13 pra 14 anos de idade. E essa é uma das coisas de que me orgulho - a minha vanglória - a consciência profissional. Eu era um menino solto no mundo, uma vida que dependia só de mim mesmo. Naquela época, o Ministério do Trabalho era recém-fundado. O meu empregador já era O Cruzeiro. Pedi que me assinassem a carteira de trabalho. Quando cheguei em casa (uma pensão) e vi que a data que estava lá na carteira era a data em que eu havia pedido a assinatura da carteira e não a em que eu havia começado a trabalhar, voltei e pedi retificação. Veja você, um menino com menos de 14 anos, sem nenhuma influência ideológica de trabalhismo, de nada, apenas com aquela consciência de que tinha direito. Então a carteira diz assim: "onde se lê tal, leia-se tal data". Está lá registrado o primeiro dia de trabalho: 28 de março de 1938. Já fiz 43 anos de jornalismo, mais anos do que vocês, em conjunto, têm de vida.

- Obrigado pela generosidade. Você acha que o jornalismo brasileiro melhorou muito de lá pra cá?

Millôr - Muito, tecnicamente. Lamentavelmente, porém, do ponto de vista ético, moral e social, melhorou muito pouco. E já era quase criminosamente ruim naquela época. Conforme você sabe, eu não tenho nenhuma formação marxista, não acredito em excessivos determinismos históricos. É evidente, é liminar, que as forças de produção regem muitas coisas. É liminar que o contexto da sociedade reja fundamentalmente muitas coisas. Agora - o que não é liminar é o seguinte: há forças metafísicas, há entrerrelações no mundo que não estão previstas em qualquer ideologia; a isso eu chamo o anticorpo. O Marx é o próprio anticorpo dentro da sociedade em que vivia. Se as teorias de Marx fossem perfeitas, ele não existiria. Porque o contexto social e as relações de produção da época não o previam, não o permitiram. Você pode dizer que a imprensa é resultado do meio, a imprensa é resultado da sociedade em que funciona. Certo. Mas, às vezes, por força de um indivíduo, ou por força de um pequeno grupo de indivíduos, ela pode se antecipar ao seu meio e fazer progredir esse meio. Mas a imprensa brasileira sempre foi canalha. Eu acredito que se a imprensa brasileira fosse um pouco melhor poderia ter uma influência realmente maravilhosa sobre o país. Acho que uma das grandes culpadas das condições do país, mais do que as forças que o dominam politicamente, é nossa imprensa. Repito, apesar de toda a evolução, nossa imprensa é lamentavelmente ruim. E não quero falar da televisão, que já nasceu pusilânime.

- Há um consenso de que a imprensa brasileira, tecnicamente, teria atingido uma qualidade comparável com o que de melhor se faz no mundo.

Millôr - De acordo. A revista onde trabalho, Veja, é um exemplo, tem todas as possibilidades; praticamente iguais às da Time. A TV Globo só não tem mais possibilidades porque não quer. Ela pode mandar 30 repórteres amanhã pra Polinésia com o poder que tem, fazer a cobertura que quiser. Mas só age em função do merchandising. Nos falta até o contraste, que existe em países supercapitalistas como os Estados Unidos, onde o choque de interesses é tão violento que faz da imprensa americana a melhor imprensa do mundo. Quando o New York Times não quer dar cobertura a um setor, o Washington Post vai em cima. A França tem dois fenômenos de boa imprensa: são Le Monde e Le Canard Enchainé: prova de que a chamada imprensa burguesa, ou a imprensa dentro de países burgueses, pode ser realmente a expressão de uma absoluta liberdade, maior do que em países socialistas (nestes não há imprensa: há boletins).
É possível fazer imprensa com independência. Se o Canard Enchainé faz, se o Le Monde faz, por que não se pode fazer no Brasil? É uma coisa que pode parecer até brincadeira: quando nós fizemos o Pasquim, num certo momento eu disse pro pessoal: "Olha, eu sou o único comunista daqui". Eu acreditava que aquele negócio fosse mesmo um negócio comunitário, para o bem público. É verdade! Os que se presumiam comunistas (não só eles!) começaram a roubar da maneira mais deslavada, mais escrota possível. Mas que se pode fazer dentro de um contexto capitalista, de um contexto burguês, uma imprensa de alta eficiência social voltada para o bem público, isso se pode, sim! Dei provas: você tem o Le Monde e o Canard Enchainé, duas coisas até bem contrastantes.

- Em Nova York, há um Village Voice, e um canal 13 de televisão orientado como serviço público. Por que no Brasil não existem condições, neste momento ao menos, de se ter uma imprensa alternativa - mas não marginal - de grande penetração na sociedade? Por que não existe isso?

Millôr - Respondo voltando àquela velha anedota de Deus criando o mundo: todo mundo conhece. Alguém (havia mais "alguém" por ali?) reclamou que Deus tinha feito este país maravilhoso, sensacional. O Chile foi feito cheio de terremotos, o Paraguai tinha pântanos incríveis, outro país tinha furacões, o outro tinha desertos e o escambau e, de repente, no Brasil não tinha nada desastroso: florestas maravilhosas, mares maravilhosos, montanhas lindas. Aí Deus parou e disse: "Espera porque você vai ver a gentinha que eu vou botar lá".

- Que tipo de imprensa poderia contribuir melhor pro bem social?

Millôr - Estou pensando, além dos que já citei, no Village Voice. Hoje, um jornal rico. Já é até um jornal do sistema. Talvez hoje, curiosamente, jornais maiores, como o Washington Post e o New York Times, para falar dos dois que sempre se confrontam, ajam mais em função do bem público do que o Village Voice. Mas a imprensa alternativa (e o Village Voice foi um dos seus grandes exemplos), eu acho que ela é a grande solução para a liberdade de expressão. Os jovens precisavam se conscientizar disto. Saber que eles podem fazer um jornal que, ocasionalmente, vai ficar preso ao bairro, mas é importante que o bairro seja protegido, é importante que as misérias do bairro sejam mostradas ao poder público, até que o poder público chegue àquele negócio mínimo (que é o máximo!) que é consertar o buraco da rua. Não se vai partir para a solução do mundo partindo do macrocosmo; precisamos partir do microcosmo, não tenha dúvida nenhuma. Cristo começou com uma cruz só. Essa pretensão do homem de fazer o organograma universal acaba em Delfim Neto, acaba em tecnocracia, acaba em "herói". E chega de heróis. O homem tem que se convencer de que o mais importante de tudo é o dia a dia. O homem vive é todo dia. A maior utopia é a resistência diária. Ser herói é fácil. Herói se faz em três meses. Tem amigos nossos, feito o Gabeira, que fazem três meses de heroísmo, viram heróis de todos os tempos e passam a viver disso. E é aquele negócio, é bicha porque está na moda, elogia mulher porque está na moda, é incapaz de dizer alguma coisa contra a corrente, mesmo que a corrente seja lamentável, odiosa, reacionária.

- E você acha, por exemplo, que os jornais alternativos estão contribuindo pra alguma coisa neste sentido no Brasil?

Millôr - Neste momento estão um pouco em recesso. Mas de qualquer forma estão contribuindo. A maior contribuição que foi dada à imprensa brasileira, nos últimos tempos, foi a imprensa opcional a partir do Pasquim, não tenho dúvida nenhuma. Mas a própria abertura forçou um pouco o recesso no setor. A própria abertura trouxe junto muita vigarice, os caras estão explorando demais o sexo, estão explorando o homossexualismo, o sensacionalismo: pegando os vícios da outra imprensa. A coisa essencial é "vender". Mas continuo achando que a imprensa opcional é uma solução. Bem feita, essa imprensa opcional forçará a grande imprensa a dar cobertura a certos assuntos. Cobra! Envergonha! Força! Aquele negócio: o socialismo força o capitalismo a ceder em certas coisas. Você pega o Manifesto do Partido Comunista do Marx: das oito ou dez exigências básicas do Marx, pelo menos uns seis itens nem Uganda deixa de aplicar hoje em dia. O imposto de renda é um deles.