quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Crowdfunding ganha força no Brasil

Por Daniela Moreira para Exame


De carona no sucesso de iniciativas estrangeiras, empreendedores brasileiros estão se aventurando no crowdfunding, modelo que permite que indivíduos ou empresas financiem seus projetos através de doações coletivas.

A premissa é relativamente simples: o autor da ideia apresenta sua proposta em uma plataforma online e diz quanto quer captar. Através deste sistema, indivíduos que se interessem em apoiar o projeto fazem doações – cada um dá o que quer ou o que pode. Em troca, o dono do projeto oferece uma recompensa – se o projeto anunciado for um filme, por exemplo, os “investidores” podem receber uma cópia gratuita em primeira mão.

Se o projeto conseguir captar os recursos desejados, os donos da plataforma repassam a verba aos responsáveis pelo projeto, ficando com uma comissão – em geral, 5%. Se a meta de arrecadação não for atingida, o dono da ideia sai sem nada e os investidores recebem o dinheiro investido de volta - em alguns casos, não em espécie, mas em forma de crédito para investir em outros projetos.

Uma das referência mais importantes em crowdfunding, o site americano Kickstarter já permitiu que mais de 380 mil pessoas buscassem recursos para colocar suas ideias em prática – desde filmes independentes até discos produzidos e gravados em casa. Mais de 30 milhões de dólares em recursos foram solicitados por meio da plataforma, sendo que alguns projetos chegaram captar mais de 100 mil dólares.

Os sites Queremos e Vakinha indicam que o crowdfunding tem potencial para dar certo no Brasil. O primeiro permitiu que os fãs dos artistas Mike Snow e Belle & Sebastian unissem forças para trazer seus ídolos ao Brasil. Aqueles que fizeram doações através do Queremos tiveram o dinheiro revertido em ingressos uma vez que as apresentações foram viabilizadas.

Já o Vakinha permite que qualquer internauta cadastre seu objeto de desejo no site e peça doações aos amigos para poder comprá-lo. No ar desde 2009, a plataforma já teve mais de 30 mil “vaquinhas” cadastradas e permitiu que pelo menos 10% dos projetos fossem viabilizados – desde festas de casamento e churrascos até pedidos de ajuda para animais e crianças doentes, passando por operações de implante de silicone e tatuagens.

“Já tivemos um projeto de casamento que arrecadou 60 mil reais”, conta Luiz Felipe Gheller, diretor executivo e um dos fundadores do Vakinha, cujas próprias bodas motivaram o nascimento do site. “Como fomos para fora do país, presentes ou listas de casamento não faziam sentido. Aí veio a ideia de criar uma um site onde as pessoas pudessem fazer doações em dinheiro”, conta.

Mas não são só os projetos pessoais que têm vez na plataforma. Segundo Gheller, muitas bandas usam a ferramenta para financiar seus discos e blogueiros pedem ajuda para manter seus sites no ar – sinal de que o modelo tem potencial para se tornar uma fonte interessante de financiamento para os empreendedores no Brasil.