terça-feira, 23 de março de 2010

A importância de investir no marketing pessoal

Por Maiara Tortorette

Com o mercado de trabalho cada vez mais competitivo e as exigências aumentando proporcionalmente, é cada vez mais complicado destacar-se em meio a tantos candidatos, mesmo que se invista em cursos de idioma, especialização, pós-graduação, mestrado e viagens internacionais. Do mesmo modo, é difícil entender como pessoas com admirável capacitação e conhecimentos ficam tanto tempo em busca de emprego, ou sequer conseguem uma promoção na empresa onde estão. Afinal, o que de fato é apreciado pelos selecionadores?

Podemos definir esse diferencial esperado pelas empresas como Marketing Pessoal. Marketing é o conjunto de ferramentas que uma organização utiliza para fazer com que seus produtos sejam conhecidos, apreciados e comprados. No Marketing Pessoal, o profissional usa suas qualificações em beneficio da própria carreira. Em um mercado com concorrentes e qualificações tão semelhantes, algumas características podem ser decisivas durante o processo de seleção ou promoção na empresa.

Para Magna dos Santos, gerente de RH do grupo Pão de Açúcar, "Marketing Pessoal pode ser definido como uma estratégia individual para atrair e desenvolver contatos e relacionamentos interessantes, do ponto de vista pessoal e profissional, bem como para dar visibilidade a características, habilidades e competências relevantes na perspectiva da aceitação e do reconhecimento por parte de outros".

Construir uma imagem positiva é importante dentro e fora do ambiente corporativo. É fundamental ser notado, sem parecer inconveniente, por exemplo, ou conquistar naturalmente a simpatia sem ser visto como "bajulador". Do mesmo modo, estabelecer relações de confiança por meio de ações e atitudes admiradas pelo mercado, buscar o aperfeiçoamento constante, tanto na aparência quanto no conhecimento, e adquirir experiência, são qualificações necessárias ao bom profissional.

Viviane Lauren Negrelli, master practitioner com foco em negociação e vendas com PNL, acredita que a imagem seja importante desde que sustentada por outros atributos, como o bom relacionamento com as pessoas. "A imagem que a pessoa passa só será importante se for congruente com os seus atos", explica. "As qualificações são importantes, mas a habilidade de se relacionar com o outro gerando maior sintonia entre a equipe, as áreas e a direção é o grande diferencial".

Para Mario Persona, palestrante, consultor e professor de estratégias de comunicação e marketing, o marketing pessoal é sinônimo de reputação. Ele também considera a aparência algo complementar, já que, em grande parte das vezes, é passageira.

Segundo Persona, um conjunto de fatores, como conteúdo e bagagem de conhecimento, faz com que o profissional seja reconhecido e desejado pelo mercado. "No marketing pessoal, o que vale é a impressão que a pessoa causa em outras pessoas. Ao contrário do que muitos pensam, cuidar de seu marketing pessoal não se trata de tomar um banho de loja ou andar na última moda. Também não se trata apenas de fazer propaganda de si mesmo. O mais importante no contexto do marketing pessoal é criar devedores", ensina.

"Quando somos ajudados por alguém, ficamos com essa marca em nossa memória e sempre que surge uma oportunidade falamos bem dessa pessoa. É principalmente sobre isso que repousa o marketing pessoal: produzir formadores de opiniões favoráveis a nosso respeito."

Timidez x Marketing Pessoal
A qualidade do profissional costuma ser avaliada por meio de atitudes do dia a dia e pela competência demonstrada; mas, para isso, é importante que todos possam enxergar o trabalho realizado e os resultados conquistados.

Viviane acredita que um profissional mais introvertido também possa desenvolver seu marketing pessoal, desde que isso não cause um incômodo ou acabe prejudicando sua atuação na empresa.

Mario também concorda com essa visão, e aposta mais no desenvolvimento dessas pessoas do de profissionais que exageram no modo de agir e falar. "É preferível ser um tímido que está sempre disponível e disposto a ajudar, do que um falastrão que fala pelos cotovelos e não move uma palha pelo benefício das pessoas e da empresa. Timidez na comunicação é uma coisa, timidez na ação é outra. Podemos ser tímidos para falar, mas não devemos ser tímidos para agir", conclui.

Características apreciadas pelas empresas
É difícil definir quais são as principais qualificações exigidas pelas empresas. Com certeza, existem algumas pré-estabelecidas, mas, no entanto, outras variam de acordo com o porte e segmento da organização, ou até mesmo com o cargo que será ocupado. Para uma secretária, por exemplo, é importante ser organizada e ter uma imagem impecável; já para um cargo de supervisão, a liderança e visão são características mais importantes. Tudo depende das necessidades estabelecidas em cada situação.

Segundo Magna, o que realmente importa é agregar valores positivos à organização. "As empresas buscam profissionais cujas características somem resultados ao negócio. Percebe-se uma busca por pessoas com bom nível de auto-motivação e auto-confiança, gestão de pessoas e recursos, criatividade, bom humor, capacidade de produzir conhecimentos, relacionamento interpessoal, entre outras".

Persona afirma que "outra qualidade importante é a vontade de enfrentar desafios, pois profissionais assim não fogem de problemas. Ao contrário, costumam correr atrás deles e consideram um desafio solucioná-los. E vontade de aprender e flexibilidade são outras qualidades importantes. A empresa quer que o profissional transforme o que aprendeu em valor."

Para ele, "bons profissionais vão deixando um rastro de satisfação por onde passam e isso acaba se transformando em seu melhor argumento de venda", finaliza ele.

Fonte: Yahoo Notícias