quinta-feira, 7 de abril de 2011

O quarto poder e as instituições de ensino

Por Iracema Guisoni e Leila Gasparindo*

O que Bernardinho, Antonio Ermírio de Moraes, Fernando Henrique Cardoso e Drauzio Varella têm em comum? Além de serem personalidades de destaque, todos são excelentes comunicadores. Dominam a técnica da oratória e conhecem muito bem as áreas em que atuam. Conquistam permanente espaço nos meios de comunicação não apenas pelos cargos ocupados, mas por serem excelentes fontes de informação. Sabem potencializar seu sucesso, transformando a imprensa em aliada.

Outros encaram o quarto poder como inimigo ou preferem ignorá-lo como se pudessem controlar a repercussão das notícias que hoje circulam em tempo real. Tente lembrar das desastrosas entrevistas concedidas por Severino Cavalcanti. Sua falta de habilidade e desenvoltura, postura contraditória e discurso inócuo, certamente, aceleraram o desfecho de sua derrocada política.

Despreparo é o termo mais adequado para definir a forma pela qual os noticiáveis de diversas áreas enfrentam a imprensa. O mensalão, por exemplo, trouxe aos holofotes de todo o Brasil um desfile de empresários sem preparo. Convocados como colaboradores nas comissões parlamentares, vários deles saíram em situação pior do que entraram. Muitos, por seu mau desempenho, migraram da posição de testemunha para a de réu.

Mas subestimar o poder da comunicação e da informação é um erro até mesmo para quem está no Olimpo. Falta de habilidade em lidar com a imprensa pode abalar até a imagem de lideranças carismáticas de inquestionável reputação. Esse foi o caso do craque Ronaldinho que, nesse último ano, quase viu sua carreira desabar como chantilly por pequenas contradições e excesso de exposição de sua vida pessoal.

A equação é simples: para se diferenciar é preciso estabelecer uma comunicação contínua e eficaz com a opinião pública a partir do bom relacionamento com a imprensa. Vivemos uma era em que a mídia se consolida como a maior interface entre as organizações e o grande público. Para garantir uma boa imagem e manterem-se no mercado, as instituições e seus representantes não podem ser analfabetos funcionais em comunicação. O gestor moderno precisa antes de tudo ser um excelente comunicador.

O verdadeiro líder necessita entender seu poder enquanto fonte de informação e ter em mente que uma boa entrevista pode mudar a imagem da instituição de ensino, atrair investidores, facilitar parcerias e modificar planos de captação de novos alunos. Seu desafi o como porta-voz é saber usar a imprensa como aliada e transformar informações em valor estraégico, gerando resultados e crescimento.

E, nesse contexto, o treinamento é essencial.

O porta-voz bem preparado para falar é mais persuasivo, tem maior poder de convencimento e, conseqüentemente, obtém melhor desempenho nas entrevistas. Além disso, evita desgastes desnecessários.

Nos dias atuais, além do gestor, muitas instituições já perceberam a importância de investir no treinamento de suas lideranças para torná-las fontes capacitadas de informação. A estratégia é valorizar também o corpo docente da instituição de ensino e, com treinamento, melhorar seu relacionamento com os jornalistas. Assim, tiram
o melhor proveito desse poderoso instrumento que todos têm à disposição, mas que poucos usam com o devido cuidado que demanda.

*são sócias-fundadoras da Trama Comunicação. Artigo publicado no Portal Aprender