quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Empreendedores faturam alto com canais no YouTube





Por Rennan A. Julio para Pequenas Empresas & Grandes Negócios


Os Youtubers estão com tudo. Neste mês, a Forbes publicou uma lista com os dez criadores de conteúdo do site mais bem pagos do mundo. Em primeiro lugar, com mais de 40 milhões de assinantes, o sueco Felix Kjellberg do canal de gameplays PewDiePie faturou nada menos que US$ 12 milhões no ano passado.

Atrás do gamer, aparecem os canais de humor Fine Brothers e Smosh, que faturaram US$ 8,5 milhões no último ano. Completando os cinco primeiros estão a artista Lindsay Stirling (US$ 6 milhões) e os comediantes Rhett & Link (US$ 4,5 milhões).

Conseguir empreender na área se tornou o sonho de toda uma geração. Mas, apesar dos números, ganhar dinheiro com vídeos na internet não é uma missão simples.

Os primeiros “Youtubers” surgiram alguns anos atrás, quando fazer um vídeo na internet não tinha pretensão de ganhar com publicidade – muito menos pensar em faturamento de outras formas. Tudo que eles queriam era falar sobre o que gostavam e compartilhar isso na internet.

Mas, com o passar do tempo e o aumento da audiência, o fenômeno acabou ganhando o apoio da plataforma. Por meio de publicidade do Google, os usuários que possuíam mais visibilidade e frequência de produção começaram a ganhar dinheiro com seus canais. E foi assim que YouTuber se tornou profissão.

O interesse das pessoas neste nicho de mercado foi tamanho que dados do YouTube mostram que cerca de 400 horas de conteúdo inédito são publicadas no site por minuto. E, apesar de não divulgar o número exato, Eduardo Brandini, diretor de conteúdo da empresa no Brasil, afirma que existem milhões de canais recebendo receita com o programa de parceiros da empresa. “O YouTube é uma plataforma aberta e democrática em que qualquer criador pode subir seu conteúdo. Todo mundo gosta de ouvir e ver uma boa história. E os YouTubers bem sucedidos são grandes contadores de histórias”, afirma.


Brasil


Hoje, um dos casos de maior sucesso no Brasil é o do canal Porta dos Fundos, que conta com mais de dez milhões de assinantes. Estima-se que no seu primeiro ano a empresa tenha faturado R$ 3 milhões – mas a produtora prefere não confirmar. E quem também está faturando alto é o jovem Alfonso Rezende, de 19 anos, dono do canal de gameplaysRezendeEvil. Em entrevista à Folha de São Paulo, revelou que fatura R$ 1 milhão por ano.

Além deles, canais como Parafernalha, Galinha Pintadinha e Manual do Mundo somam mais de 13 milhões de assinantes e altos faturamentos. O que chama a atenção entre todos esses casos é um ponto em comum: todos tiveram que desenvolver um modelo de negócio sustentável. Mais do que faturar com publicidade na plataforma, abraçaram o empreendedorismo e procuraram outras formas de receita.

Produzindo conteúdos inovadores, esses profissionais se dedicam diariamente aos seus canais, trabalham com cronogramas definidos e usam as redes sociais (e a fama) ao seu favor.

Arriscando na cozinha


A história de Dani Noce, responsável pelo canal I Could Kill For Dessert, é um exemplo. Com mais de 600 mil assinantes, ela deve fechar o ano faturando na casa dos milhões. Antes de produzir vídeos com receitas de sobremesas, a garota de Brasília já se considerava empreendedora.

Há dez anos, quando tinha apenas 20 de idade, Dani já era dona de uma loja da Havaianas – antes da marca de chinelos se tornar franquia. “Desde pequena eu sempre tive claro que queria ser dona do meu próprio negócio”, afirma.

Respeitando sua própria lógica, lançou o canal de gastronomia no YouTube em 2011, no mesmo período que estudava confeitaria na Lenôtre, na França. “Comecei porque não encontrava respostas para as dúvidas que tinha sobre o preparo dos doces. Aí decidi dividir o que estava aprendendo no canal.”

Hoje, aos 31 anos, Dani Noce, ao lado do companheiro Paulo Cuenca, fez do canal de receitas uma empresa com nove funcionários. Para alcançar esses números, Dani trabalha com sete diferentes formas de receita: publicidade do YouTube, conteúdo patrocinado, product placement (usando produtos de diferentes marcas nos vídeos), campanhas publicitárias, licenciamento de produtos (livro, produtos domésticos e linha de esmaltes), programa no canal de televisão Food Network e palestras.

“A verdade é que eu nunca me imaginei não tocando minha própria empresa ou trabalhando para outra pessoa senão para mim. E viver fazendo o que eu gosto é maravilhoso”, diz.
Como dica para quem quer ingressar no YouTube ou até mesmo no meio gastronômico, Dani recomenda que a pessoa tenha “muita disposição para trabalhar”. “São muitas horas focando somente nisso. Eu não tiro férias nem tenho fim de semana há bastante tempo. Por isso, tem que gostar e se divertir fazendo. Quando eu trabalho, me divirto.”

Faça você mesmo


Assim como sua colega de profissão Dani, Iberê Thenório, criador do Manual do Mundo, oitavo canal mais assinado do Brasil, começou com o projeto como diversão. Acabou virando trabalho sério. Aos 33 anos, o jovem de Piedade, no interior paulista, tem quatro milhões de seguidores e seu canal se tornou um dos representantes do Google na campanha de vídeos pelo Brasil.

Ao lado da mulher, Mariana Fulfaro, 30, o jovem produz vídeos que fazem o maior sucesso com o público infantil. Ensinando seus seguidores a fazerem “quase tudo”, como pranchas de garrafa PET e metralhadoras de elásticos, Thenório é um fenômeno.

Mas o sucesso não veio rápido. Lançado em 2008, quando o próprio YouTube ainda não era muito acessado, o projeto demorou mais de quatro anos para se tornar um negócio. Para isso, ele e a mulher tiveram que largar seus empregos de jornalista e terapeuta ocupacional para produzir os vídeos com periodicidade – fato que consideram essencial para o sucesso.

“Exige coragem e investimento criativo. Você precisa publicar pelo menos um vídeo por semana, o que dá 52 em um ano. Nós lançamos pelo menos três, somando mais de 150 em um ano. Para isso, é necessário ter um planejamento muito grande”, afirma Mariana, quem administra a empresa.

Sem revelar quanto o canal fatura, a empreendedora afirma que a fonte de renda do Manual do Mundo vai além da publicidade. “Fazemos vídeos patrocinados, temos um livro, produzimos para programas de TV e fazemos vídeos institucionais.”

Contente com o trabalho que realizam, Mariana afirma que não se imaginaria fazendo outra coisa. “Às vezes, brincamos que, se ganhássemos na loteria, continuaríamos fazendo vídeos. De graça.”