quarta-feira, 12 de maio de 2010

A evolução dos seriados de TV

Anos 50-60


As duas primeiras décadas da televisão no Brasil apresentaram e consolidaram o formato "seriado" para o público. Nesse período, chegaram à telinha dezenas de séries de ação, suspense, aventura e humor, incluindo as produções nacionais que se aventuraram nessa área dominada pelos americanos. Mas é interessante notar que diversas delas, mesmo sendo apresentadas ao público muitos anos depois de sua estreia no mercado americano, acabaram abrindo espaço dentro da programação das emissoras, como a Tupi, a Record, a Excelsior e a Globo, e ganhando sua merecida audiência. Algumas delas tornaram-se clássicos e continuam sua trajetória até hoje com o DVD. Era complicado definir qual o gênero predileto do público, já que um drama poderia, por exemplo, se passar dentro de uma base aérea da Segunda Guerra, entre uma família de criadores de gado ou numa organização secreta do governo.

Anos 70


A entrada em operação do sistema de transmissão em cores foi um dos grandes avanços na televisão brasileira. Enquanto nos países mais desenvolvidos as cores já faziam parte do cotidiano do público havia mais de dez anos, somente em 1972 o Brasil resolveu ter um padrão de cores próprio. O famoso PAL-M, adotado da tecnologia alemã, criou uma reserva de mercado inócua, que levou o país a ficar isolado tecnologicamente do resto do mundo durante décadas. Aliás, as cores só começaram a ficar populares quando o prelo dos televisores passou a ficar mais acessível ao público em geral, por volta do final dessa década. E, com isso, um universo novo começo a surgir na telinha, não só com séries que exploravam as cores em todos os sentidos, mas também com a oportunidade de a dramaturgia brasileira aproveitar essa nova tecnologia, criando suas primeiras séries dentro do novo padrão de cores. Os anos 70 marcam também o fim dos seriados de longa duração na programação das TVs brasileiras.

Anos 80


A grande definição sobre os anos 80 é que esta foi a década em que ninguém tinha ideia do que fazer, principalmente após o fim da era da discoteca. Na televisão brasileira, mesmo com o considerável aumento da produção de séries nacionais pela Rede Globo, a já consagrada emissora mantinha estrategicamente diversos seriados americanos em sua grade de programação, criando uma sessão dentro do horário nobre dedicada às sitcoms e aos programas mais voltados para o público adulto. A década é marcada por uma grande quantidade de seriados policiais, seja de duplas de investidores, detetives particulares seja do cara durão que resolve tudo à bala. Também tivemos a segunda invasão dos seriados de super-heróis japoneses, que consolidou um assíduo e exigente público para esse tipo de programa.

Anos 90


A consolidação da TV paga no Brasil, durante os anos 90, resolveu um dilema dos fãs de séries internacionais, já que, a partir da segunda metade da década, vários canais começaram a exibir uma variedade soberba de seriados, e muitos se transformaram em objeto de culto. As comédias americanas começaram a falar mais abertamente sobre sexo nos anos 90, colocando seus personagens em situações embaraçosas, mas que sempre rendiam uma boa risada. Por outro lado, a televisão aberta restringiu ainda mais a exibição de séries estrangeiras, emboras algumas ainda resistissem bravamente.

Anos 00


O novo milênio chegou e o público brasileiro, talvez cansado de ver cair a qualidade da programação geral da TV aberta, resolveu experimentar mais o sabor das séries estrangeiras exibidas pelos canais da TV paga. Seriados cheios de adrenalina como 24 horas, intrigantes como Lost, divertidos como Desperate Housewives, ousados como A Sete Palmos e Dexter, e surpreendentes como Heroes. Muitos deles se tornaram febre também no Brasil, conquistando fãs, recebendo espaço na mídia como nunca antes e provocando downloads na internet para assistir aos episódios antes de chegarem na telinha.

Fonte: PEREIRA, Paulo Gustavo. Almanaque dos seriados. São Paulo: Ediouro, 2008.

Gostou? Consulte o livro na Biblioteca ESPM Rio.