quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Entrevista com Maurício Ricardo


Maurício Ricardo para quem ainda não teve o prazer de conhecer é um jornalista/músico, que fazia charges pelo simples prazer em desenhar. Só não esperava que seus trabalhos iriam um dia parar na Globo. Hoje é um dos maiores profissionais da área. Na entrevista publicada pela revista Digital Designer n.82 (2006) ele fala um pouco da sua carreira e de como produz as divertidas charges do site charges.com.br

Veja abaixo um resumo do que foi a entrevista por Bárbara Albuquerque e Sebastião Lago Jr., para lê-la na íntegra compareça a Biblioteca ESPM Rio e solicite o exemplar da revista para consulta.

Digital Designer - De que forma iniciou ni ramo das ilustrações?

Maurício Ricardo - "Entre meus 10 e 15 anos, enquanto a meninada da rua jogava bola, eu ficava em casa criando gibis com caneta esferográfica. As revistinhas tinham personagens próprios e até periodicidade! A tiragem de um exemplar era avidamente disputada pelos colegas de escola (risos)."

DD - Quando veio a ideia de fundar o site?

MM - "Criei o charges.com.br de forma intuitiva. Foi antes da chamada "explosão da bolha", então ainda havia o sonho de enriquecer com a internet (risos)."

DD - A que você atribui o sucesso do seu trabalho?

MM - "Se o site fez e ainda é sucesso há tanto tempo, é em função do trabalho duro da minha pequena equipe e do senso de oportunidade que tive quando criei o projeto."

DD - O uso de músicas é uma marca em suas criações. Você acredita que esse diferencial possa ser um dos responsáveis pelo sucesso?

MM - "Sem dúvida. Costumo dizer que sou um cartunista, músico e dublador meia-boca, produto que engana bem (risos)."

DD - Como você classifica seu trabalho? Qual seria sua cracterística principal?

MM - "Liberdade temática. Do ponto de vista do marketing, a fórmula tinha tudo para dar errado, já que não miro um público alvo específico. Mas não é que deu certo? (risos)."

DD - Como se dá o processo de criação?

MM - "Tudo cmeça pelo roteiro, que é a parte mais difícil. De segunda a sexta vasculho a internet e leio milhares de e-mails para encontrar bons temas. No estúdio gravo o áudio e começo os desenhos. À tarde o Léo me ajuda no processo de animação, sincronizando bocas e movimentos dos personagens."

DD - Qual é o hardware necessário para se criar animações como as suas?

MM - "A edição de imagens fotográficas é feita com o Adobe Photoshop. O Flash é um programa bastante leve e este tipo de animação bidimencional e vetorial que fazemos não exige muito do equipamento. Trabalho em plataforma PC e meu único cuidado é trocar de máquina a cada dois anos para acompanhar a evolução tecnológica. De especial só o tablet, microfone e caixas de qualidade, ligadas a uma mesa de som externa, além de boas placas de vídeo e áudio."

DD - Já tentou alguma vez fazer seus personagens em 3D?

MM - "Não. Este é um projeto que venho adiando há tempos. Mas adoraria incorporar o 3D ao meu trabalho."

DD - Você vê as animações em Flash como uma área pouco explorada e com potencial de crescimento?

MM - "A internet ainda limita a qualidade, porque precisa se adequar à realidade do usuário em termos de peso de arquivo e performance de vídeo, mas na TV e na publicidade o Flash já é uma realidade com resultados fantásticos."

DD - O que sugere como melhor caminho para outros artistas que desejam fazer animações como as suas?

MM - "O princiapal não é o desenho e muito menos a animação: é o roteiro. Se a sua ideia for boa, você vai provocar risos e fidelizar audiência mesmo que seu personagem seja um daqueles bonequinhos infantis com uma bolinha como cabeça e traços retos no lugar dos membros. Aí vem a pergunta: como fazer roteiros criativos? Bom, a fórmula do que é engraçado ainda não existe. Mas ajuda muito se você gostar de consumir humor."