segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Dublês virtuais lançam desafios ao mercado de animação

Por Fábio Cavalcante no site iMasters

Imagine-se um diretor de cinema, trabalhando em um filme de ação. A cena que abre o filme é uma sequência perigosa, que começa em uma perseguição de carros e termina em uma grande explosão. Para um diretor de filme a dor de cabeça pode começar exatamente aí. Os custos de uma cena como essa são muito altos, e além de oferecer riscos para a equipe envolvida, podem levar dias na preparação e execução da cena.

Na contramão desses problemas surge a computação gráfica, que tem se tornado cada vez mais presente, e com os mais variados propósitos. A tecnologia, que já foi utilizada para criar movimentos ou cenas inimagináveis, agora tem sido utilizada para substituir os atores em cenas de ação, criando verdadeiros dublês virtuais. Afinal, pra quê fazer atores pularem de carros em chamas, se atirarem contra janelas de prédios, ou arriscar-se em arranhas-céus? Tudo bem que Tobey Maguire foi Homem Aranha por um dia, mas pra quê fazer o moço se cansar tanto?

Quanto à modelagem, não é novidade, em 1995 vimos dinossauros tridimensionais impressionantes no cinema, e nos dias de hoje cada vez mais os dublês virtuais vão tomando conta das cenas que fisicamente são mais arriscadas, ou complicadas, de serem desempenhadas pelos atores. O recurso virtual, além de evitar riscos físicos à equipe de um filme, torna mais fácil a realização de cenas de difícil execução. Seja para criar a chuva de flechas do filme “Herói” ou tornar preciso os ataques da bola de espinhos de Go Go Yubari em “Kill Bill vol. 1”, a computação gráfica se faz presente.

Tarefas desafiadoras em 3D, como, por exemplo, gerar penas em pássaros ou produzir um fio de azeite ou o efeito de água, tornam-se possíveis graças ao desenvolvimento de plug-ins proprietários, que se tornam ferramentas poderosas para resolver tarefas que seriam inviáveis de outra forma.

Antigamente, os filmes que usavam recursos digitais eram vistos com fortes preconceitos e críticas. Mas o que antes era considerado de mal gosto, hoje está cada vez mais marcado pela qualidade. O sistema de inteligência artificial que controla os corpos dos dublês virtuais faz com que eles caiam, corram, movam e reajam de forma natural, como pessoas de verdade.

“Uma peculiaridade do mercado é que hoje em dia se confunde animação com manipulação de programas de computação. Ou seja, com o fácil acesso a programas de computação sofisticados, muitas pessoas podem animar. Mas na verdade, animação é uma arte que se aprimora com a experiência e é esse nosso diferencial. A sutileza imperceptível de um movimento traz credibilidade à cena. E é isso que a OCA busca trazer a cada projeto”, afirma Ana Paula Catarino, produtora executiva da OCA Filmes.