segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O segredo de Chanel Nº 5

Por Agência EFE para a Revista Época Negócios


Coco Chanel costumava dizer que o mais misterioso, o mais humano dos sentidos, é o cheiro. "Pelo cheiro um corpo se comunica com o outro", disse. O olfato era tão importante para ela que transformou sua paixão em fragrância: o Chanel nº 5.

A história do famoso perfume vai além do passado de sua criadora que está ao alcance de todos. Por isso, a escritora americana Tilar J. Mazzeo publicou "O segredo de Chanel nº 5", uma obra que esmiúça em detalhes a vida da estilista e de seu perfume.

Chanel nº 5 sempre foi um perfume sinônimo de luxo e feminilidade por excelência. Inventado em 1920, entrou para a história como um ícone cultural que foi capaz de gerar longas filas de soldados em plena escassez da Segunda Guerra Mundial que queriam levar para suas mulheres gotas desse elixir para deixá-las ainda mais belas.

Também como símbolo de poder e feminilidade, ele foi o preferido da mulher mais sedutora do século 20, Marylin Monroe, quem chegou a afirmar que dormia completamente nua e a única coisa que colocava no corpo antes de ir para cama eram algumas gotas do seu cobiçado perfume.

Mas além das vendas, do marketing e do glamour, o cheiro imaginado por uma criadora como Gabrielle Bonheur Coco Chanel, o cheiro que define uma mulher com um olfato excepcional, guarda um grande segredo. Como se perpetuou e sobreviveu como o perfume mais valorizado pelas mulheres em quase cem anos de história?

A magia do cheiro
Os cheiros de Chanel são os de sua história. Ela perdeu a mãe aos 12 anos. Sozinho com cinco filhos, o pai ficou com os dois meninos e entregou as três meninas aos cuidados das freiras no orfanato de Aubazine. Lá, Chanel foi educada, passou a adolescência e saiu ao completar 18 anos.

As feridas da perda e do abandono, relacionadas com a pureza e o cheiro de limpeza da abadia, foram os ingredientes do registro emocional que moldou a história de Chanel nº 5 e a relação complicada que Coco Chanel com sua criação.

Já fora do convento, ela trabalhou como costureira por alguns anos. Tentou também se transformar em uma estrela do vaudeville e atuou em vários palcos seduzindo homens. Uma de suas canções a fez receber o apelido de Coco.

Ela conviveu nesse ambiente com cantoras, atrizes e prostitutas que usavam o doce cheiro do jasmim para atrair os homens. Mas também sabia da preferência das mulheres de classe alta por fragrâncias florais, de rosas e de violetas. Essa diferença distinguia os dois extremos.

Coco Chanel tinha criado um cheiro limpo impecável, e não entendia por que as mulheres tinham de cheirar a plantas, ela queria encontrar um cheiro de mulher. Por isso passou grande parte de sua vida estudando as combinações. Queria um perfume que traduzisse a mulher, a sensualidade e não a prostituição, mas a independência, a limpeza.

Apesar da fama de estilista, durante anos ela não foi bem recebida nos altos círculos sociais devido ao seu passado, mas ela sempre lutou. Primeiro com uma pequena loja de chapéus, depois com outra de roupas e mais tarde com seu perfume.

No verão de 1920, Chanel tinha como amante o príncipe russo Dimitri Pavlovich, quem a apresentou ao perfumista dos Romanov, Ernest Beaux.

Em uma rua estreita de Paris, a estilista, o príncipe e o perfumista, três personagens muito diferentes, deram de cara com a mistura exata de jasmim, rosas e aldeídos que, sem eles sequer imaginassem, se transformaria no famoso Chanel nº 5.

Fonte: Época Negócios