segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Mercado Editorial

Todos os anos a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE/USP) realiza, por encomenda do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e da Câmara Brasileira do Livro (CBL), a pesquisa “Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro”. Embora o estudo retrate o ponto de vista das editoras em relação ao seu próprio desempenho, os indicadores do Censo do Livro, como é conhecido o estudo, apontam crescimento do setor, ainda que pequeno, ano a ano.

De acordo com os resultados da última pesquisa, divulgados em julho de 2012, as editoras brasileiras registraram 469,5 milhões de livros vendidos em 2011, elevação de 7% com relação a 2010. O setor faturou R$ 4,8 bilhões em 2011, valor 7,3% superior ao do ano anterior, o que, se descontada a inflação de 6,5% pelo IPCA no período, corresponde a um aumento real de 0,8%. As vendas ao governo ajudaram a manter positivo o crescimento no faturamento do setor, já que o crescimento nominal das vendas ao mercado (livrarias e demais canais de vendas) foi abaixo da variação do IPCA.

O número de livros editados em 2011 no Brasil cresceu 6%, com 58.192 novos títulos. Considerados pela primeira vez no estudo, os e-books equivalem a 9% dos lançamentos do mercado em 2011, com 5,2 mil títulos em formato digital. O segmento com a maior variação positiva foi o de livros científicos, técnicos e profissionais, com aumento de 38% em quantidade de exemplares e de 23% em faturamento.

As livrarias são o lugar preferido para 44% dos brasileiros comprarem livros, seguidas de distribuidores (20,5%), porta a porta (4,97%), escolas (2,8%), igrejas e templos (1,74%).

A pesquisa FIPE/SNEL/CBL é respondida por editoras enquadradas no critério Unesco: edição de pelo menos cinco títulos e produção de pelo menos cinco mil exemplares por ano. Em 2011, 178 empresas das cerca de 500 editoras desse padrão participaram do levantamento. Segundo Leda Paulani, coordenadora do estudo, a amostra responde por quase 20% das editoras e 60% do faturamento do setor.

E quem lê?

Dados da 3ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, lançada em 2012, realizada pelo Instituto Pró-Livro e executada pelo Ibope Inteligência, mostram que há 88,2 milhões de leitores no país, 50% da população total dos 178 milhões de brasileiros com mais de cinco anos de idade. Foram entrevistadas 5.012 pessoas em 315 municípios brasileiros entre 11 de junho e 3 de julho de 2011. Os entrevistadores classificam como leitores quem leu pelo menos um livro nos três meses anteriores à pesquisa.

O País tem autores reconhecidos internacionalmente e uma cena literária interna bem importante e efervescente. A Festa Literária de Paraty (RJ), a Jornada Literária de Passo Fundo (RS), a Bienal do Livro (SP) e a Balada Literária (SP) são grandes eventos que envolvem o mercado do livro e colocam autores e leitores lado a lado.

O escritor brasileiro mais lido no mundo é Paulo Coelho, com mais de 100 milhões de livros vendidos. Dentro da literatura latino-americana, há nomes comparáveis aos grandes Júlio Cortazar (Argentina) e Gabriel García Marquez (Colômbia), como Machado de Assis, Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado, Clarice Lispector, Vinícius de Moraes, sem contar a cena alternativa contemporânea, os “novos escritores brasileiros”, com nomes já bem difundidos como Marcelino Freire, Xico Sá, Joca Reiners Terron e Índigo.

Na tela

Para a crítica literária Raquel Cozer, o grande debate do momento são os livros digitais, e para onde eles empurram o mercado e o gosto dos leitores. Já são 9,5 milhões de brasileiros leitores de e-books, segundo a 3ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, de 2012. O público maior é o feminino, com idade entre 18 e 24 anos. Os motivos que atraem para essa inovação costumam ser preços mais acessíveis e comodidade da leitura eletrônica.

“No processo evolutivo do cenário editorial as primeiras classes em risco de extinção são os livreiros e distribuidores”, afirma Cozer. Os intermediários tendem a ser engolidos nesse novo cenário. “Meu coração de leitora, fetichista por estantes, espera que as lojas físicas durem. Que virem polos culturais, com pequenas apresentações e leituras de autores entre ilhas de livros, como especulou dia desses um editor.”

Além disso, já ocorre no Brasil o Congresso Internacional do Livro Digital, realizado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL). Realizado anualmente desde 2010, o evento conta com debates sobre o impacto da era digital na cadeia produtiva do livro.

Fonte: Brasil