terça-feira, 3 de julho de 2012

[Entrevista] Zezé di Camargo e Luciano no Roda Viva

Dupla sertaneja fala no Roda Viva sobre sua carreira na música e nos negócios.



São 21 anos de carreira, 36 milhões de discos vendidos e média de 100 shows por ano com público de cerca de 40 mil pessoas. Os números superlativos justificam a exceção que o Roda Viva abriu para receber duas pessoas no centro de sua arena: os cantores Zezé di Camargo e Luciano.

Luciano disse que apesar de ser conhecido por todo o país, não se considera uma celebridade. “Eu levo uma vida até que normal. Vou ao shopping, ao cinema, supermercado. O único lugar que eu vou disfarçado é na feira do livro.”

Os irmãos comentaram a briga que tiveram e que quase acabou com a dupla. Luciano admitiu que bebeu e falou coisas que não gostaria de ter dito. “Cantei as duas primeiras músicas pensando como eu ia explicar para o público a falta do Luciano”, disse Zezé.

“A gente paga meio caro por ser linguarudo”, disse Zezé. Ele esclarece que não tem restrições de assuntos quando se trata de sua carreira, mas dar satisfação às pessoas de sua vida pessoal o incomoda. Ele demorou a aprender a lidar com mentiras que aparecem na midia. “Qualquer casa é mansão, qualquer sítio é fazendão, qualquer carro é carrão”, disse Zezé. “E qualquer mulher é mulherão”, completou Luciano, apontando para a esposa na plateia. “No meu caso é verdade”.

Passando a palavra para o outro quando o assunto se torna delicado, ambos admitiram ser amigos de políticos e disseram não ver problemas com isso. “ O problema é usufruir de benefícios. Antes de sermos artistas, somos cidadãos, que votam”, disse Zezé. Eles declararam que não vão mais fazer shows em comícios, mas não deixariam de declarar o voto em entrevistas.

Luciano declarou ser apaixonado por rock brasileiro, porém nunca pensou em mudar de estilo e nem de cantar sozinho. Sobre as críticas que recebe por misturar o sertanejo com rock, diz: “Eu não ligo. O importante é que eu cantei com o Nando Reis. Quem falou mal, não cantou”. Acostumado a compor para a dupla, Zezé disse que tem “o privilégio de entender a alma do povo simples”.

“Para nós, o download de músicas é danoso, mas mesmo assim, comparando com o mercado, nosso público faz questão de ter o CD. Não se compra mais CD pela música. Se compra pela capa, o encarte, as fotos” disse Zezé. Perguntando sobre quanto faturam com a carreira, ele brinca: “sabe que a gente não sabe mesmo quanto a gente tem?”

Para Zezé, a prática do jabá é comum no mercado de música, negociado como espaço comercial na TV. Segundo ele, existem várias maneiras de pagar o jabá, como participar de promoções e shows de rádios. “O jabá que paga para tocar a música também acontece. O mal do jabá é quando o dinheiro fica mais importante que o gosto musical. Mas uma música que não rende pedidos não continua a ser tocada, a rádio desiste”, disse Zezé.

Vegetariano há 17 anos, Luciano cria gado e é apaixonado por cinema. Disse que tem vontade de filmar Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, e que já escolheu a atriz que interpretaria Diadorim: Débora Falabella.

Zezé declara que fez uma lipoaspiração há cerca de dez anos e que já usou botox, mas por recomendação médica. “Tinha mania de franzir a testa para cantar e falar”. O botox o fez perder esse hábito e quando o efeito da injeção passou, ele voltou a movimentar normalmente o rosto – e provou isso com bom humor fazendo expressões para a câmera.

Zezé di Camargo e Luciano encerraram sua participação no Roda Viva declarando que nem a mãe deles os chama mais pelo nome de batismo e revelaram seus maiores medos: o de Luciano é morrer no anonimato, o de Zezé, deixar de fazer sucesso.

Fonte: Roda Viva