terça-feira, 29 de julho de 2014

Revelando o subconsciente do consumidor

Por Tiago Bosco para Wide

Um dos principais fatos descobertos pelos neurologistas explica que a maior parte de todas as decisões de compra são tomadas em nível subconsciente e que, sendo assim, é importante impactar o inconsciente do consumidor com memórias, emoções e experiências positivas. Com isso, o Neuromarketing surge como uma importante ferramenta capaz de ampliar o resultado da estratégia de marketing e alavancar as vendas.

Para compreender melhor este campo e de que maneira ele pode ser a chave para uma campanha de sucesso, a Wide conversou com Fátima Bana, especialista em Neuromarketing e Mestre em Comportamento do Consumidor pela Universidade da Califórnia. Confira.

WIDE Você poderia explicar aos nossos leitores de maneira resumida em que consiste o neuromarketing?
FÁTIMA BANA Neuromarketing é uma nova abordagem de pesquisa de marketing que faz uso da avançada tecnologia investigativa da neurociência comportamental. As ferramentas neurocientíficas possibilitam, de forma objetiva e com rigor científico, uma nova dimensão de compreensão das motivações implícitas do comportamento do consumidor. De acordo com a atividade cerebral conseguimos ver se uma determinada comunicação vai gerar repulsa, desejo ou ainda compra por impulso.

WIDE E de que maneira ele pode ser a chave para uma campanha de sucesso?
FÁTIMA BANA Versatilidade proporcionada pelo casamento entre as tradicionais pesquisas de mercado e as descobertas da neurociência se mostra um prato cheio para os publicitários e para as pesquisas de marketing. Descobrindo, por exemplo, o que causa a repulsa, por determinado produto, foto ou frase, podemos chegar ao que leva ao consumo e aí está o que chamamos de ouro do neuromarketing. A fórmula perfeita.

WIDE Em sua opinião, como o neuromarketing altera a relação entre empresas e consumidores?
FÁTIMA BANA Medir as respostas dos consumidores revela, de forma objetiva, onde devemos acertar, e isso para eles (consumidores) também é bom, pois serão impactados por propagandas realmente relevantes ao seu conceito de certo ou errado. Produtos realmente pensados para agradar.

E com as pesquisas de neuromarketing revelamos o subconsciente do consumidor; não vamos mais errar ao explorar o nosso potencial - acabam inclusive as propagandas enganosas, desde que usado com consciência e respeitando o consumidor.

WIDE Empresas e agências publicitárias já estão engajadas na utilização deste campo? Os custos para são altos ou são viáveis para PMEs?
FÁTIMA BANA No Brasil, este é um tema novo, ainda muito caro. As universidades brasileiras estão pouco focadas neste conceito, mas as pesquisas internacionais acontecem a todo vapor e um bom gestor em PMEs pode usar estudos "prontos" e aplicar em sua empresa. Mas fazer um estudo para seu próprio negócio, ainda é muito caro e inviável até para grandes corporações em muitos casos.

WIDE Poderia citar alguns exemplos das descobertas feitas pelo neuromarketing nas últimas décadas?
FÁTIMA BANA Descobriu-se que o cérebro gosta do simples. Quando você rebusca demais as ideias em sua mensagem ao consumidor ele ignora, simplesmente. Descobriu-se também que o cérebro segue uma zona lógica e por isso gosta que contem histórias - já utilizamos isso na propaganda.

Na ultima década percebemos que o cérebro feminino, diferente do masculino, se atrai pela socialização, mostre pessoas em contato para vender para mulheres e principalmente como o seu produto chegou naquele momento da socialização. Se é um jantar, mostre a cozinheira cortando os alimentos e usando seu produto no preparo.

O cérebro ama imagens e principalmente à sua forma e semelhança; rostos sempre são bem-vindos. O cérebro também prefere imagens à esquerda e palavras ou números à direita - podem perceber que internacionalmente esse layout vem sendo seguido em constância.