sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Bicicleta inovadora transforma 1 hora de pedaladas em 24 horas de energia elétrica



Do alto de nossos privilégios, às vezes não nos damos conta de que coisas simples como o acesso a energia elétrica não é uma realidade para todos. Na verdade,estima-se que 3 bilhões de pessoas no mundo não tenham energia elétrica em suas casas. Como mudar isso?
No projeto Billions in Change o empreendedor Manoj Bhargava decidiu usar a energia do corpo para criar energia elétrica. Assim, foi desenvolvida a Free Electric, uma bicicleta capaz de transformar 1 hora de pedaladas em 24 de energia elétrica. Basicamente, as pedaladas movem o volante do motor, que aciona um gerador e armazena a energia gerada em uma bateria.
O objetivo do empreendedor é distribuir cerca de 10 mil dessas bicicletas na Índia, onde o acesso a energia elétrica ainda é bastante limitado. “Se você tem isso [a bicicleta], você nunca fica sem energia. E você não emite nenhuma poluição“, explica Bhargava, que busca trabalhar em soluções para problemas como a falta de água potável e energia a fim de tornar o futuro mais brilhante para todos.


quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O que o design pode fazer pela natureza e pela água?







Desde que nos desenvolvemos enquanto espécie, o homem e seus ancestrais se apropriaram da natureza para sobreviver e suprir suas necessidades. A interferência humana na natureza, seja positiva ou negativamente, sempre esteve presente, porém, ainda assim, não somos capazes de controla-la completamente.


Aquecimento global e desastres naturais, por exemplo, são situações inevitáveis, das quais só podemos tentar reduzir o impacto. Em São Paulo especificamente, passamos por uma crise hídrica decorrente da falta de chuva e má gestão dos nossos recursos. Saber lidar com essas situações é essencial para nossa sobrevivência.


Tracy Metz, convidada do What Design Can Do! São Paulo, discute principalmente a relação do homem com a água no ambiente urbano. O interesse pelo tema veio da sua própria história: a jornalista e apresentadora nasceu no deserto de Mojave, na Califórnia, e se mudou para Amsterdã, cidade com características totalmente opostas, repleta de canais. Metz é membro da Delta Commission, que aconselha o governo sobre as questões da água, e também apresenta o City Life, talkshow mensal que fala sobre a vida na cidade.


A Holanda possui uma característica um tanto peculiar e que possui grande influência no trabalho de Metz: boa parte de seu território se encontra abaixo do nível do mar. Ou seja, sua existência se deve basicamente pela intervenção do homem na natureza, através de diques que retém a água do mar. Por isso, o desenvolvimento de novas tecnologias referentes à água sempre foi presente nas pesquisas holandesas, e agora, com o aquecimento global e o consequente aumento no nível dos oceanos, esse desenvolvimento se torna mais necessário.


O grande desafio é entender como o design, bem como outras áreas, podem atuar de forma positiva para o meio ambiente. Daisy Ginsberg, que também estará no WDCD, investiga se a biologia poderá ser projetada e se o design poderá ser usado para questionar como devemos projetá-la. Ginsberg estudou arquitetura na Universidade de Cambridge, design na Universidade de Harvard e interações do design na Royal College of Art.


Seu trabalho mais recente, The Sixth Extinction, investiga o potencial impacto da biologia sintética na biodiversidade e conservação. O polêmico projeto envolve o design de organismos que ajudariam na conservação e “melhoria” da natureza, propondo novos espaços de atuação do design e trazendo questionamentos éticos e estéticos.


Designing for The Sixth Extinction (Daisy Ginsberg)


Designing for The Sixth Extinction (Daisy Ginsberg)


Koert Van Mensvoort, também um dos convidados do WDCD, trabalha com a interferência humana na natureza. O designer e filósofo defende que a natureza se transforma junto com a gente e que não estamos separados dela, mas sim que fazemos parte dela.

Van Mensvoort trabalha com o conceito filosófico de “next nature” (algo próximo a “próxima natureza”), uma natureza que é afetada e se desenvolve após a intervenção humana. Seu projeto Next Nature Network busca fornecer informações sobre natureza, sobre o equilíbrio desta com a tecnologia e, finalmente, salvar a espécie humana. Trata-se de uma enorme plataforma de pesquisa disponível online.





Projeto do Next Nature Network: Meat the Future


Cada região possui características e problemas específicos, porém o cuidado com o meio ambiente é uma responsabilidade e necessidade global, afinal, estamos todos juntos neste planeta! O Brasil tem uma biodiversidade incrível e ao mesmo enfrenta diversos problemas ambientais. Abordar essas questões de forma multidisciplinar, incluindo o design, pode ajudar a trazer novas visões e soluções para uma vida melhor e em harmonia com a natureza. O What Design Can Do! São Paulo trará diversos projetos nesse sentido e, quem sabe, dará um pontapé definitivo nessa discussão por aqui!

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Museu de arte do Rio promove Seminário sobre sustentabilidade, educação e arte





O Seminário que acontecerá entre 3 e 6 de dezembro visa refletir sobre questões ambientais e de sustentabilidade a partir das relações com processos educacionais e artísticos. A programação integra conferências e oficinas que abordarão temas como economia circular, reciclagem, arte e natureza.

Confira a programação completa:


Dia 03.12:

> Residência artística com Observatório-Móvel (UDESC)

O coletivo de artistas-pesquisadores Observatório-Móvel estará desenvolvendo, em colaboração com a Escola do Olhar, ações e intervenções envolvendo as atividades no MAR e o território onde o museu está inserido.

> Contação de Histórias - A Árvore de Tamoromu

A partir do tema da sustentabilidade e em comemoração ao Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, os educadores do MAR realizarão uma contação de história para ser apreendida pelos sentidos. A partir da lenda indígena da Árvore de Tamoromu, serão levantadas reflexões sobre a importância de cuidar e preservar a natureza. A atividade contará com interprete em Libras.
Horário: 11h e 15h
Dia 04.12:

> Residência artística com Observatório-Móvel (UDESC)

> CICLO DE CONFERÊNCIAS E DEBATES | Das 14h às 17h

14h > Sustentabilidade e economia circular
Julio Natalense (DOW), Tania Braga (Rio 2016) e José Miguel Casanova (UNAM-México)
Mediação: Leno Veras

15h30 > Circularidade: transformação por meio de processos artísticos e educacionais
Aline Mendes (Providência Sustentável), Observatório Móvel (coletivo de artistas UDESC) e Jovens Agentes Ambientais (Instituto Inhotim, Brumadinho).
Mediação: Karen Aquini (MAR)
Dia 05.12:

> Residência artística com Observatório-Móvel (UDESC)

> CICLO DE CONFERÊNCIAS E DEBATES | Das 10h às 12h30

10h > Processos colaborativos, economia circular e os desafios para a cidade
Luisa Santiago (Consultora internacional em estratégia e sustentabilidade) e Tomás de Lara (Sistema B)
Mediação: Janaina Melo (MAR)

11h30 > Conferência com Mariko Mori (FAOU Foundation)
Apresentação do projeto Arte e Natureza, que se desenvolverá em 2016 no Rio de Janeiro.

> 14h: Feira de Trocas com Vizinhos do MAR
Feira para promover o encontro e a troca, pensando no reaproveitamento e circularidade de itens que seriam descartados.

> 14h às 16h: Oficina Obsolescência Programada com educadores do MAR
Construção de esculturas com objetos já em desuso, pensando com as crianças sobre o consumo e o tempo de validade das coisas. Serão utilizados utensílios que se tornaram obsoletos por conta do avanço cada vez mais acelerado da tecnologia.
Dia 06.12:

> Residência artística com Observatório-Móvel (UDESC)

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Conferência da ONU tem como tema a industrialização sustentável e prosperidade compartilhada








A sessão da Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Onudi), que será realizada entre os dias 30 de novembro a 4 de dezembro na Áustria, tem o objetivo de discutir sobre a industrialização sustentável a fim de gerar prosperidade compartilhada, englobando um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O evento foca no ODS 9, que incentiva a construção de infraestrutura resiliente e a promoção de industrialização sustentável e inclusiva, além da adoção de inovações. A Conferência contará com a presença do presidente da Áustria, Heinz Fischer, os representantes dos Estados-membros da Onudi, além de Joseph Stiglitz, ganhador do Prêmio Nobel de economia.
De acordo com a ONU Brasil, o encontro servirá também como palco para o lançamento da principal publicação da Onudi, o relatório de desenvolvimento industrial 2016, que se centra nas condições requeridas para a transformação estrutural para promover um crescimento sustentável e inclusivo.
O papel das empresas na mitigação das mudanças climáticas também será abordado, com ênfase na redução de emissões de gases de efeito estufa e adoção de tecnologias mais limpas e eficientes.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Calculadora de pegada ecológica leva sustentabilidade para sala de aula


Por Maria Victória Oliveira para Porvir


Você sabe o que é o dia da Sobrecarga da Terra? A data, conhecida em inglês como Overshoot Day, marca quanto tempo a humanidade levou para gastar todos os recursos que o planeta pode regenerar no período de um ano. Em 2015, o dia da Sobrecarga foi 13 de agosto, o período mais curto desde 5 de outubro de 2000, quando a medição começou.

Para alertar sobre o problema, o Programa Água Brasil, uma parceria entre Banco do Brasil, Fundação Banco do Brasil, WWF-Brasil e Agência Nacional de Águas, criou uma calculadora que mede a pegada ecológica da população brasileira, como uma forma de melhorar ou introduzir o pensamento sobre educação ambiental. Para quem não sabe, o termo pegada ecológica significa a pressão do consumo da população mundial sobre os recursos naturais.

O uso da calculadora em escolas e universidades pode ajudar na conscientização sobre o consumo responsável. A parceria entre o MEC, a Unesco e a WWF introduz nas chamadas “escolas sustentáveis” a discussão sobre a pegada ecológica. “Nas escolas, tem toda uma perspectiva de hortas, viveiros, compostagem, captação de água de chuva, a elaboração de um telhado verde e muitas outras coisas”, ressalta Terezinha Martins, especialista em conservação do WWF-Brasil.

Segundo ela, hábitos cotidianos afetam diretamente o resultado final, o que ajuda a relacionar o dia a dia do aluno com o conteúdo visto em sala de aula. “No final da conta, a calculadora dá dicas para diminuir nosso consumo, mostrando que se mudarmos alguns hábitos, podemos impactar menos. O planeta tenta suprir nossas necessidades, mas não um consumismo desenfreado. Na verdade, a plataforma tenta mostrar que é possível viver dentro dos limites planetários”.

A calculadora foi criada inicialmente pela rede mundial de pegada ecológica, a Global Footprint Network (GFN). “Antes, nós usávamos a calculadora do GFN, com dados globais, para medir a nossa pegada. A ideia de desenvolver uma calculadora brasileira é útil para pensar nos nossos próprios hábitos de consumo. Trata-se de uma ferramenta de sensibilização, para que cada um faça o cálculo e pense se está consumindo dentro da capacidade do planeta ou extrapolando esse limite”.

A plataforma é dividida em seis categorias, as mesmas da versão global. Quando acessa, o usuário deve responder questões sobre alimentação, moradia, bens, serviço, tabaco e transporte. No quesito alimentação, por exemplo, a pessoa deve falar sobre sua dieta (se é vegana, vegetariana, onívora ou se tem predileção por carne vermelha). Já em bens, a calculadora questiona quanto o usuário costuma gastar em mobília, eletrônicos pessoais, roupas, produtos de limpeza, jornais, livros e revistas. “Você pode utilizar mais o transporte coletivo, andar de bike e dar carona a colegas de trabalho”, conclui.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

As empresas e a tentação de construir rapidamente uma falsa imagem ecológica.





Por Dario Menezes para Performance Sustentável


Casos recentes como da Volkswagen, tem contribuído para o amadurecimento do posicionamento das empresas sobre os desafios de ser uma empresa responsável. Como costumo dizer nas aulas e palestras não existe caminho fácil. Não existem atalhos para essa jornada. As pressões das empresas por resultados de curto prazo não podem se transformar em desculpas para uma comunicação indevida. Atalhos podem levar a emboscadas como a que estamos vendo.

De que adianta uma empresa investir rios de dinheiro para demonstrar-se como responsável com a produção de carros dotados da última tecnologia ambiental e depois percebermos que era tudo greenwashing? De que adiantou tudo isso senão funcionar como um bumerangue que fez a empresa perder uma parcela considerável da sua reputação medida em questões de dias em um decréscimo de 25 bilhões de euros no seu valor de mercado? De que adianta se posicionar como Think Blue e ter que fazer recall de 11 milhões de carros e pagar as pesadas multas da agência de proteção ambiental americana? Que nível de confiança ainda restará entre a empresa e os seus consumidores daqui para a frente? Para quem não tinha entendido ainda o valor da reputação, pergunte a Volkswagen.

Ser uma empresa global, referência em sustentabilidade no DJSI se mostrou vulnerável demais. Como costumam dizer, o papel aceita tudo. Precisamos de mais controles sobre as empresas e de mais transparência sobre como todas as coisas são feitas, seja um alimento e seu impacto sobre a saúde, uma roupa e a legitimidade da sua cadeia de valor, um brinquedo e a sua associação com petróleo ou até mesmo um carro possante.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A relevância do jornalismo socioambiental



Por Sônia Araripe para Envolverde Jornalismo & sustentabilidade

Os mais açodados têm alardeado que o jornalismo pode estar com os seus dias contados e que mídias seculares, como o rádio e o jornal impresso, correm o risco de simplesmente desaparecer. Os últimos informes realmente não são alvissareiros. Mas há, sim, registros firmes assegurando que as cassandras de plantão têm, felizmente, tudo para errar na previsão.

As inovações tecnológicas estão, sem dúvida, provocando uma verdadeira revolução na vida moderna e, consequentemente, na forma com que geramos e consumimos informação. Minha querida avó, Margarida d’ Oliveira – fã de todo tipo de livros, especialmente os de poesia e romance policial, tendo-se arriscado a produzir alguma de boa qualidade – jamais imaginaria, no início do Século 20, que um dia sua bisneta, minha filha, se tornaria uma qualificada jornalista de mídias digitais. A neta – no caso, esta que vos escreve – ainda pegou a transição do jornalismo analógico para digital. Comecei a trabalhar com máquinas de escrever pesadas e inesquecíveis. Meninos, é verdade, vi o nascer dos primeiros computadores, a chegada da Internet; as buscas eram feitas em bibliotecas e arquivos de jornais em papel escurecido.

Nem por isso, o meio jornal deixou de existir e muito menos a tradicional rádio. Os pessimistas de plantão se apressarão em dizer que conteúdo pode ser encontrado em gigabites nos mais diversos provedores nos mais diferenciados idiomas e dialetos. Pode ser. Mas o bom e velho Jornalismo continua o mesmo. O que apura, o que denuncia, descortina, faz serviço, informa e transforma. Mudam as formas, os meios, as tecnologias. Ficam os princípios.

D. Margarida não se acostumaria, sem dúvida, com o que ela sempre chamava de “modernidades”. Mas, uma mulher sempre à frente de seu tempo – que ficou viúva jovem e criou os três filhos homens com altivez e coragem – sempre soube reconhecer o valor do Jornallismo atual. Como nos ensinou o valor da cultura, dos livros, da mídia. Isso, ainda nos anos 60 e 70.

Teria orgulho da neta e da bisneta jornalistas, trabalhando incansavelmente para bem informar, formar, transformar. Bisavó e bisneta, infelizmente, não chegaram a se conhecer. D. Margarida faleceu quando eu ainda era adolescente, nem sei se cheguei a lhe falar do meu sonho acalantado de ser um dia jornalista. Sabia do gosto pelas letras, pela Literatura e Poesia, isso ela sempre soube.

Sem uma imprensa livre, ética e independente jamais teremos uma sociedade democrática de fato. A mídia socioambiental tem procurado fazer o seu trabalho de forma íntegra. Não tem sido fácil. Quem desejar empreender nesta área precisará perseverar. Dito isso, não quer dizer que logo eu – sempre tão otimista – vá desestimular quem assim deseje enveredar pelos caminhos desta vertente do Jornalismo. Vá em frente, estude, converse com quem entende da área, esteja nos lugares certos, prepare-se para atuar em rede.

É verdade. Poucas empresas e parceiros realmente reconhecem o valor da mídia socioambiental: formada por guerreiros que acordam cedo e dormem tarde em busca da melhor notícia, da foto mais apurada, da informação precisa. Sempre em prol do leitor, da sociedade, do compromisso com a transformação do modelo atual para a chamada economia de baixo carbono. Mas é possível sim achar grandes e verdadeiros parceiros.

Reitero – sem a mídia socioambiental, não teremos quem seja capaz de colocar o dedo na ferida quando necessário, de avançar na apuração, de traduzir o que parece inatingível para a maioria. Nas figuras de relevantes e leais colegas de trajetória, aqui representados pelos veteranos Washington Novaes, Vilmar Berna, Dal Marcondes, Lúcia Chayb e René Capriles, Paula Saldanha e Cláudio Savaget, o nosso compromisso com a causa. Não a nossa causa, mas sim a da mídia. A causa maior, por uma sociedade socioambientalmente mais justa e menos desigual. E que muitos, muitos outros, jovens aguerridos possam se juntar a nós nesta jornada. Não sucumbiremos. Somos sobreviventes e, estejam certos, viemos para perseverar.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Aumento do nível do mar coloca meio bilhão de pessoas em risco





Por Envolverde Jornalismo & Sustentabilidade

O Brasil tem 16 milhões de habitantes em áreas ameaçadas pela elevação do nível do mar causada pelo aquecimento global de 4 ° C. Se conseguirmos reduzir essa média para 2 ° C, o número de pessoas ameaçadas cai para 9 milhões.

Se prosseguirmos com os atuais níveis de emissão de carbono na atmosfera, teremos um aquecimento médio global de 4 ° C que tem potencial para elevar o nível do mar o suficiente para submergir terras que atualmente são o lar de 470 a 760 milhões de pessoas. Essas são as conclusões de um relatório emapas interativos publicados nesta segunda-feira (9) pelaClimate Central, o qual também aponta que a tendência de ascensão não poderá ser interrompida e se desdobrará ao longo dos séculos. O relatório mostra ainda que cortes agressivos nas emissões de carbono, resultando em 2 ° C de aquecimento, poderiam reduzir o número de pessoas atingidas para 130 milhões. A divulgação desse estudo coincide com o encontro de ministros de mais de 80 países em Paris para encontrar mais pontos em comum antes das negociações climáticas globais que ocorrerão em dezembro.

O relatório da Climate Central tem por base um documento focado nos EUA que foi publicado no mês passadoProceedings of the National Academy of Sciences of the U.S.A, de autoria dos cientistas da Climate Central Benjamin Strauss e Scott Kulp, e Anders Levermann do Potsdam Institute for Climate Impact Research. Para avaliar as implicações para todas as nações e cidades costeiras, a nova pesquisa utiliza relações entre o aquecimento causado pelas emissões de carbono, o nível de elevação no mar que essas emissões causam no longo prazo, e dados globais da população.

O relatório aponta que a China é a nação em maior risco, com 145 milhões de pessoas vivendo em áreas ameaçadas pela elevação dos mares se os níveis de emissões não forem reduzidos. Esse é também o país que tem mais a ganhar com a limitação do aquecimento global a 2° C, o que limitaria o número de pessoas afetadas a 64 milhões. Há outras 12 outras nações que têm, cada uma, mais de 10 milhões de pessoas vivendo em áreas de risco. Esse ranking é liderado por Índia, Bangladesh, Vietnã e Indonésia. Alcançar a meta de 2 ° C reduziria a exposição de mais de 10 milhões em cada um destes países, além de beneficiar a maioria dos outros países desse grupo de alto risco, o qual inclui Japão, EUA, Filipinas, Egito e Brasil.

O Brasil tem 16 milhões de habitantes em áreas ameaçadas pela elevação do nível do mar causada pelo aquecimento global de 4 ° C. Se conseguirmos reduzir essa média para 2 ° C, o número de pessoas ameaçadas cai para 9 milhões. O aumento do nível do mar que causará tais ameaças irá provavelmente e desdobrar ao longo de centenas de anos, mas as emissões de carbono responsáveis por isso são as que acontecerem neste século – e que podem levar a um caminho ou outro.

“Os riscos globais das mudanças climáticas são claros quando falamos do aumento do nível do mar”, disse Strauss, PhD, vice-presidente de Impactos Climáticos no Climate Central e principal autor do relatório. “O resultado das negociações climáticas em Paris pode nos levar à perda de inúmeras grandes cidades e monumentos costeiros em todo o mundo, à migração sem fim e à desestabilização, ou pode nos direcionar para uma maior preservação de nossa herança global e para um futuro mais estável “.

Levermann, co-presidente de Research Domain Sustainable Solutions do Instituto Potsdam Institute for Climate Impact Research da Alemanha, acrescentou, “Não há porque temer a elevação do nível dos oceanos porque ela é lenta, mas é algo com o qual temos que nos preocupar porque ela leva à ocupação da terra pelo mar, incluindo as cidades nas quais estamos construindo nossa futura herança.”

Megacidades globais com as 10 maiores populações em risco incluem Xangai, Hong Kong, Calcutá, Mumbai, Daca, Jacarta e Hanoi. O Rio de Janeiro tem 2,4 milhões em áreas de risco (0,24 por cento da população da grande área urbana) em um cenário de aquecimento global de 4 ° C, número que cai para 1,3 milhão no caso de 2 ° C de aquecimento. Projeções medianas da elevação do nível do mar desencadeadas pelo aquecimento global são 9,3 metros para 4 ° C e 4,9 metros para 2 ° C.

Em conjunto com o relatório, a Climate Central criou um mapa global interativo e incorporável chamado Escolhas Climáticas, ou Climate Choices.

Os usuários podem digitar o nome de qualquer cidade costeira ou código postal em todo o mundo e comparar as potenciais consequências de diferentes cenários de aquecimento ou de emissões em uma base local.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Brasil tem uma das melhores políticas de sustentabilidade



Por EFE para Exame.com


O Brasil está entre os países com exemplos mais destacados de políticas financeiras para estimular o desenvolvimento sustentável, segundo o relatório "O sistema financeiro que necessitamos", realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

O diretor-executivo do PNUMA, o brasileiro Achim Steiner, afirmou nesta sexta-feira à Agência Efe em Lima, no Peru, que o estudo verificou "uma notável quantidade de inovações financeiras focadas no desenvolvimento sustentável em mercados afastados dos tradicionais centros de finanças".

"Nas economias emergentes dos países em desenvolvimento, o mercado financeiro está mais alinhado com a economia real e é onde talvez as prioridades de desenvolvimento sustentável sejam mais óbvias", afirmou Steiner.

O relatório foi apresentado na quinta-feira em meio às reuniões anuais das juntas de governadores do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM), realizadas no Peru de 5 a 12 de outubro.

No caso do Brasil, foram introduzidos critérios de sustentabilidade na Bolsa de São Paulo como parte das melhorias de suas práticas de transparência.

Steiner destacou, além disso, a mudança conseguida pela economia brasileira para reduzir o desmatamento e não manter um modelo que fomentasse a destruição da Amazônia para um uso agrário.

O documento contém 14 recomendações para avanços em uma maior sintonia do sistema financeiro chinês com o desenvolvimento sustentável, por meio de informação e medidas legais, institucionais e fiscais.

"A China está fazendo um esforço significativo para criar mercados financeiros e de capital que possam desenvolver este tipo de finanças. O investimento do setor público chinês nesse aspecto excederá os US$ 3 bilhões anuais em seu próximo plano quinquenal", explicou Steiner.

Entre os países avançados, o relatório do PNUMA ressaltou os requisitos da legislação francesa sobre a mudança climática para os investidores institucionais e as medidas fiscais empreendidas pelos Estados Unidos para acelerar um financiamento de sua economia mais amigável com o meio ambiente.

As recomendações do relatório são melhorar as práticas do mercado com uma melhor informação, responsabilidades mais claras e melhores critérios produtivos, além de desenvolver incentivos fiscais e um papel mais preponderante dos bancos centrais e implementar empréstimos a setores prioritários, entre outros conselhos.

Steiner indicou que, em geral, começou a ser registrada "uma mudança no sistema financeiro mundial rumo a uma maior atenção às preocupações sobre a sustentabilidade da economia".

"Se não conseguirmos consolidar essa mudança, temos um problema, porque o sistema financeiro nos manterá rumo a uma direção que nos complica a resolução dos desafios atuais", disse Steiner.

O diretor-executivo do PNUMA opinou que os mercados de valores cada vez mais estão tentando criar mais transparência em relação a riscos ambientais porque estes "afetam realmente o potencial dos investimentos".