sexta-feira, 16 de março de 2012

Em Buenos Aires, brasileiros são presença constante

Por Folha.com

Muita gente pelo hemisfério Norte ainda acredita que Buenos Aires é a capital do Brasil. Desinformação à parte, um estrangeiro que reconheça a língua portuguesa pode ter a sensação de que Buenos Aires já integra o círculo cultural do Brasil, tamanha a quantidade de turistas brasileiros que perambulam pela metrópole.

A economia e o Mercosul ajudaram a criar uma intensa zona de aproximação entre os dois países, que, além de turística, é comercial, financeira e industrial.

O Brasil é o principal parceiro econômico argentino e o país de onde chegam mais turistas. A Argentina, por sua vez, é o terceiro principal parceiro econômico brasileiro, atrás dos EUA e da China.

Há também entre os dois países uma história política recente marcada por semelhanças, que vão do populismo de Getúlio Vargas (1882-1954), no Brasil, e de Juan Domingo Perón (1885-1974), na Argentina, ao período ditatorial em cujo auge, nas décadas de 1960 e 1970, os governos militares brasileiro e argentino, e, também, de outros países sul-americanos, parecem ter colaborado mutuamente na perseguição a opositores de esquerda.

Hoje, Buenos Aires pode parecer mais familiar a um viajante do Brasil do que se imagina. Graças ao real forte, ouve-se o português com sotaque brasileiro por toda a parte e, sobretudo, em lojas e shoppings, restaurantes, cafés e museus. Pode-se, eventualmente, ouvir até samba na feira dominical que avança pelo bairro de San Telmo ou no Caminito (colorido reduto no bairro La Boca).

Paris sul-americana?
A capital argentina parece retilínea e tem-se a impressão de que foi meticulosamente planejada, oferecendo ao visitante, de imediato, um convite ao flanar.

Ao descer no aeroporto de Ezeiza (cujos voos provenientes do Brasil são mais baratos do que aqueles que aterrissam no Aeroparque, mais próximo do centro), o viajante deve preparar-se para uma viagem pela espaçada região metropolitana. Se não quiser tomar um táxi ou um ônibus direto ao centro, uma dica é aventurar-se para chegar à cidade via Ezeiza, no ônibus número 8 ( 2 pesos, cerca de R$ 1), que leva ao centro).

Buenos Aires é uma cidade autônoma e, por isso, não integra a província homônima, cuja capital é La Plata, localizada nas proximidades.

O ônibus transporta todos os dias argentinos excluídos do conjunto de benesses. Mas seria Buenos Aires uma "Paris abaixo do Equador"?

Para a socióloga e escritora argentina Beatriz Sarlo, "em princípio, Buenos Aires não se parece com Paris". Em entrevista a esta Folha (caderno "Mais!", 7.jun.2009), ao lançar seu livro "La Ciudad Vista", Sarlo argumentava que a capital argentina "sempre foi uma mescla, uma mistura de cidades", e teve muitos modelos urbanos, entre os quais Paris, Barcelona e Nova York.

"Hoje é globalizada, pode estar olhando para qualquer metrópole globalizada, para São Paulo ou para qualquer outra onde estejam sendo construídos os arranha-céus mais altos do mundo."