segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Transmídia, um conceito cada vez mais aplicado



O conceito de narrativa transmídia está ligado ao fato de estarmos rodeados por telas, palcos e papéis, o que possibilita as tais multimaneiras de interagir com o público. Interatividade, relacionamento, comportamento social: tudo isso rima com internet. Mas não é só a rede que dá início aos múltiplos enredos em paralelo. Ela começa nos mais variados meios, até o mais analógico deles, o livro.

"Transmídia é a criação de inúmeras ferramentas de acesso e a geração de novos focos de interesse, que são os atuais movimentos da indústria de entretenimento e publicidade. Tudo isso é pensado em termos estratégicos: abordar conteúdos em diversas mídias, gerar interação e envolvimento, impactar o maior número de pessoas das mais variadas formas e com isso, obter o maior lucro possível." (Eliane Pereira, editora do jornal Meio & Mensagem)

Com a internet e a digitalização das mídias, essa narrativa que acontece em diferentes plataformas aos poucos vem deixando nichos e tomando conta do mercado de entretenimento. Sites, celulares, redes sociais, games, aplicativos e blogs – peças-chave da cultura digital – são hoje responsáveis por expandir universos criados em livros, filmes, histórias em quadrinhos e programas de TV. Mas eles vão além de simplesmente levar uma grife de entretenimento para outras plataformas. Interligando-se com o produto principal, eles criam tramas paralelas e ações fora da internet que expandem ainda mais a história central. Assim, cria-se um novo vínculo com o antigo leitor/espectador/ouvinte, agora convidado a participar da narrativa.

Mas isso não pressupõe produção de conteúdo ou aquela interatividade em que pode-se mudar o rumo da trama principal. O elemento participativo da narrativa transmídia reside no fato de que a história original pode ser ampliada à medida em que a experiência da mesma possa ser provada em diferentes meios – e isso não quer dizer que esses enredos paralelos tenham que se encontrar num ponto final.

A questão lucro é realmente relevante. Estratégias transmidiáticas são mais propícias a gerar dinheiro por causa da capilaridade de investimentos. A série de "TV Heroes", por exemplo, se desdobra numa HQ, num site e até num carro (o Nissan Versa foi lançado através do seriado), o que aumenta a participação do público como consumidor.

"Não considero de forma alguma a ideia de transmídia simples ‘estratégia marqueteira’. É uma rica abordagem de comunicação e entretenimento cuja lógica é a exploração plena das capacidades semióticas próprias que cada mídia apresenta", afirma o presidente da Agência Click, Abel Reis. "O que justifica a interligação das mídias é a oportunidade – e naturalmente o retorno esperado – de mobilizar a atenção e a emoção das pessoas. Afinal, nós humanos adoramos estórias bem contadas que de preferência agucem nossas fantasias."

Fontes: A Tribuna; Artigonal

Para saber mais:
Leia o livro "Cultura da convergência" de Henry Jenkins disponível para empréstimo na Biblioteca ESPM Rio.